Terminei hoje de ler o que comecei ontem. Mergulhei com toda minha concentração nesse livro, e achei simplesmente magnífico. A terceira pessoa, a intimidade, o olhar da protagonista ditando o meu próprio e, ainda assim, a presença de um narrador. A construção da tristeza, depois do ódio, a certeza da vingança, a loucura da infância, o vôo da borboleta.
Reconheci, na Virgínia, o eu que vivia com a idade dela. Perguntas demais, ódios e vinganças demais, tudo isso jogado numa caixinha no fundo das memórias. Ler esse livro trouxe tudo de volta, embora continue sem trazer as respostas que eu desejo. O que mais eu desejo?
Não consigo esquecer o dia em que descobri ter passado no vestibular. Eu não fiquei feliz, mas sim apático. Continuei olhando televisão, como se nada tivesse acontecido. Todos ao meu redor comemoravam, os vizinhos fizeram uma folia. Eu não.
Dentro de mim, alguma coisa dizia que só o nome no jornal confirmaria a felicidade. Lá eu estava e ainda assim a excitação não veio. Satisfação, com certeza, eu estava na UFRGS e eles não. Feliz? Eu não.
Agora que estou alcançando o diploma, me envolve a dúvida sobre o que virá no futuro. A desculpa de um próximo semestre ainda a estudar era bastante para me previnir de pensar a vida para além de quatro, três, dois anos. Meu título de Bacharel está chegando, então eu deveria estar contente e aliviado e tudo mais. Aliviado, até sim, sumiu um peso enorme. Confuso, também, por ter aparecido um maior ainda. Novamente todos fazem festa e estão felizes, certamente muito mais que eu.
Qual é a conquista que vai me deixar realmente feliz?
Por que toda vez que me sinto feliz, jogo as expectativas acima do que é possível? E se alcançar mesmo a Lua, passo a desejar o Sol?
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