Na família está o ponto mais fácil de traçar os resultados, principalmente com a minha mãe. Acredito que ela teria separado do meu pai antes, provavelmente, e conhecido meu padrasto talvez também antes. Quem sabe nem acontecesse de casar com ele. Meu irmão, que durante muito tempo foi um problema em casa, talvez o fosse ainda mais pela minha mãe não ter um apoio caçula para sustentar a mente.
É difícil mensurar o impacto de uma inexistência na vida dos amigos. Penso que talvez uma amiga tivesse demorado mais para se separar do namorado, e quem sabe o rumo de algumas pessoas fosse completamente diferente – ao menos nos hobbies. E, numa continuidade insana, alguns romances não aconteceriam, fazendo com que as vidas seguissem de modos completamente diferentes.
Eu não consigo, realmente, medir o impacto que causo no mundo. Ele pode ser grande em algumas pessoas e mínimo em outras, e talvez nunca seja possível mensurar ao certo. É mais fácil imaginar o peso de uma ausência repentina, como por exemplo a de uma morte inesperada. Pensei em falar da minha viagem, mas não é a mesma coisa: eu continuarei existindo, continuarei em contato.
Acaso hoje eu morresse, acho que o dano na minha família seria irremediável. Enxergo facilmente um longo tempo de tristeza, raiva e frustração. Separações, talvez. Entre os meus amigos, talvez alguns se tornassem ainda mais unidos, por conta da lembrança de que sem mim jamais teriam se conhecido. Outros podem finalmente descobrir a brevidade da vida e, enfim, interromper o ciclo de auto-sabotagem.
Para realmente saber isso tudo, eu teria que ver minha vida de fora dela. Impossível, so far.
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