Por esses dias o ônibus desviou a rota e acabou pulando uma das paradas pelas quais deveria passar. Para minha sorte e calmaria, a mudança de percurso não me afetaria (na verdade, só tornaria a minha viagem mais curta e, portanto, mais rápida). Notei, porém, um rapaz bastante indignado com a situação. Ele bufava e reclamava para si mesmo contra o motorista a cada dois segundos.
Lembro que pensei por um segundinho que sim, ele tinha razão em estar indignado, afinal o motorista não avisara que faria o desvio. Só que ele não parou de bufar a cada dois segundos até descer do ônibus, pelo menos três minutos depois. Na rua, ainda seguiu balançando a cabeça e apertando a mão com força e, presumivelmente, raiva.
Eu tenho muito medo de pessoas que não conseguem liberar as energias negativas que acumulam. Acho que essa incapacidade as torna perigosas, afinal bem sabemos que uma hora a coisa transborda e se a pessoa não tem um bom autocontrole, isso pode significar danos para os outros. Foi o caso de um amigo, que terminou um namoro e o então ex-digníssimo, não conseguindo lidar com a frustração do término, voltou uma semana depois para visitá-lo armado de uma faca.
Claro, nem sempre as pessoas reagem de forma tão extrema, mas basta lembrarmos das ocorrências em que reagimos com excesso frente a problemas minúsculos simplesmente porque estávamos irritados. A irritação nada mais é do que a concentração em nós mesmos de uma frustração ou raiva. Precisamos aprender a deixar esses sentimentos vazarem.
Para mim, o exercício físico tem essa função. Da mesma forma, discuto comigo mesmo e imagino brigas com as pessoas que me irritaram. Dessa forma não preciso realmente brigar com elas, já me acalmei até o momento de efetivamente entrar em contato. Nem sempre funciona, mas de uma coisa eu tenho certeza: quando encontro alguém e estou com um poço acumulado de coisas ruins, sempre me arrependo do que acontece em seguida.
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