César sempre foi um cara macho. Desde criança pega geral, se as meninas se descuidassem lá estava ele chegando junto, dando aquela encochada disfarçada de abraço ou procurando a boca das amiguinhas pra beijar "só de brincadeira". Aos doze anos já não era virgem há pelo menos quatro, ou ao menos era o que as histórias contavam. Aos dezessete, festa boa era aquela em que pegava no mínimo cinco garotas.
Poderíamos pensar que alguém com esse perfil seria um machista abusado e sacana, mas César até que era um cara legal. Ele protegia, por exemplo, os colegas de escola mirradinhos dos outros, deixando bem claro pra quem quisesse briga - e brigava mesmo - que ninguém podia mexer com os amigos dele. Tinha até aquele tal de Greguinho, que diziam que era homossexual, mas César defendia igual. Sempre dizia: "quer ser gay, de boa, é só não dar em cima de mim". Como Greguinho respeitava sem problemas esse mandamento, a relação dos dois era perfeita.
Um belo dia, porém, uma festa veio e o álcool foi misturado em todas as variantes possíveis. César ficou mais do que bêbado e depois de algumas tentativas frustradas, descobriu que nenhuma das garotas presentes estavam minimamente interessadas em corresponder seus avanços. Bêbado e entediado (além de excitado), César viu Greguinho num canto e foi conversar com ele. Papo foi, bebida veio, mais papo foi, o que todo mundo sabe é que os dois sumiram e só foram vistos novamente na segunda-feira seguinte.
Ninguém sabe bem o que, ou se, aconteceu. Entretanto, todo mundo passou a entender o verdadeiro significado da advertência de César: "quer ser gay, de boa, é só não dar em cima de mim".
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