Essa semana duas ocorrências me deixaram espantado e ao mesmo tempo maravilhado com o mundo e com as possibilidades de que uma voz se propague.
Na primeira, um rapaz com quem eu troquei algumas mensagens em uma "rede social" secundária descobriu a Raposa Antropomórfica e comentou sobre ela. Assim, do nada, navegando pela internet. Na segunda, uma moça que lê a Raposa há tempos descobriu, nas fotos do último post, que eu sou amigo das amigas dela.
Acho que é isso que me fascina na vida: essa potência de improbabilidade. É, também, o que me inspira a falar, escrever e viver na internet: ela é real, ela marca, ela amplia alcances. Eu estava tão desacreditado de continuar escrevendo virtualidades, mas aí aparecem na mesma semana duas pessoas que me leem e eu nem sabia! Isso me deixa pensando: o quanto a gente pode saber do que realmente acontece? Quero dizer, eu dou aula, o quanto eu posso saber do que meus alunos pensam de mim e da minha aula? O mesmo vale para relacionamentos: o que a outra pessoa pensa? O que ela expressa? Ao mesmo tempo que a vida tem essa teia de relações e ligações altamente improváveis, também é invisível.
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Eu sempre quis ser um escritor. Acho que, desde criança, essa é a única certeza que nunca mudou. "Quero ser um escritor famoso". Meu padrasto pegava no meu pé, por que tinha que ser famoso? Eu não entendia aquela história de que se eu fosse um bom escritor, ser famoso seria consequência. Na minha lógica de criança, era óbvio que não. Acho que foi na faculdade que percebi que eu não era único, que outras pessoas passavam pelas mesmas coisas que eu – em medidas diferentes – e principalmente que eu não era o único capaz de escrever. Tampouco necessariamente o melhor a dominar as letras e as palavras. Isso acabou comigo e, paralelamente, com as minhas escritas.
Aí do nada surge um leitor e diz que foi tocado pela minha escrita. Do nada, dois dias depois, surge uma leitora e diz que me acompanha há tempos. Preciso mesmo dizer o quanto isso é importante para mim?
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