Eu não posso escrever aqui na Raposa tudo o que penso. Parte do que penso é sobre pessoas, pessoas que me leem. Parte do que penso não é social, é intenso e até violento. Juntamente com o número crescente de leitores, veio também a necessidade de pensar duas vezes antes de falar de mim. Eu não vivo sozinho, eu não existo sozinho, falar de mim também é falar do outro. Essa é a razão pela qual tenho repensado a Raposa Antropomórfica e também pela qual tenho pensado em fazer terapia. Percebi que os espaços de liberdade são tão raros que os quero mais, talvez não tanto para pensar a mim, mas para ser livre.
Sobre isso, tenho refletido sobre como a Raposa, essa minha companheira de sete anos, pode me acompanhar. Creio que para que nós dois possamos continuar caminhando juntos, o objetivo das nossas conversas terá que mudar. Falar de mim já não é o bastante, não é interessante o suficiente, não é importante que baste. Principalmente, não é livre de coerções. Não, ninguém me pede para não escrever sobre tópico algum. A questão é mais minha, mesmo: eu não quero que as pessoas saibam tudo que eu penso, não quero mesmo.
Acostumei-me, com o tempo, a guardar para mim o que pode machucar, perturbar, romper.
É por isso que a Raposa vai parar de falar sobre mim, ao menos diretamente. A única coisa que falta, agora, é saber o que virá dessa mudança. Até aqui fui escritor e leitor. Quem será, daqui para a frente, meu leitor imaginado? Com quem eu posso ser fielmente sincero?
Um comentário:
Mas olha que discussão mais antiga e interessante!
E agora, José?
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