Comecei a ler Oficina de escritores, de Stephen Koch, e desde a primeira página estou experimentando a estranha vontade de ler devagar para que ele nunca acabe. Um livro, ao contrário de muitas outras coisas na vida, sempre estabelece desde o início da relação quando chegará ao fim. Pode acabar antes, mas nunca depois da última página. Há a releitura, alguém dirá, mas reler é reviver a memória, retornar a um amor que deu certo, mas sei foi.
Ao longo do livro (estou na página 110 de 270), o autor vai não tanto ensinando o que fazer ou como fazer, mas inspirando o que e como construir na arte da ficção. Recentemente abandonei frustrado a construção de um romance que esteve na minha cabeça há anos. Agora sinto-me confiante para dar uma chance maior a essa semente, de modo que ela continue crescendo. Desistir simplesmente porque não alcancei a melhor maneira de expressar minhas ideias na primeira tentativa é infantil, mas uma lição valiosíssima para alguém como eu, todo cheio de medos.
É tão bom ler um livro que foi escrito diretamente para mim. Os conselhos de Koch são para esse meu momento: escritor iniciante. Fere o orgulho admitir que meu texto ainda é muito frágil e que sei quase nada sobre a construção de narrativas. Por outro lado, estou feliz de cruzar com eles agora. Num passado talvez eu não tivesse compreendido suas propostas... provavelmente diria que ele fala besteiras ou obviedades. Não é incrível como as coisas só fazem sentido no momento exato de sentir, nunca antes e certamente não tão exato depois?
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