Entro na sala toda semana e invariavelmente alguém me dá aquele olhar. Eu não saberia descrever, mas acho que todo professor conhece. O olhar da criatura parece te secar, é quase um beijo de dementador. Sentada lá no fundão, a pessoa mal aguenta a cabeça nos braços e fica te lançando aquela mirada de desprezo e cansaço misturados com sono.
No início da minha carreira docente presencial (err, ano passado) eu ficava muito tristinho quando percebia esses olhares entre meus alunos. Na minha cabeça, isso significava que a minha aula estava chata, que minha maneira de explicar era ruim ou algo desse gênero. Que talvez se eu fosse diferente os olhares seriam outros.
Hoje, um pouco mais confiante, sei que não há como evitar que me olhem assim. A verdade é que não estão me olhando, mas olhando a vida. São pessoas cansadas, insatisfeitas consigo mesmas ou talvez estressadas com o filho, o cachorro, a mãe, o futebol etc. Eu posso tentar ajudá-las a olhar para o mundo de outras maneiras, em particular dentro da sala de aula. Entretanto, não posso fazer mais que isso. É um passo, uma mãozinha estendida e olhe lá.
O resto depende de quem olha.
De quem quer olhar.
Um comentário:
haha
Vou lhe falar uma coisa pra você guardar pro resto da sua vida!
Professor tem que muita auto-estima, porque se não, ele se autodestrói no trabalho! kkkkkkkkkkkkk
É a mais pura verdade!rs
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