Tá certo que já passamos da meia-noite, mas enquanto eu não dormir o dia não vira, essa é a grande regra do meu calendário. Aliás, duas coisas vieram à minha cabeça agorinha: primeira, a noite que virei acordado para terminar o roteiro de um programa de rádio; a segunda, o fato de que eu amanhã mostrarei para minha colega no LEAD os gráficos que fiz. Meio que uma redenção, isso, pois eu bem poderia enviar por e-mail direto para nossa orientadora. Acontece que eu preciso provar para ela que eu sou capaz de fazer os tais desenhos, já que sexta eu falhei miseravelmente nas minhas tentativas.
Daqui a pouco vou dormir, depois de mais um fim de semana totalmente inútil e jogado ao relento. Eu realmente preciso de algo para impulsionar meus dias, ou vou ficar me sentindo sempre como se minha vida fosse feita de domingos. Que irritante.
segunda-feira, junho 30, 2008
sábado, junho 28, 2008
Adobe
Yesterday I just freaked out... ok, it was a childish thing, but I really hate when I can't do something, and even more when I'm supposed to know how to do such thing.
It (didn't) happened at LEAD, or Eletronic Laboratory of Art and Design. There I was with a girl, and our task was simple: to recreate some graphics and to make a timeline. Just that simple, and who said I was able to do so? The fact that I claim myself a designer wanna-be just fell down when I noticed that I have none skill with a damn software different from InDesign. I felt terrible.So here I am. Probably this is just another promise I'll make to myself in order to calm down. Weird, there was a time when I could cheat me and I wouldn't care, why do I now? The promise: I will learn how to use the tools to do whatever I want to and I will be fucking GOOD at it.
And, by the way, my English is just horrible just now, it's time to find some way to improved it beyond reading and listening. Time do write and talk, people! So, don't fill ashemed if sometimes the post here be in other language. Any time soon it may be Frech as well ^^
It (didn't) happened at LEAD, or Eletronic Laboratory of Art and Design. There I was with a girl, and our task was simple: to recreate some graphics and to make a timeline. Just that simple, and who said I was able to do so? The fact that I claim myself a designer wanna-be just fell down when I noticed that I have none skill with a damn software different from InDesign. I felt terrible.So here I am. Probably this is just another promise I'll make to myself in order to calm down. Weird, there was a time when I could cheat me and I wouldn't care, why do I now? The promise: I will learn how to use the tools to do whatever I want to and I will be fucking GOOD at it.
And, by the way, my English is just horrible just now, it's time to find some way to improved it beyond reading and listening. Time do write and talk, people! So, don't fill ashemed if sometimes the post here be in other language. Any time soon it may be Frech as well ^^
Sábado de conteúdos questionáveis
Questionable Content é simplesmente meu melhor achado dos últimos tempos. Estou atualmente lendo o número 469, recém, falta quase mil para eu chegar até os capítulos atuais e daí para frente seguir acompanhando a história como qualquer mortal. Fico feliz que tenha tanto chão para percorrer antes de descansar.
A história é bem simples, acompanhando as andanças de um rapaz indie (Marten) mega tímido e fofinho, que de início faz amizade com uma garota indie (Faye) mega problemática e complexada, mas super divertida. Desde o início fica estabelecida uma relação platônica entre os dois, meio declarada e meio deixada de lado na espera de tempos melhores.
J. Jacques é o nome da criatura que assina a webcomic e, cá entre nós, ele conseguiu criar uma história muito interessante. Existe um crescimento na trama, capítulo após capítulo, e as mudanças vão acontecendo tão lentamente que, quando percebemos, nós já vimos muito mais do que estávamos esperando. Novos personagens são acrescentados à história e eles não se perdem, sendo razoavelmente diferentes entre si.
Porém, aí está o maior defeito na história, eu diria. Os personagens todos são super conhecedores de música alternativa, sabendo todos os cantores, cds e estilos. É provável que isso seja ranço meu com piadas que não entendo, mas ainda assim esse é um problema de estilo do autor: sempre que entram as piadas musicais os personagens ficam todos iguais.
Vale muito a pena acompanhar essa webcomic.
A história é bem simples, acompanhando as andanças de um rapaz indie (Marten) mega tímido e fofinho, que de início faz amizade com uma garota indie (Faye) mega problemática e complexada, mas super divertida. Desde o início fica estabelecida uma relação platônica entre os dois, meio declarada e meio deixada de lado na espera de tempos melhores.
J. Jacques é o nome da criatura que assina a webcomic e, cá entre nós, ele conseguiu criar uma história muito interessante. Existe um crescimento na trama, capítulo após capítulo, e as mudanças vão acontecendo tão lentamente que, quando percebemos, nós já vimos muito mais do que estávamos esperando. Novos personagens são acrescentados à história e eles não se perdem, sendo razoavelmente diferentes entre si.
Porém, aí está o maior defeito na história, eu diria. Os personagens todos são super conhecedores de música alternativa, sabendo todos os cantores, cds e estilos. É provável que isso seja ranço meu com piadas que não entendo, mas ainda assim esse é um problema de estilo do autor: sempre que entram as piadas musicais os personagens ficam todos iguais.
Vale muito a pena acompanhar essa webcomic.
sexta-feira, junho 27, 2008
Fazendo a diferença
Alterei pela segunda vez as minhas configurações aqui da Raposa Antropomórfica. Os raros e empoeirados visitantes habituais poderão notar que existem algumas coisinhas novas no ar: uma pequena lista dos sites que visito diariamente, uma imagem aqui e ali, uma descriçãozinha, e pretendo ir acrescentando mais frescuradas conforme eu tiver tempo e vontade para fazê-las.
Por que fazer isso?
A idéia inicial era abandonar o Blogger e avançar para o Wordpress, que me oferece alguns templates que eu achava mais bonitos. Ocorre que algumas mudanças foram feitas no próprio Blogger, e portanto não preciso mais mudar de casa.
O segundo motivo é editorial: a Raposa Antropomórfica agora tornou-se Raposa Antropomórfica, uma diferença pequena, porém sutil. Não digo que escreverei sobre tudo que tenho vontade, pois esse tipo de liberdade ainda demanda muita decisão. Um exemplo dessa resistência são os meus links: não estão ali todos os que visito diariamente, ainda existem os "proibidos". Estes aguardarão um momento mais oportuno.
* * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * *
Continuo na minha busca por um futuro. A questão que ainda martela meus pensamentos é a respeito do fim da faculdade: para onde irei? Especialização ou mestrado? Tento algo aqui no Brasil ou jogo minha mochila nas costas e procuro o exterior?
Todas as possibilidades esbarram na mesma questão fundamental, que é o medo de que não dê certo. Esse pavor eu bem sei não ser necessário, afinal de contas as coisas poderão não dar certo mesmo que eu não tenha medo, e tê-lo também não altera minhas chances. Ainda assim, é parte da minha personalidade a dificuldade em aceitar e abraçar mudanças, não importa o quanto eu as esteja desejando.
Se me perguntarem, negarei para todo o sempre. Se deixarem, talvez eu continuasse na graduação para todo o sempre. É, para todo o sempre.
* * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * *
Eu queria colocar mais uma foto aqui, mas não tenho nada para acrescentar agora. Nada em particular, pelo menos, então terminarei com texto e mais texto. Fica a promessa de andanças pelo mundo com a máquina de fotografar embaixo do braço, e a tentativa de uma vida mais feliz nas páginas virtuais de um novo blog, ainda que o mesmo.
^^
Por que fazer isso?
A idéia inicial era abandonar o Blogger e avançar para o Wordpress, que me oferece alguns templates que eu achava mais bonitos. Ocorre que algumas mudanças foram feitas no próprio Blogger, e portanto não preciso mais mudar de casa.
O segundo motivo é editorial: a Raposa Antropomórfica agora tornou-se Raposa Antropomórfica, uma diferença pequena, porém sutil. Não digo que escreverei sobre tudo que tenho vontade, pois esse tipo de liberdade ainda demanda muita decisão. Um exemplo dessa resistência são os meus links: não estão ali todos os que visito diariamente, ainda existem os "proibidos". Estes aguardarão um momento mais oportuno.
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Continuo na minha busca por um futuro. A questão que ainda martela meus pensamentos é a respeito do fim da faculdade: para onde irei? Especialização ou mestrado? Tento algo aqui no Brasil ou jogo minha mochila nas costas e procuro o exterior?
Todas as possibilidades esbarram na mesma questão fundamental, que é o medo de que não dê certo. Esse pavor eu bem sei não ser necessário, afinal de contas as coisas poderão não dar certo mesmo que eu não tenha medo, e tê-lo também não altera minhas chances. Ainda assim, é parte da minha personalidade a dificuldade em aceitar e abraçar mudanças, não importa o quanto eu as esteja desejando.
Se me perguntarem, negarei para todo o sempre. Se deixarem, talvez eu continuasse na graduação para todo o sempre. É, para todo o sempre.
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Eu queria colocar mais uma foto aqui, mas não tenho nada para acrescentar agora. Nada em particular, pelo menos, então terminarei com texto e mais texto. Fica a promessa de andanças pelo mundo com a máquina de fotografar embaixo do braço, e a tentativa de uma vida mais feliz nas páginas virtuais de um novo blog, ainda que o mesmo.
^^
terça-feira, junho 24, 2008
Aperto no coração
Meu humor não está muito estável, hoje. Enquanto próximo de pessoas animadas, meu dia estava garantido e minha vida parecia bem colorida. Os momentos de solidão, porém, lembravam o forte azul que tingia tudinho. Ainda tinge, aliás.
Acabei de reler, por alto, um livro que fiz no primeiro semestre da faculdade. Os sonhos, as expectativas e várias características que eu já sabia de mim, várias tantas que eu recusava conhecimento a mim mesmo. A vontade que deu foi de jogar a mim mesmo na parede. Tantos cortes no coraçãozinho que ainda persistem no mesmíssimo lugar.
Achei essa figura quando procurei por "feeling blue" no Google Imagens. Tenho certeza que ela pertence a alguém, mas não estou realmente preocupado: ela demonstra razoavelmente bem a idéia que está martelando minha cabeça neste momento.
Sigur Ros tá embalando minha tristeza com uma calma e cuidado que sou obrigado a agradecer.
Todo esse azul tem explicação: medo.
Essa sensação maldita que me acompanha e me nivela há tanto tempo. Já estou acostumado com ela, e ainda assim continuo dando de ombros por não saber o que fazer para deixá-la passar e viver livre. A raposa é só uma criação triste e enfraquecida de uma mente brilhante que precisa de uma saída mágica para os próprios problemas. Ela não existe, ou se existe está hibernada tão profundamente que só retornará depois que a próxima Era Glacial terminar.
É impossível sonhar se não se permite voar.
Acabei de reler, por alto, um livro que fiz no primeiro semestre da faculdade. Os sonhos, as expectativas e várias características que eu já sabia de mim, várias tantas que eu recusava conhecimento a mim mesmo. A vontade que deu foi de jogar a mim mesmo na parede. Tantos cortes no coraçãozinho que ainda persistem no mesmíssimo lugar.
Achei essa figura quando procurei por "feeling blue" no Google Imagens. Tenho certeza que ela pertence a alguém, mas não estou realmente preocupado: ela demonstra razoavelmente bem a idéia que está martelando minha cabeça neste momento.
Sigur Ros tá embalando minha tristeza com uma calma e cuidado que sou obrigado a agradecer.
Todo esse azul tem explicação: medo.
Essa sensação maldita que me acompanha e me nivela há tanto tempo. Já estou acostumado com ela, e ainda assim continuo dando de ombros por não saber o que fazer para deixá-la passar e viver livre. A raposa é só uma criação triste e enfraquecida de uma mente brilhante que precisa de uma saída mágica para os próprios problemas. Ela não existe, ou se existe está hibernada tão profundamente que só retornará depois que a próxima Era Glacial terminar.
É impossível sonhar se não se permite voar.
segunda-feira, junho 23, 2008
Personagens
Eu queria assumir o texto da minha vida por um ano. Todas as mudanças que eu faria no personagem principal já seriam suficientes para garantir que os caminhos estivessem para sempre mudados e que as histórias seguissem eternamente por vias melhores.
Ser outra pessoa.
É a velha idéia da raposa e do canceriano, duas metades que formam um trio ^^. Já expliquei aqui outras vezes, e faz tanto tempo que não penso nessa metáfora que talvez agora eu me perca, mas vamos a ela de novo...
Existe uma criatura no meio de muitas personalidades. Como em todo paradigma, há regras que mantêm o todo coeso. Numa ponta dessa pessoa habita o canceriano, eterno tristonho e choroso, incapaz de decidir seu futuro. Na outra, a raposa, personificação da atitude e da malícia, esperando a chance de sair do casulo sempre fechado com força.
Eu cultuo a raposa porque ela tem energia para fazer as coisas que o canceriano apenas imagina. Eu amo o canceriano porque ele freia a raposa com uma imensa racionalidade. Curioso que a metade racional seja a causadora de maiores emoções, e a emocional a que se prenda em tantos raciocínios.
Ser outra pessoa.
É a velha idéia da raposa e do canceriano, duas metades que formam um trio ^^. Já expliquei aqui outras vezes, e faz tanto tempo que não penso nessa metáfora que talvez agora eu me perca, mas vamos a ela de novo...
Existe uma criatura no meio de muitas personalidades. Como em todo paradigma, há regras que mantêm o todo coeso. Numa ponta dessa pessoa habita o canceriano, eterno tristonho e choroso, incapaz de decidir seu futuro. Na outra, a raposa, personificação da atitude e da malícia, esperando a chance de sair do casulo sempre fechado com força.
Eu cultuo a raposa porque ela tem energia para fazer as coisas que o canceriano apenas imagina. Eu amo o canceriano porque ele freia a raposa com uma imensa racionalidade. Curioso que a metade racional seja a causadora de maiores emoções, e a emocional a que se prenda em tantos raciocínios.
quinta-feira, junho 19, 2008
Pensar com tipos
Que livrinho bom! Muita coisa interessante sobre tipografia e, principalmente, sobre programação visual (design gráfico). Devorei esse livro em poucas sentadas, mas ele já entrou para a lista dos itens a serem comprados.
O final é especialmente denso, cheio de dicas e idéias bem estimulantes. Várias idéias para as páginas de livros que tenho editorado estão povoando minha cabeça, agora, depois de ter lido essa preciosidade.
Pensar com tipos – Ellen Luptor
tradução: André Stolarski;
adaptação: André Stolarski e Flávia Castanheira
O final é especialmente denso, cheio de dicas e idéias bem estimulantes. Várias idéias para as páginas de livros que tenho editorado estão povoando minha cabeça, agora, depois de ter lido essa preciosidade.
Pensar com tipos – Ellen Luptor
tradução: André Stolarski;
adaptação: André Stolarski e Flávia Castanheira
segunda-feira, junho 16, 2008
Quase um mês
Estou me superando nessa brincadeira de não escrever muito por estas bandas. Isso é meio triste, na realidade, porque muito me agrada digitar aqui e colocar no mundo algumas considerações bobinhas sobre a vida.
Primeira consideração bobinha sobre a vida
Quanta gente existe por aí que eu conheço, converso há anos e ainda assim não sei nem um pedacinho da vida delas? Colegas, vizinhos, pessoas de convivência freqüente, são bem poucos os que eu realmente posso dizer que sei alguma coisa. Na maioria dos casos eu nem sei o básico, se a pessoa está namorando com alguém, onde ela está trabalhando, se está contente com o futuro e se gosta de sorvete de uva.
Minha impressão inicial seria dizer que no colégio esse tipo de conhecimento era mais fácil, tanto por as pessoas serem menos complicadas (ou no mínimo menos vividas), quanto por eu ser menos cheio de espaços diferentes dentro da mesma vida. Defenestro essa idéia já agora, pra não perder muito tempo nesse raciocínio: eu pouco sabia sobre as pessoas naqueles tempos, e nem tanto por desinteresse ou inabilidade social.
Eu gostaria muito de saber muito sobre quem eu gosto. Infelizmente, se eu quisesse conhecer bem a todas as pessoas que julgo pelo menos interessantes, minha vida seria feita de ler umas biografias e acompanhar outras enquanto são escritas. Pena que não posso.
Segunda consideração bobinha sobre a vida
Amor é uma coisa realmente complicada. Nos tempos em que eu acreditava que viveria sozinho pra sempre, óh adolescente em crise de auto-estima, nada parecia servir como um futuro agradável ou, sequer, possível. Não imagino que fosse exclusividade minha, o que até tira um pouco do gosto de reclamar, mas eu realmente era bom em não gostar de mim.
Lembro que no primeiro ano estava eu sentado numa grande escadaria que existe lá no colégio. Um lugar quieto, afastado do movimento principal de alunos correndo de um lado para o outro. Enquanto eu descia, determinado a passar mais um recreio isolado no meu casulo, passei por uma menina que já estava sentada. Tudo bem, escada grande o suficiente para dois, desci alguns lances e fui me sentar lá embaixo. Ela puxou conversa, lembro que falou qualquer coisa sobre não conseguir ver alguém sentando sozinho como eu estava e deixar passar. Ela tinha o mesmo sentido de perdição que eu, pelo menos lá no início do ano. Passei alguns tempos conversando com ela nos recreios, ela estava na oitava série, se não me engano. A impressão que eu tinha era que ela era mais velha. Não importa. Depois de algum tempo passamos a nos falar menos, talvez porque eu não fosse uma boa companhia de acordo com a opinião das amigas. Não importa.
Amar é uma coisa engraçada. Eu sei o que é ser feliz, o que é me sentir querido e desejado, o que é querer e desejar. Trata-se de uma sensação muito gostosa, que me é suficiente para viver meses sem preocupações não-fundamentais (fome, sede, banheiro). Minha vida era incompleta enquanto eu não sabia o que era amar e ser amado (os dois ao mesmo tempo, por favor!). Hoje eu posso dizer que sei o que é isso e que não gosto da idéia de viver sem essa sensação.
Terceira consideração bobinha sobre a vida
Não sei se estou feliz com minha vida nesse exato momento. Enxergo alguns problemas, como o fato de eu não ser rico e de o dia não ter trinta e seis horas, ou de eu não conseguir me teletransportar ou ler o pensamento das outras pessoas, mas isso tudo é o de menos.
Alguns meses atrás eu tinha certeza que estava contente com os rumos da minha vida, apesar de qualquer coisa. Agora não. Estou incomodado de estar no mesmo lugar há tanto tempo, de não ser quem eu gostaria de ser. "Ah, seja" dirão os filósofos. Quisera fosse tão simples. Eu tenho um comportamento padrão nesse sentido, chega a ser engraçado. Fico esperando um determinado acontecimento ocorrer, dizendo para mim mesmo que daquele momento em diante eu serei uma outra pessoa, que tudo será feito diferente. Óbvia ilusão, o instante vem e vai e continuo parado com o sorvete derretendo na mão.
Nesse momento diversas imagens atravessam minha memória. Será que todas as memórias são feitas de momentos não-completados? Possibilidades jogadas ao vento do passado que, certamente, nunca sopra de novo? Odeio saber que eu sou aquela pessoa que fica parada enquanto seu amigo está para levar um soco, simplesmente por não saber o que fazer. Detesto ser a criatura que olha nos olhos, vira e foge.
Quarta consideração bobinha sobre a vida
Sim, eu queria voltar no tempo e ir arrumando erro por erro. Só que simplesmente voltar e ser o mesmo não serviria de nada, então meu desejo provavelmente seria nascer de novo com um pouco mais de inconseqüência e um pouco menos de ponderação.
Sou inteligente demais, para o meu próprio mal.
Primeira consideração bobinha sobre a vida
Quanta gente existe por aí que eu conheço, converso há anos e ainda assim não sei nem um pedacinho da vida delas? Colegas, vizinhos, pessoas de convivência freqüente, são bem poucos os que eu realmente posso dizer que sei alguma coisa. Na maioria dos casos eu nem sei o básico, se a pessoa está namorando com alguém, onde ela está trabalhando, se está contente com o futuro e se gosta de sorvete de uva.
Minha impressão inicial seria dizer que no colégio esse tipo de conhecimento era mais fácil, tanto por as pessoas serem menos complicadas (ou no mínimo menos vividas), quanto por eu ser menos cheio de espaços diferentes dentro da mesma vida. Defenestro essa idéia já agora, pra não perder muito tempo nesse raciocínio: eu pouco sabia sobre as pessoas naqueles tempos, e nem tanto por desinteresse ou inabilidade social.
Eu gostaria muito de saber muito sobre quem eu gosto. Infelizmente, se eu quisesse conhecer bem a todas as pessoas que julgo pelo menos interessantes, minha vida seria feita de ler umas biografias e acompanhar outras enquanto são escritas. Pena que não posso.
Segunda consideração bobinha sobre a vida
Amor é uma coisa realmente complicada. Nos tempos em que eu acreditava que viveria sozinho pra sempre, óh adolescente em crise de auto-estima, nada parecia servir como um futuro agradável ou, sequer, possível. Não imagino que fosse exclusividade minha, o que até tira um pouco do gosto de reclamar, mas eu realmente era bom em não gostar de mim.
Lembro que no primeiro ano estava eu sentado numa grande escadaria que existe lá no colégio. Um lugar quieto, afastado do movimento principal de alunos correndo de um lado para o outro. Enquanto eu descia, determinado a passar mais um recreio isolado no meu casulo, passei por uma menina que já estava sentada. Tudo bem, escada grande o suficiente para dois, desci alguns lances e fui me sentar lá embaixo. Ela puxou conversa, lembro que falou qualquer coisa sobre não conseguir ver alguém sentando sozinho como eu estava e deixar passar. Ela tinha o mesmo sentido de perdição que eu, pelo menos lá no início do ano. Passei alguns tempos conversando com ela nos recreios, ela estava na oitava série, se não me engano. A impressão que eu tinha era que ela era mais velha. Não importa. Depois de algum tempo passamos a nos falar menos, talvez porque eu não fosse uma boa companhia de acordo com a opinião das amigas. Não importa.
Amar é uma coisa engraçada. Eu sei o que é ser feliz, o que é me sentir querido e desejado, o que é querer e desejar. Trata-se de uma sensação muito gostosa, que me é suficiente para viver meses sem preocupações não-fundamentais (fome, sede, banheiro). Minha vida era incompleta enquanto eu não sabia o que era amar e ser amado (os dois ao mesmo tempo, por favor!). Hoje eu posso dizer que sei o que é isso e que não gosto da idéia de viver sem essa sensação.
Terceira consideração bobinha sobre a vida
Não sei se estou feliz com minha vida nesse exato momento. Enxergo alguns problemas, como o fato de eu não ser rico e de o dia não ter trinta e seis horas, ou de eu não conseguir me teletransportar ou ler o pensamento das outras pessoas, mas isso tudo é o de menos.
Alguns meses atrás eu tinha certeza que estava contente com os rumos da minha vida, apesar de qualquer coisa. Agora não. Estou incomodado de estar no mesmo lugar há tanto tempo, de não ser quem eu gostaria de ser. "Ah, seja" dirão os filósofos. Quisera fosse tão simples. Eu tenho um comportamento padrão nesse sentido, chega a ser engraçado. Fico esperando um determinado acontecimento ocorrer, dizendo para mim mesmo que daquele momento em diante eu serei uma outra pessoa, que tudo será feito diferente. Óbvia ilusão, o instante vem e vai e continuo parado com o sorvete derretendo na mão.
Nesse momento diversas imagens atravessam minha memória. Será que todas as memórias são feitas de momentos não-completados? Possibilidades jogadas ao vento do passado que, certamente, nunca sopra de novo? Odeio saber que eu sou aquela pessoa que fica parada enquanto seu amigo está para levar um soco, simplesmente por não saber o que fazer. Detesto ser a criatura que olha nos olhos, vira e foge.
Quarta consideração bobinha sobre a vida
Sim, eu queria voltar no tempo e ir arrumando erro por erro. Só que simplesmente voltar e ser o mesmo não serviria de nada, então meu desejo provavelmente seria nascer de novo com um pouco mais de inconseqüência e um pouco menos de ponderação.
Sou inteligente demais, para o meu próprio mal.
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