Ontem meus pais voltaram da praia, e hoje conversei com minha mãe. Ela parecia bastante abatida, e quando questionei a razão disso, tive como resposta o fato de eu e meu irmão estarmos bastante afastados dela nos últimos tempos. Existe verdade nessa reclamação. Não é recente a minha incursão pela vida social, afastando-me bastante da convivência em casa. Assim como ela, também não recordo a última vez que saímos juntos, que fizemos algum programa só pelo prazer da companhia um do outro.
Eis que parei para pensar, que é o que costumo fazer quando caio numa dessas situações. O que fazer? Tentar ficar mais próximo da família, sair junto com minha mãe e tudo mais? É seria uma resposta adequada. Eu quero? Não.
Puristas de plantão, tchau. Não se trata de mais um caso de filho desnaturado, mas sim de algo que tenho observado ser comum. A distância afasta as pessoas. Eu sempre fui um filho exemplar e presente na família, até o dia em que deixei de ser. Óbvio, eu sei, mas isso vale também para amizades e relacionamentos: a distância enfraquece os elos.
Tive um amigo que era meu melhor, e atualmente nos cruzamos na rua e dizemos "bom dia" e nada mais. Nada mais. Melhores amigos que não param mesmo num dia sem pressa? Tudo bem, nos distanciamos, tomamos caminhos diferentes, vivemos outras coisas.
Outro exemplo é o pai do L, que veio de uma cidade distante e agora foi embora de novo. Ele voltará, eu sei, mas será a mesma coisa? Ou será que ele vai se tornar uma memória de um tempo legal, porém distante? Passado?
Nessa lógica eu temo pelos meus amigos de hoje. Será que perderemos contato, que deixaremos de ter a mesma importância, que nas visitas à cidade será tudo... frágil?
Tenho medo de ser sempre a pessoa distante, sempre a criatura que vai embora dentro de um ano, dois. Um mês e meio. É engraçado como nossos desejos se voltam contra nós, algumas vezes, já que a idéia de não ter raízes é o que me motiva a sair de Porto Alegre, mais que qualquer outra.
Será que desisto?
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