Agora mesmo, um exemplo tolo, mas significativo: cheguei em casa e não entrei no quarto para não acordar meu colega, que dormia bem feliz no colchão dele. Civilidade, nada mais simples. Só que eu queria ler, ou organizar minhas coisas, ou ouvir música, ou sentar na cama e estudar, ou qualquer outra coisa que não me confinasse à sala da casa com o notebook que não pretendia usar por muito tempo.
Privacidade? Nem sei mais o que é isso.
Hoje me lembrei que devo escrever mais aqui, colocar meu intelecto para não apenas relatar o que me acontece, mas também processar o que existe ao meu redor. Toda essa situação me fortalece as questões discutidas na aula de hoje de Teorias da Imagem e da Cultura Visual: o tempo é absurdamente relativo, dependendo de como se olha para ele. Eu estou sentindo que ele passa de arrasto, vagaroso, irritante. Talvez depois de um mês, quando nada mais for novidade e eu já estiver bem ajeitado, ele volte a correr como corria em Porto Alegre. Outra coisa que acho divertida é a comparação de juventude. Em Porto Alegre eu costumava ser sempre o mais velho nos grupos de trabalho, aqui sou de novo o mais moço. Aqui ter 23 anos no mestrado é uma conquista, e a média das pessoas está acima dos 25.
Sinto-me ao mesmo tempo um afortunado e uma pessoa com muito a provar.
Quanto tempo vou ficar esperando que o mundo se conforme às minhas expectativas para que eu comece a produzir e a fazer valer a confiança depositada em mim? Minha entrada no mestrado não foi exatamente triunfal, como pude descobrir. Fui aceito pela minha atual orientadora pela falta de disponibilidade da pessoa que eu queria (e que, aparentemente, me queria também).
Difícil saber onde me situar, tanto no espaço quanto no tempo, se tudo é caos. Um mínimo de ordem é necessário.
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