sábado, setembro 27, 2008

Conhecimento

O tempo passa e a vida nos ensina que ainda ontem estivemos errados. Talvez esse seja o ciclo inacabável do viver: acreditar em algo, ver-se errado, acreditar em algo diferente (maior, em teoria, pelo novo conhecimento adquirido), ver-se errado novamente, acreditar em algo diferente novo, ver-se errado novamente ainda outra vez, seguir acreditando.

Por muitos anos (ok, respeitemos o fato de que eu tenho apenas 22 para contar) defendi ser perda de tempo decorar datas, nomes e lugares. Foquei meu raciocínio sempre no relativismo, sempre fugindo do mundo concreto. Não duvidava que isso me afastasse da realidade, mas achava que não precisaria saber o mundo para escrevê-lo em prosa.
Pensava, contente, que a inteligência seria capaz de suprir minhas dificuldades. Em grande parte ela é, mas recentemente notei algo: me falta repertório. Não apenas saber datas e nomes, mas também origens e trajetórias. Uma coisa é saber o que é um livro, outra bem diferente é saber pq nós lemos livros e não pergaminhos ou pedras. Exemplo idiota, sim eu sei.

Decorre desta constatação (e a obviedade dela me assusta profundamente, já que eu ainda não a havia enxergado) a importância do ensino na vida das pessoas. Talvez se alguém, no passado, tivesse me dito: "sem repertório, teu raciocínio fica viciado", hoje eu seria uma pessoa mais culta. Fico feliz que eu tenha aprendido isso agora, na graduação, ao invés de nunca ou de daqui quarenta anos. Seria possível. Preferiria que tivessem me aberto os olhos quando criança, é claro.

A minha pergunta sobre a importância da pesquisa em ciências humanas finalmente está respondida. Eu conseguia compreender as razões da medicina e da engenharia continuarem avançando, mas nunca enxergava por que a literatura, as artes e a sociologia deveriam ser estudadas.
Agora eu sei. O conhecimento se constrói através do estudo e nossa inteligência cria a nossa realidade conforme as ferramentas que temos disponíveis.
O cruel da vida é que o conhecimento não faz falta. Não podemos procurar por algo que não sabemos que existe. Podemos questionar a existência, mas para isso precisa haver a crença inicial de que há mais do que sabemos. E, para isso, precisamos saber que não conhecemos alguma coisa. A ignorância se completa em si mesma: ela é suficiente para passar pela vida.

Aprender é o segredo.

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