Eu faço natação há anos. Sempre foi um exercício que me enchia de motivação, que me cansava litros e que me deixava bem disposto por horas. De uns dias pra cá, porém, percebi que isso não estava acontecendo. Eu obviamente cheguei a um nível como nadador em que 45 minutos de natação já não me cansam mais.
Pausa para os risos.
A coisa mais fácil que existe é colocar a culpa pelas nossas facilidades ou dificuldades no resto do mundo. Hoje faltavam 10 minutos para encerrar a aula e a professora pediu que eu fizesse mais 18 piscinas (nesta academia, cada piscina são 25 metros). Como eu normalmente faço menos de uma piscina por minuto, precisaria acelerar um bocado. Fiz as seis primeiras até bem rápido, embora já na segunda eu estivesse completamente sem fôlego. Consegui apenas doze nos dez minutos. Nesse momento lembrei de algo que li sobre a natação enquanto exercício: quem faz a dificuldade somos nós. O exercício só será produtivo para mais do que recreação se desafiarmos nossos limites, se chegarmos àquele ponto no qual estamos confortáveis fazendo algo e forçarmos um pouquinho além.
Enquanto nadava com o máximo da velocidade que conseguia alcançar, percebi que nas últimas semanas tenho feito uma média de 40 piscinas por aula de 45 minutos. O problema não é o tempo ou o tipo de exercício. O problema é o limite que estabeleci para mim, um limite de velocidade e esforço que torna esses 45 minutos mais suportáveis e menos desafiadores. Fazendo 40 piscinas por aula posso chegar em casa depois, inflar o peito e dizer "eu faço natação três vezes por semana, estou me exercitando".
Quando a gente se contenta com a mediocridade e em ficar dentro da nossa zona de conforto, é muito fácil dizer qualquer coisa e acreditar nisso. Difícil é desafiar nossos próprios limites sem colocar a culpa fora de nós.
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