Tenho pensado no que constituiria um mundo perfeito, ignorando que as imperfeições são as características mais marcantes dos seres humanos. Gastei horas imaginando um sentido moral que abarcasse a todos os sujeitos, que funcionasse como universal, esquecendo que nossas tentativas de generalização cometem mais atrocidades e apagamentos do que ajudam a compreender o mundo em toda a sua complexidade.
Essas reflexões se tornam ainda mais presentes quando preciso me degladiar com sentidos éticos diferentes dos meus. É o caso, por exemplo, do curso que tenho ministrado ao longo do mês, em que prevalesce entre alguns estudantes a noção de que sexualidade é algo que deve ser controlado, ao invés de vivido, e que a virgindade é algo a se guardar como um tesouro. Ainda que eu compreenda que algumas pessoas possam acreditar e defender esse entendimento ao ponto de serem felizes, o que acontece quando essas crenças são impostas sobre os outros?
Por outro lado, eu realmente acho que meu ponto de vista é melhor. Acho mesmo, sem falsa modéstia. Isso complica a parte em que eu digo que devemos respeitar aos outros, pois eu acho que esses outros estão perpetuando maldades e limitações que mais ferem do que auxiliam. Estão resguardando informações, acreditando em mitos e reproduzindo-os como armas contra outras pessoas. Ignorância é uma benção, sim, mas só porque ela te impede de rever a si mesmo.
Existe algum jeito de caçar verdades, sendo que elas não são absolutas?
Tantas questões envolvidas em simplesmente estar no mundo...
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