Porém ainda assim fico curioso: o que denunciaria uma infantilidade minha? O jeito espontâneo e sem reservas, as piadas intermináveis, a molecagem em tratar coisas sérias? Estou realmente curioso para saber se, por trás desse apontamento, não existe simplesmente uma defesa fervorosa de crenças. É uma pena, porque eu jamais ficarei sabendo a resposta.
Ser novo e ingênuo sempre foram coisas que me preocuparam. O comentário que mais me marcou na universidade foi o de um professor que, corrigindo um trabalho meu, anotou que ainda havia muita ingenuidade no meu texto. Era verdade, uma criança poderia pensar do modo como eu estava raciocinando.
Sempre associei essa ingenuidade com a falta de experiências, questão que acredito ter reduzido severamente em 2009. Precisei do ano inteiro para testar minhas teorias, afinar meus pensamentos e encontrar, enfim, um rumo aceitável. Em quatro anos de existência já me considero próximo o bastante dos meus 23. O suficiente para afirmar que algumas coisas que servem para todos talvez não sejam o bastante para mim.
Ser novo demais para entender algo talvez seja, no fim das contas, ser diferente demais para ser compreendido. Se infância for sinônimo de liberdade de moldes, então que a maturidade nunca me alcance.
Ser convencional.
Discuto essa possibilidade (necessidade?) com um amigo. Ele diz que é essencial, que todos devemos ter alguns pontos de estabilidade, algumas definições para quem somos.
Quem sou eu? No livro que estou lendo (Blecaute, do Marcelo Rubens Paiva... história mediana, qualidade narrativa fraca, mas é um texto importante na vida do meu amigo, então lerei até o final) o personagem principal diz que ninguém se pergunta isso. Ele está errado: eu me pergunto o tempo inteiro.
Quem sou eu?
Melhor perguntar quem estou. Não quero parar, quero ser o cristal que meu melhor amigo gosta de abraçar e de mirar os olhos, a criança-problema que faz as perguntas cretinas e os comentários sarcásticos que ninguém mais faz.
Quem sou eu?
Oh, fuck it, uma raposa.
Um comentário:
Eu voto na defesa fervorosa de crenças hehe. Mas também penso que somos ainda crianças! Por favor, Tales, só temos vinte e poucos anos. Como não ser infantil perto do que seremos daqui há 20 anos?
E não confunda convencional com estabilidade :)
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