Ontem eu escrevi no Facebook que não gostava do texto rebuscado da Virgínia Woolf. Estou arrependido até agora dessa afirmação. Imaginei repórteres me entrevistando trinta anos no futuro e retomando essa questão como se fosse uma falha no meu currículo. Acho que realmente é.
Tenho para mim que há um momento para fazermos as coisas. Eu já tentei em duas ocasiões ler alguma coisa da Virginia Woolf e em ambas as vezes fiquei perdido, cansado, distante do texto. Isso pode, sim, ser um problema dela, mas muito provavelmente é uma dificuldade minha. O que levo de mim para a leitura não está sendo suficiente – não, não tem nada a ver com quantidade, deixa eu reformular – ... O que levo de mim para a leitura não está sendo adequado ao que ela escreveu. Meu olhar tem caçado outro tipo de palavras e frases e parágrafos, talvez por isso nossa relação não esteja fluindo. Isso não é um erro de nenhum de nós, é apenas um desalinho que pode, eventualmente, ser consertado.
Comecei Para ler como um escritor, de Francine Prose, mas já me irrita o fato de que nas primeiras 30 páginas ela já questionou leituras feministas. Para ela aparentemente vale mais o texto em si do que as ideias evocadas por ele, o que acho meio contraditório – talvez me falte leitura para pensar o contrário –, uma vez que as ideias saem do texto em si. Incomoda sobremaneira a forma como ela trata a predominância de escritores brancos como um dado artístico e não sociocultural.
Por outro lado, já estou cativado pela Natalie Goldberg no livro Escrevendo com a alma. Não foi novidade: estive antecipando esse prazer desde que soube – pela contracapa – que a autora escrevia a partir de uma abordagem fundamentada no zen-budismo. Não deu outra, já estou fã e nem passei da introdução.
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