Aí ele se volta à moça e pergunta o nome dela. Ela responde. Pergunta o nome do namorado. Ele responde. E larga a pérola: "você é linda de ver". Nesse momento meu mundo parou. Vontade monstra de levantar e perguntar "oi, quem quer saber?". Acho que nunca na minha vida eu havia sentido indignação por presenciar um homem cantar uma mulher na rua. Talvez eu nunca tivesse percebido com tantos detalhes a cena toda. Foi exatamente o que aconteceu: o velho bêbado resolveu colocar o pau na mesa e mostrar como a opinião dele era mais importante do que a zona de conforto dela. Como se a vida dela dependesse de saber que ele, um cara bêbado, havia curtido sua aparência.
Aliás, algo precisa ficar claro: o problema não é o cara fumar, beber ou ser velho, mas sim exercer o seu poder de macho pra manifestar seus interesses e esperar que a mulher, como personagem secundária perto de qualquer homem, escute e ainda fique feliz em ser reconhecida por um sujeito homem. No fim das contas, o elogio não foi dirigido necessariamente à mulher, não foi uma tentativa de, por exemplo, deixá-la mais contente com sua aparência. Foi apenas o velho observando e comentando o mundo a partir do seu umbigo.
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