No banho, ao som de Jorge Drexler, pensei novamente que isso de escrever e viver do que acredito pode não ser para mim. Talvez eu seja um cara típico que trabalha oito horas por dia e volta para casa, assiste a um filme, janta com alguém, conversa bobagens até dormir e no dia seguinte faz tudo de novo, para que no fim de semana uma ida ao parque ganhe sentido. Por que abandonar tudo, por que deixar de lado tantas coisas que já estão bem encaixadinhas, tão funcionais? Por que procurar problemas?
"Amar la trama más que el desenlace", me sugere Drexler. É um bom conselho. Não importa se vai dar certo ou não, nem sei o que significa dar certo. É um sonho de vida feliz, não um projeto de ciências. Como se mede uma vida que deu certo? Pelos arrependimentos, pelas conquistas? Na minha lista de coisas que já me fizeram chorar, a maioria dos itens são ações que deixei de fazer, geralmente por medo. Certa vez numa virada de ano deixei de dançar porque alguém poderia me estranhar pulando sozinho no meio da sala. "Quem vai te julgar?", perguntou uma amiga, mas saber a resposta não ajudou. A preocupação não foi embora só por ser ilógica.
A pergunta ressoa: "quem vai te julgar?".
A resposta, parece, é sempre a mesma: ninguém, só eu.
Essa é, infelizmente, a opinião que machuca mais.
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