Eu pretendia começar com uma postagem sobre o que é sexualidade. Falar do básico, que é algo construído socialmente, que depende dos valores culturais específicos de um tempo e espaço para que tenha sentido, que regula e é regulada nas nossas vidas diárias sem sequer percebermos. Discutiria brevemente a importância de pensar o corpo como campo de conflitos políticos, as emoções como sítio de controle social, os gêneros como a vitória da supremacia masculina sobre o enfraquecimento feminino e também o desejo sexual como sendo produto de como entendemos o sexo e os gêneros, muito mais do que algo que define uma identidade. Também teria que explicar como posicionar as identificações, o porquê de eu acreditar que elas são relacionais e não fixas e definitivas, entre outras questões que iriam surgindo.
Em algum momento eu defenderia a posição de que o amor deve ser colocado acima de outras questões, e isso provavelmente me levaria a duvidar da minha própria escolha de palavras, já que é muito fácil falar em amor ao próximo quando estou confortavelmente nos Estados Unidos, protegido do frio em uma casa aquecida, e milhares não têm condição de pagar em um mês muffin que eu comi no lanche da tarde. Aí entra outra coisa, algo que tenho repetido para mim mesmo com frequência: eu estou tentando alcançar uma posição de poder para que possa gerar mudanças na vida dos outros que, tenho esperança, repercutirão futuramente. É uma visão... mas demora tanto!
Hoje na aula vimos algo sobre Keith Haring como parte de um projeto de enfrentamento da AIDS e de propostas para abordar temáticas relacionadas a sujeitos não conformados no curto quadrado da sexualidade normativa. Eu falaria disso, também, em um blog sobre sexualidades na educação. Escreveria demoradamente, repensaria palavras. Algo diferente do que faço aqui, onde simplesmente jogo o texto na forma de prosa e não preciso me preocupar.
Não preciso, ou não quero?
Em tempo, voltei a pensar em escrever literatura.
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