A coisa vai mais longe e levanta probleminhas anteriores: não podemos andar pelados na rua. Salvo engano, se eu sair caminhando com o pinto balançando a olhos nus, posso ser preso. Por quê? Já antevejo multidões se erguendo e gritando "porque é imoral!", mas essa é uma resposta fraca, pelo menos para quem está buscando motivações racionais (e laicas) para tal proibição.
Le Concert Champêtre – Giorgione |
O que há de tão perigoso em um corpo desnudo? É o tesão alheio que preocupa? Viver em sociedade significa abrir mão de uma série de liberdades, compreendo, mas por que a de tirar a roupa onde quiser é uma delas? Essas são questões que eu não sei ainda nem por onde começar a responder. Pensando rápido, posso pensar que é uma estratégia para conter os impulsos sexuais, talvez algo trazido pela moral cristã. Posso também estar sendo preconceituoso, já que sempre acho que toda repreensão moral vem da Bíblia.
Roupas fazem sentido num contexto gelado como a Europa. Nós fomos colonizados por europeus. Seres humanos atribuem valor simbólico às coisas que usam. Provavelmente a economia tem algo a dizer sobre isso, já que roupas mais caras e com tintas menos acessíveis provavelmente se tornaram representativas de maior riqueza e status social. A pergunta é: por que continuamos enxergando as roupas assim?
Ano passado eu já havia começado a pensar sobre isso, como meu post sobre Henry Scott Tuke revela e também meu artigo apresentado em um Congresso no Rio de Janeiro.
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