terça-feira, junho 25, 2013
Aquela xícara de chá
Enquanto eu escrevo furiosamente – mas sem fúria nenhuma, apenas furor –, tu me observa ora de canto de olho, ora do canto da sala. Tu me sabe, entende que esses momentos não são de ninguém, não são de nós e certamente não são de mim mesmo. São do texto, das letras, da imaginação poética. Envolvido e encantado, demoro a perceber que tu já não está mais ali no canto a me esperar. Eu entendo, o amor às letras é tão antigo, tão de infância que não há como lutar contra ele, que está lá desde que me reconheci pela primeira vez. Algumas vezes adormecido, mas jamais esquecido. Como confrontar algo que é tão antigo quanto a minha identidade? Tu não é o primeiro a desistir, a ceder frente à impossibilidade de superar esse amor antigo. Daí que me assusto quando te noto ao meu lado. Não tinha fugido? Não, tinha ido fazer o que faz de melhor: com uma xícara de chá quentinho nas mãos, estava ali a cuidar de mim. Pelo jeito tu sabe bem escolher as tuas lutas e eu, os meus amores.
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3 comentários:
Um daqueles textos que a gente chega ao fim e tem vontade de retornar ao começo. Lindo!
nossa q lindo!!!
adorei *.*
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