terça-feira, outubro 12, 2010

Relacionamentos

Hoje foi ao bosque dos buritis pensar sobre a vida, depois de ter dormido das 9h às 17h. Estava meio descornado, meio solitário, essa sensação constante em uma pessoa que abandonou sua cidade natal para desbravar um lugar desconhecido. Certo, o discurso de "coitado, ele está sozinho" já está caducando, pois já são sete meses aqui. Azar, sou meio tartaruga pra construir relações.

Então estava lá eu observando o dia virar noite, o jato d'água cruzar o céu e as pessoas caminhando com seus cachorros, quando fui encontrado por um menino que me conhece. Ele estava acompanhado de duas meninas, e acabamos sentando na grama para conversar. Eu, muito quieto, muito ensimesmado, fiquei mais ouvindo. Depois de algum tempo, percebi que tinha ali três pessoas com questões de relacionamento muito curiosas. Uma das meninas, não entendi direito, havia traído e sido traída e queria a namorada de volta. A outra estava feliz e amando, mas sua respectiva mora longe, então elas não conseguem se ver direito. E o moço, que já me conhecia, traiu o namorado no dia anterior, "quando haviam brigado", mas diz que gosta dele e quer ele de volta e tal. Foi mais ou menos depois de ter entendido tudo isso que comecei a participar da conversa.

Em primeiro lugar, o menino não falou bem do namorado nenhuma vez. Não consigo imaginar alguém que se entregue a um relacionamento monogâmico e só tenha a falar mal de seu digníssimo. Onde fica a felicidade, o gostar, aquele sabor adocicado que caracteriza os romances? Sou dos que pensam que, se não há mais muito mais de bom, deve-se mesmo terminar. Caso ainda haja, a tendência é transparecer. Não?

Depois disso, tem a questão do relacionamento. Eu sou o último a defender namoros, relações um a um, fidelidade e tudo mais. Creio que sentimento não é algo que possa ser reduzido a duas pessoas e, pensando sempre para o futuro, acredito que a vontade de ficar com outras pessoas, de ter outras experiências, tende a aparecer. Não acredito que o quanto você se sacrifica por uma pessoa seja a medida do gostar. Decidi, já tem algum tempo, que só me relacionarei com exclusividade no dia em que olhar para a pessoa e acreditar que será pra sempre, que ela poderá me completar intensamente por um tempo além do que eu consiga conceber.


Aproveitando o gancho, outro tema que apareceu na conversa hoje foi o que seria gostar de alguém. Pra mim isso é bastante claro ou, no mínimo, perceptível. Quando estamos dispostos a dividir aquilo que temos de mais precioso e limitado, nosso tempo, é porque gostamos de alguém (ou somos bobos e não sabemos gerenciar a vida que temos). Não creio que haja qualquer coisa mais bonita do que querer compartilhar momentos, viver junto, oferecer um pedaço de sua vida para uma outra criatura.
A parte triste dessa coisa toda é que nem sempre as pessoas com as quais queremos dividir o nosso tempo querem nos oferecer o delas. Esse, aliás, deve ser o desencontro mais comum da humanidade.

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