Estou procurando emprego como professor. Saí da graduação direto para a especialização e dela pulei para o mestrado, intentando construir não apenas um currículo, mas também uma experiência e confiança para assumir a frente de uma sala de aula. Isso significa, se alguma coisa, que eu sou um mestre cronologicamente novo. Tenho apenas 26 anos e já concluí um estágio de ensino superior que a gigantesca maioria da população brasileira jamais vai alcançar. Está nos meus planos chegar ao título de doutor até os 30-31 anos.
Daí eu procuro emprego e ouço "nossa, mas tão novo?" num tom de quase deboche. Desconfiança, no mínimo. Eu não sei exatamente o que esperar de pessoas que me olham (de cima) desta forma, tampouco o que responder. Como sujeito procurando emprego, não é o momento de dizer "veja, talvez tu esteja equivocada, quem sabe uma pessoa nova pode, sim, contribuir para a aprendizagem de outras". Em um caso recente, dos vinte minutos que me foram prometidos para convencer meus empregadores potenciais, me foram dados cinco. Talvez eu tenha titubeado nesses momentos iniciais, ou ainda o resultado já estivesse definido de antemão, talvez privilegiando alguém cuja fala formal se encaixasse nos moldes da expectativa.
Eu não sei como um professor deve ser. Ou melhor, eu conheço a figura idealizada do detentor do conhecimento que o transmite magicamente através de um discurso elaborado e eloquente. Não é isso que eu quero para mim como docente. Eu quero ser o professor que conversa, que se envolve com os estudantes, que abre portas. Essa imagem, porém, enfrenta dificuldades. As pessoas querem confiar naquilo que conheceram como certo, que as alimentou o imaginário ao longo da vida. É difícil.
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