Um amigo falou, certa vez, que coerência é para os fracos. Um cara realmente autônomo não precisaria ser coerente, pois faria o que bem entendesse. Eu, ingênuo, concordei com ele. Como admirava esse amigo, as palavras dele sempre eram envolvidas com um ar de sabedoria. Levei só uns cinco ou seis anos para repensar essa frase.
Isso vem de uma época em que eu era passivo de tudo na vida. Ouvia e não filtrava, apenas seguia. Admirava. Olhava com olhos bem abertos. Ao primeiro sinal de problema, fugia. Não segurava uma posição própria, não ocupava um lugar que estivesse disposto a defender.
Hoje penso que coerência não é para os fracos por uma razão simples: no dia a dia, somos pais, filhos, irmãos, professores, namorados, amigos, inimigos, ativistas etc. Cada uma dessas posições traz questões, dúvidas e constrangimentos que, muitas vezes, se opõem. Ser coerente em meio a tudo isso significa tentar manter um centro, um eixo para nortear as escolhas e decisões em cada uma das múltiplas identidades que assumimos ao longo de nossas vidas. Ser coerente é fazer sentido dentro daquilo que acreditamos, não do que os outros esperam de nós. E isso não é para os fracos.
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