Minha casa está um chiqueiro. Tenho medo de passar a vassoura e o pó me engolir. Hoje é o dia em que vou limpá-la, finalmente. Sempre que faço isso, escrevo um texto sobre como o estado de nossa vida é refletido no estado de nossa casa: se o lugar está desarrumado, se não temos tempo ou o costume para ajeitar as coisas, então provavelmente também estamos com os pensamentos desajeitados, sem tempo ou prática de ordená-los.
Hoje, porém, quero avançar para uma outra metáfora.
Recentemente li um comentário no Facebook sobre escritores que apresentam ótimos enredos para suas histórias, mas pecam no uso da linguagem, no estilo, na gramática. Estudando escritores e livros para escritores, cheguei à conclusão de que preciso aprimorar o conteúdo das minhas histórias, mas principalmente a forma delas. Meu texto ainda é muito 'blogueiro', muito informal e direto. Eu não mostro as coisas, eu as conto (o que pode ser um equívoco literário, pois fazendo isso eu atalho a imaginação do leitor).
Talvez minha casa e minha vida sejam um exemplo disso. Há dentro dela um conteúdo interessante, eu, mas é um conteúdo meio sem graça de ler e conhecer, pois não oferece muitos destaques, muitas características empolgantes para agarrar o 'leitor' e levá-lo até o fim da história. Sempre tive para mim que sou uma pessoa sem graça à primeira impressão (meu medo é também o ser à segunda, terceira...), a pessoa precisa apostar em mim para efetivamente encontrar algum prazer (afetivo, literário etc.).
Junto com isso, a forma não é lá muito privilegiada. Eu não me cuido muito fisicamente, ando com o cabelo de qualquer jeito, a barba por fazer, as roupas simplesmente jogadas pelo corpo. Minha casa espelha o resto: ela é boa para o que serve, mas não dou a ela um tratamento muito cativante. Arrumá-la significa sempre me empenhar para melhorá-la, assim como sentar para revisar e reescrever meus textos implica em estar procurando poetizar minhas histórias.
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