segunda-feira, setembro 09, 2013

Los amores pasajeros

Assisti ontem a Los Amores Pasajeros (2013) preparado para ver uma comédia escrachada. Isso aconteceu porque eu já havia lido uma crítica a respeito do filme e estava preparado para "um filme fraco" de Almodovar.


A história se passa em torno de quatro ou cinco passageiros de classe alta, três comissários de bordo e dois pilotos de um avião. Independente de qualquer crítica que eu tenha lido, os elementos que reconheço em Almodovar estão ali: a abertura para falar e mostrar sexo, os personagens marginais e suas relações controversas ou curiosas. Um ponto alto do filme são os chistes, as brincadeiras que se fazem com os relacionamentos apresentados, como o caso do piloto bissexual e do piloto supostamente heterossexual, mas que bêbado sai a experimentar outras possibilidades sexuais.

O quanto ler ou ouvir uma crítica influencia naquilo que esperamos? Eu deitei para ver o filme esperando algo fraco, sem graça, e realmente foi mais ou menos o que encontrei. Será que eu teria encontrado algo diferente acaso não tivesse lido nada a respeito? É fato que nada flutua sozinho no universo das expectativas: ouvi falar mal, então reajustei o que esperava do filme. Da mesma maneira que considerei clicar em um link de loja de cuecas após vê-lo na minha linha do tempo do Facebook pela enésima vez. Isso tudo me assusta muito, pois aponta para uma economia da atenção (que já está aí há muito tempo, mas é pior quando a gente percebe o quão refém dela podemos ser) que simplesmente atropela quem não consegue aparecer.

Não é a toa, então, que ando pensando em ler Os dragões de éter como exemplo de fantasia brasileira. Isso porque li uma entrevista do autor lançando algumas polêmicas. A mesma coisa acontece com A fantástica literatura queer, organizado pela Cristina Lasaitis. Vi uma entrevista bem bacana dela no Youtube e fiquei curioso pelas suas letras e o modo como os diversos autores da coletânea traduzem em literatura as propostas de falar sobre diversidade sexual e fantasia ao mesmo tempo.

A cada dia que passa fico mais consciente da importância do curso no qual me formei e leciono: comunicação social. Sem ela, nada existe. É a tal da árvore caindo no meio da floresta: se ninguém viu, não aconteceu. Se tu lançou um livro e ninguém leu, é o mesmo que não haver lançado. Dói um pouco nos sonhos utópicos, confesso, mas fazer arte também é mercado.

Nenhum comentário:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...