Ontem eu fiz festa com um bando de gente. Muitas pessoas que eu gosto e algumas que eu não conhecia, mas que agora eu conheço e que em tempo, por que não?, eu gostarei.
Aprendi muitas coisas nessa festa.
A primeira delas é que eu tenho que aproveitar todas as oportunidades de fazer o que for, já que são os momentos desperdiçados que fazem mais falta. É meio chavão ficar repetindo, mas existe diferença entre algo que não deu certo porque não funcionou e algo que nunca teve chance de existir.
A segunda, para minha felicidade egóica (amei essa palavra), é que muita gente me considera bonito. Eu, algumas vezes, penso assim, mas me acostumei a pensar que sou feio. Seja simplesmente para elogiar, ou apenas curiosidade de olhar quem está passando, qualquer das situações serve para elevar minha moral. Estou contente com isso.
A terceira, provavelmente a mais importante e a razão deste post, merece uma explicação bem mais alongada.
Amanhã completa a terceira semana que estou solteiro, depois de um namoro de dois anos e quase quatro meses. Não foi um término raivoso, não houve qualquer briga. Na realidade, o fim chegou para que não houvesse mais discussões, que acabavam consumindo ou comprometendo o lado feliz de estar junto.
Estou muito confortável com essa escolha, de estar solteiro, porque ela elimina a raiz das brigas: o status de namorado, que gerava uma desconfortável noção de posse, uma necessidade formal de obedecer a certas regras de conduta que só nos machucava. Funcionava da seguinte forma: por tanto tempo quanto conseguíssimos não ser nós mesmos, o namoro era uma maravilha; conforme íamos nos soltando, contudo, as discussões recomeçavam. Como amigos, hoje, eu e ele não temos mais discutido. Infelizmente, também não temos mais nos encontrado com freqüência.
Naturalmente, eu sinto falta de muitas coisas. Estaria mentindo se dissesse que sexo não é uma das principais, já que estar namorando pressupõe a certeza de sexo (quando os astros se alinhassem e permitissem um encontro em local favorável). Também sinto a ausência de abraços, carinhos e palavras doces. Eu, que sou muito chucro com questões de toque, e muito paradoxal, também, fico sentindo um vazio. Ao mesmo tempo que adoro ser tocado por pessoas que gosto e amo, odeio ser encostado por quem desconheço. É uma relação estranha com o toque, mas existente e sempre presente.
Se além de confortável eu estou feliz? Não sei responder ao certo, felicidade não é um estado permanente e constante de vida, bem como tristeza também não. Os elementos que fazem falta realmente dóem. Estava a tanto tempo envolvido com meu namorado que já não sei mais quais são as regras de viver solteiro. Porém, uma série de restrições que eu me colocava enquanto na posição de namorado, por achar que era o certo de como agir, desapareceram. Namorando eu nunca teria ido nesta festa, ontem, nem me divertido tanto com meus amigos. Esse não era o tipo de programa que nós fazíamos, ir dançar em uma danceteria hétero. Tínhamos alguns lugares específicos para quando queríamos pular um pouco, mas nunca realmente aproveitávamos, já que sempre íamos sozinhos. Os motivos para isso são tópico para outra conversa.
Passada a digressão, voltemos à festa. Estou solteiro e agradeço o empenho da minha irmã raposa em fazer com que eu ficasse com um rapaz. Essa possibilidade, apesar do menino estar com a gente a noite inteira, não havia passado pela minha cabeça. Quando tentaram que nós ficássemos, porém, despertou um apito na minha cabeça: "não estou pronto".
Enquanto ela falava com o garoto, o Féfis (sinto muito, não consigo me referir a ele mentalmente como Fernando) veio me perguntar: "Já olhou pro Bê com outros olhos?". Talvez eu tenha sido um pouco cruel ou direto demais, e quem não está acostumado com esse tipo de reação pode acabar se surpreendendo e compreendendo outra metalinguagem que não a desejada. Enfim, meu "não" foi tão rápido e tão enfático que ele imediatamente foi avisar a Jana de que ela nem deveria perder tempo falando com ele.
Não sei o que ela e o Bernardo falaram, porque algum tempo depois tive a nítida sensação de que ele estava tentando ficar comigo. Não sei, realmente, como funciona um flerte. O único que eu conheço é o olhar descarado e penetrante. Posso ter interpretado errado, não seria a primeira vez, assim como todo mundo sempre acha que estou a fim dos outros pela forma como trato as pessoas. Também não sei quais são os efeitos, para os outros, de uma recusa. Em mim são devastadores, mas eu sou emo. Procurei ser o mais acessível, ainda que claro, possível. "Quer dançar?", "Estou cansado, mal consigo me desencostar da parede" (o que era verdade, depois de horas dançando feito louco). "Quer dar uma volta?", "Nah... prefiro ficar aqui na pista, vendo o pessoal dançar" (tá, essa foi mentira, eu estava louco por uma cadeira, mas imaginei que dar uma volta significaria sentar perto e, enfim, todo o resto).
Eu não tinha me dado conta com tanta força de que ainda não estou totalmente solteiro. Uma parte significativa de mim tem medo de seguir adiante, conhecer outras pessoas, etc. Eu preferia que essa parte estivesse morta, já, e que eu não tivesse preocupações desse gênero.
But that's who I am.
Um comentário:
Que coisa, maninho... acho que mais de dois anos de relacionamento é mais complicado de desintoxicar, né? ^^
E teu ego tem que ir nas alturas mesmo, pq tu é liiindoooo ^^
Depois vou postar no meu LJ a minha versão da noite XD
=********8
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