Confesso que copiei o título da postagem do Edgar Morin, sete saberes para alguma coisa. Pensei sem sete verbos, mas não sei se chegarão a sete. Essa é uma postagem que se vai construindo conforme eu escrevo, planos delineados enquanto reflito sobre eles. Podem surgir outros, podem até desaparecer alguns. Do que estou falando? Das coisas que desejo aprender, saber fazer, conhecer as técnicas, sentir-me confortável experimentando, fazendo, vivendo.
Cozinhar. Esse é meio óbvio, considerando minhas últimas escritas. Mesmo assim, é algo que desde antes de vir para Goiânia eu decidi que seria importante, mas não muito antes. Acho que o querer nasceu numa janta bonita feita de frango na panela, arroz e alguns capítulos de Will and Grace. Já lá, percebi o quanto pode ser importante saber tornar comida em algo comível, em algo gostoso, em algo compartilhado. Atualmente sei o básico, mas temo me segurar - por medo - de tentar coisas novas, o que pode ser fatal para qualquer conquista.
Desenhar. O mesmo medo de cozinhar tem me segurado a rabiscar papéis e verificar o que consigo construir entre linhas e cores. Ou sem cores. Aprendi, na Especialização, que meu traço é fraco, hesitante. Não quero que ele seja assim, da mesma forma que anos atrás era minha voz, baixa e sem força. Se aprendi a falar e, principalmente, a fazer-me escutado, por que não poderia conseguir o mesmo com desenhos?
Dançar. Eu invejo quem sabe mexer o corpo. Mais do que isso, invejo quem não tem medo de mexer o corpo e ser olhado, pois são esses que são vistos e geram pensamentos como "nossa, ela sabe dançar". Em Chicago, uma amiga me perguntou qual era o problema de dançar num lugar vazio. A minha resposta foi que eu não gostava de ser visto dançando. A réplica: quem se importaria? Mais do que aprender técnicas, acho que o que quero é mudar características da minha personalidade. Se tantas outras coisas já mudaram, por que não essas também?
Escrever. Em meio ao caos de pensar o que fazer com a minha vida agora que concluí a etapa do Mestrado, um desejo volta recorrente (já de anos): escrever. Fazer literatura, fazer pensamento em papel, tornar ideias em algo compartilhado. Já fiz pessoas chorarem com palavras escritas, já consegui transmitir dores e sorrisos com letras, já informei, alcancei e questionei. Onde está a minha disposição para sentar e continuar a fazê-lo? Culpo a Academia, mas sei bem que culpar aos outros por algo que diz respeito a mim é, no mínimo, besteira, e muito mais provavelmente uma fraqueza projetada sobre os outros.
Uma pequena pausa na lista... o meu medo, em meio a tudo isso, é que as pessoas saibam que eu não sei alguma coisa, que eu não consigo, que não domino. Sei que é bobagem, estupidez, meninice. Ainda assim, me dói ser a pessoa que não faz, que não sabe, que não consegue. Talvez o maior aprendizado que eu busque, em meio a todos esses, seja não me importar com o que não importa.
Sentir. Eu sou uma pessoa geralmente fria. Ou desconectada. Parece-me evidente que, quando conecto, os sentimentos aparecem e flamejam, porém isso não acontece com a frequência que eu desejaria. Vejo pessoas enlouquecendo em paixões fulminantes, que se encerram em dores mil para nos dias seguintes já estarem novamente saboreando os ardores do amor. Eu não sou assim, mas sinto que deveria ser. No fundo, acho que aprendi a me defender de um mundo que eu não compreendia e que não se esforçava para me ajudar a compreender. Ontem uma amiga falava sobre ter vivido traumas na adolescência e por isso até hoje fazer terapia. O que teria mudado na minha existência se eu tivesse acompanhamento psicológico no momento em que me fechava para o mundo?
Agir. Eu me seguro. Na Marcha das Vadias, recusei apito. Não gosto de chamar atenção a não ser que eu possa controlá-la por inteiro. Aliás, controlar seria mais verbo do que agir, mas quero saber controlar menos e aproveitar mais as coisas que aparecem e se convidam a entrar em minha vida. Sinto-me seguro com tudo planejado, mas quero viver aquilo que não se planeja, que foge dos trilhos e que não nos convida, mas nos puxa para o diferente. Aliás, vou trocar meu verbo: experimentar.
Abraçar. Essa é, provavelmente, a mais difícil. Na casa de uma amiga, menina que gosto e quero bastante por perto, vi-a tristonha pela ausência da amada e também dolorida por um acidente de trânsito. Quis abraçá-la, mas não consegui. Simplesmente fiquei parado, como fico sempre que sinto que devo compartilhar um sentimento. É engraçado pensar que nossa amizade "começou" com um abraço, num dia de frio em que resolvi aquecê-la com meu corpo, assim sem pensar nem planejar. São esses momentos que me lembram de que eu posso, não só quero.
Devo ter outros verbos, certeza. Por ora, porém, bastam-me esses. Já tenho muito a aprender para os próximos meses, anos, quem sabe até vidas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário