quarta-feira, dezembro 03, 2008

Pai

Meu relacionamento com meu pai (e todo lado paterno da família, diga-se de passagem) é estranho. Costumo brincar, embora seja sério, que nós nos encontramos cerca de cinco vezes por ano: natal, meu aniversário, no dele e no dia dos pais, mais um dia que nos encontremos aleatoriamente pela cidade, já que Porto Alegre é uma ervilha.

Ainda assim, ele estava lá na minha defesa de monografia. Por mais que eu insistisse que não era nada muito importante, mesmo assim ele foi. E da mesma forma, mesmo garantindo que não poderia, anos atrás na escola ele foi participar da gincana para minha turma. Chegou atrasado e não chegou a participar, é verdade, mas ele tentou e quase conseguiu. Voam as histórias sobre os que nunca tentam.

Estou aqui em casa, agora, inventando motivos para não aparecer na casa dele hoje de noite. Tenho razões para ir, e de fato tenho ótimos motivos para ficar aqui (trabalho, basicamente). Se não for hoje, amanhã (festa) e sexta (jogo) certamente não será. O que me leva a ser assim, hein? Por que eu não posso simplesmente ser um filho normal, que sai com os pais?

Eu quero guardar na memória o que meu pai disse quando veio me abraçar, após minha nota ter sido divulgada. "Tudo que tu faz, tu faz com perfeição".
Essa frase está errada, Pai.
Se tudo que eu fizesse assim fosse, eu não estaria agora aqui lamentando no blog, mas sim na tua casa, conversando e falando sobre as fotos e os vídeos que tu fez. De qualquer modo, eu continuo perseguindo o caminho da perfeição, e talvez eu um dia alcance o almejado lugar ao sol dos melhores.

Por enquanto estou apenas no caminho, batendo nas pedras das vias descontinuadas.

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