Eu sou viciado em comprar livros. Não em lê-los, mas em comprá-los. Eu já sabia disso, mas confirmei ontem enquanto separava alguns livros para vender. Inicialmente separei 144 livros para serem colocados à venda. Tenho mais dois emprestados com uma amiga e eles também serão vendidos.
Eu achava que era um grande número, até hoje contar os livros com os quais decidi ficar. Foram 77 mais 4 dicionários. Ou seja, eu aceitei me livrar de dois terços dos meus livros e ainda assim sobraram inúmeros. Li agorinha uma citação que diz "a estante de livros de uma pessoa lhe dirá tudo o que precisa saber sobre essa pessoa". Acho verdade. Os livros que estão sobrando na minha estante dizem muito sobre mim.
Eu não preciso de tantos livros. A maioria deles está na minha vida porque um dia eu considerei que seriam lidos ou necessários. Nem todos eu li. A maioria nunca foi necessária. O que eles dizem de mim, além do óbvio vício de comprar livros, é que tenho medo de deixar as coisas partirem. Ser dono de tantos livros me fornece a sensação de que estarei seguro, de que terei ao que recorrer no dia em que precisar não importa para onde eu ir.
Porque não sabia aonde queria ir.
Hoje eu tenho uma ideia mais clara da vida que quero para mim e ela não inclui uma estante cheia de livros. Não porque eu não lerei mais, minhas visitas à biblioteca estadual provam o contrário, mas sim porque eu não acredito em ser dono de nada. Ser dono é uma ilusão, uma tentativa de controle sobre a vida e a vida não gosta de ser controlada.
Minha meta é chegar a 15 livros para carregar comigo. Parece um número razoável, suficiente para uma prateleira, não o bastante para que eu pague excesso de bagagem. Será uma escolha difícil, agora que estou reduzido a 77 livros separados entre eróticos, sobre escrever, sobre zen e sobre shiatsu. Quando eu decidir um critério para essa safra, volto a falar a respeito. Até porque agora preciso viver a experiência de vender 144 livros.
3 comentários:
Também tenho esse problema. Muitos livros comprados e não lidos.
Mas você me superou e muito... :)
Como filha de uma bibliotecária com acesso livre a mais de 250mil livros, sempre fui contra comprá-los. Tenho menos de 20 em casa, e volta e meia empresto um que nunca mais volta. Tipo aquele que ficou contigo por quase 3 anos e, qnd vc foi me devolver, já emprestei pra outra pessoa.
Pra mim, livro é assim. Eu gosto q eles circulem e levem seus prazeres para outras pessoas :)
Sempre quis ser muito dono de tudo, controlar tudo, não deixar nada escapar. Para a jornada na qual estou entrando, esse é um defeito a ser perdido. =)
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