Entrou no hospital em primeiro de janeiro de 2009, quase uma punição à declaração de que faria o que quisesse, os médicos que se danassem. Como a vida não é bem assim, e só vive sozinho quem não tem ninguém por perto, onze meses passaram até que minha vó conseguiu, finalmente, voltar pra casa. Não sejamos, ainda, tão esperançosos: ela esteve, este ano, 22 dias em casa. Ou seja, enquanto não fechar o ano, não dá pra apostar que desta vez ela passará mais dias livre.
Para nós, aqui em casa, o que inclui minha mãe e padrasto, a situação continua ruim.
No hospital, a principal dificuldade é ter que visitar diariamente, almoçando mais cedo, saindo correndo, e hospedando minha tia aqui. As vantagens são o cuidado permanente e independente da vontade da minha vó, que acha que os médicos não sabem nada sobre a saúde dela.
Com ela em casa, as visitas diárias se mantém, mas sem horário pré-determinado para visitas e sem restrição de lugares: mercado, farmácia, mais mercado, médico, hospital três vezes por semana das 7h às 12h para diálise.
Ah, claro, somos desalmados. Todo mundo diz isso, todo mundo pensa isso. Aliás, minto. Todo mundo que não passou por isso, como é comum acontecer com as pessoas. Por que é sempre mais difícil enxergar além do próprio umbigo, aceitar as experiências e as verdades das outras pessoas, saber que é possível um mundo que não é o nosso?
Não sei, e sinceramente não estou muito interessado em descobrir. Minha preocupação é, e sempre foi, influenciar positivamente os que estão ao meu redor. Já escrevi sobre o altruísmo egoísta, uma vez, e repito: pelos que quero bem meus esforços vão longe. Os demais não me interessam. O problema é que eu quero o bem a muita gente :op
De volta a minha vó, ela chorou hoje na cozinha quando disse que queria estar na minha formatura, que estava rezando todos os dias para que pudesse sair do hospital a tempo de me ver receber o diploma.
Curioso... sou quase um pioneiro nessa família.
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