Eu ia dizer, "em nossa defesa", que nem estávamos de mãos dadas nem nada, mas aí a gente para pra pensar: como assim, "nem estávamos"? Que estivéssemos trepando no meio de uma praça pública (tem quem faça na Holanda), que problema existe? Aí tu começa a viver e corre o risco de, num momento de distração, levar uma pedrada e morrer simplesmente porque a pessoa do outro lado da rua é um depósito de ódio gratuito contra os seres vivos? Que porcaria de humanidade é essa?
Nunca tinha visto tão de perto um caso de homofobia, e muito menos comigo. Não tanto por discrição, creio que mais por sorte, mesmo. Vim para Goiânia pra viver como eu acho que é certo, e isso inclui andar abraçado com as pessoas que eu gosto, esteja eu ficando com elas ou não. Absolutamente ninguém tem que ter algo a dizer sobre minhas práticas sexuais, afetivas e intelectuais. A partir de que momento os outros ganharam direito de apontar dedos para mim e dizer se estou certo ou errado? E mais que isso, desde quando ganharam o poder de apedrejar os que consideram errados?
Só consigo encontrar uma resposta para a origem do preconceito: falta de cérebro. Qualquer criatura inteligente tende a ser livre de radicalismos bizarros.
Enfim, as pedras passaram nos nossos pés, não chegamos a nos machucar. Ligamos pra polícia e os meninos saíram correndo. Sentimos medo, uma pedrada jogada com mais precisão poderia muito bem ter matado eu ou ele. Simples assim, uma vida cheia de possibilidades poderia ter sido encerrada por causa de um idiota sem noção. Ou três, anyway. Como a gente fica, agora? Trancado em casa com medo de sair?
Acho que começo a encontrar um norte para minha vida de pesquisador e professor.
Um comentário:
muito triste :( boa sorte na casa nova! :)
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