domingo, janeiro 10, 2010

Sobre beber

Eu tenho bebido muito nas festas e noites, cerveja, vinho, tequila, vodka, batidas, o que aparecer estou provando. Embora eu tenha certeza de que não estou no nível da dependência ainda, sei que já avancei muito mais do que gostaria (deveria?). Claro, esse "gostaria" é de anos atrás. Como um amigo que disse que nunca fumaria maconha, pois preferia destruir os pulmões ao cérebro, e hoje é um adorável viciado.

O álcool possui um agradável efeito de liberdade. É bom, pois evita que eu fique trancado em mim mesmo quando deveria estar provando o mundo. É ruim, pois me exige cada vez mais para que eu possa soltar algumas amarras morais.
Confesso que sem bebida ainda não estou no ponto que desejo, mas consigo construir o raciocínio que desejo ter depois de ter bebido um pouco. Não se trata de loucura, mas sim de jogar fora alguns cacarecos morais.


Meu amigo que voltou para sua cidade me disse que eu deveria tentar demonstrar mais os sentimentos e tal, fazer mais drama. Ter reações. Que essas coisas cativam as pessoas. Curioso que ele tenha me dito isso depois de uma demonstração realmente forte, minha. Dramática mesmo, mais que a marmota.
Ontem no meio da festa eu atirei cerveja nas pessoas que estavam dançando comigo. O primo do guri que eu já conhecia fez isso primeiro, e o guri estava sem camiseta, então nem achei que seria uma má idéia. Aliás, verdade seja dita, eu não pensei.

É isso que o álcool proporciona: não pensar.
Eu estou acostumado a rodar na minha cabeça centenas de milhares de testes antes de cada ação, tentando rastrear problemas, riscos, conflitos. Sou todo evitar problemas.
Ele poderia ter ficado brabo comigo por eu ter jogado cerveja nele. O fato de não ter ficado não muda em nada a possibilidade, e sóbrio eu jamais teria ousado.
É isso que o álcool proporciona: inconsequência. Ou, no mínimo, falta de planejamento.


Quero isso pra mim sem precisar beber.
Continuarei treinando meu cérebro.

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