Essa é uma perguntinha importante que sempre me faço quando saio da sala de aula com aquela sensação de dever cumprido. Penso que existe uma considerável diferença entre a perspectiva do professor e a dos alunos quanto ao que significa uma boa aula.
Talvez um critério bacana seja "o quão afetado eu fui por aquela experiência?". É algo que se descobre em dois momentos: na hora, quando a aula encerra, e também anos depois, quando olhamos para trás e percebemos que formamos experiências/saberes relativos àquela disciplina específica. Esse, aliás, é um exercício que quero fazer: ter em mãos meu histórico escolar da faculdade e procurar lembrar de tudo o que aprendi em cada disciplina, o que ficou de cada uma.
Trago como hipótese que esse exercício revelará uma triste realidade: nem todas as disciplinas serão marcantes para todas as pessoas. Algumas vezes será o caso dos professores não encaixarem com os estudantes. Em outros casos, talvez nós estudantes estivéssemos numa posição diferente naquele período e então algo que hoje nos agradaria, na época não fez sentido.
O que isso significa para alguém como eu, que acredita que o trabalho de professor inclui a tarefa de "mudar vidas"? No mínimo, talvez, que eu deva repensar meus objetivos ou a forma de atingi-los... Ontem estava refletindo justamente sobre isso. Creio que mudar vidas não é nem pode ser o objetivo último do meu trabalho, ele já tem especificações suficientes. A parte do mudar vidas é algo que acontece paralelamente, não pelo trabalho em si, mas pela convivência e pelo afeto.
É aquela velha história: não dá para salvar o mundo. Entretanto, é possível, sim, causar uma mudancinha aqui, outra ali. Eu só preciso parar com a ilusão de que isso atingirá a todas as pessoas e me focar naquelas que se permitem afetar.
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