terça-feira, outubro 27, 2009

Amanhã

Nhai nhai, amanhã é o grande dia. Será grande mesmo, por conta de horas e mais horas de prova. Espero que nada burocrático invente de dar errado. Torço pra que eu passe, pra que tudo funcione lindamente e a vida siga seu rumo.

Enquanto isso, vou vivendo Porto Alegre, novos amigos, novas possibilidades. Estou feliz.

segunda-feira, outubro 26, 2009

Atualizando

Depois de amanhã é minha prova de seleção pro mestrado. Nham, espero que dê tudo certo. Todo mundo diz que eu vou passar e tal, mas isso, ao invés de me deixar menos preocupado, apenas aumenta a responsabilidade de passar.


Estou me entregando à ideia de que a lucidez é uma droga. Na verdade, não cheguei a essa conclusão sozinho, estou roubando-a de um amigo. Já vão três finais de semana que estou me jogando nos prazeres de sufocar a sobriedade com boas doses de álcool, e o que eu achava que seria pura juvenilidade é, para ser sincero, muito interessante.
Juro que preferia não ter gostado de ficar fora de mim, mas a noção de que o mundo segue girando mesmo sem os pensamentos excessivos que me acompanham o tempo inteiro é simplesmente perfeita.


Amigos.
Já falei um bocado sobre este tema aqui na Raposa, mas só recentemente me dei conta que não há necessidade de categorizar minhas amizades, "amigos verdadeiros", "conhecidos", "colegas", enfim. Essas separações só servem para tentar dar um ar científico ao meu olhar sobre o mundo, o que é um tanto patético.
Amigos, simples. Os guris com os quais saí podem muito bem ser meus amigos, já que gosto deles e quero estar perto deles tanto quanto possível. Que dane-se o fato de eu não estar disposto a colocar minha mão no fogo por eles, isso é algo que deve vir com o tempo. Ou que, quem sabe, deveria ser uma virtude minha, mais do que uma característica relacional.
Difícil dizer.

domingo, outubro 04, 2009

Epistemologia da complexidade - Edgar Morin (pseudo-resenha)

Edgar Morin inicia seu texto apresentando a idéia de que a palavra complexo indica algo que não conseguimos explicar. Partindo desta lógica, um pensamento que se diga complexo não pode ser considerado um que resolva situações, mas sim que assuma a dificuldade e a incerteza que devem acompanhar todo raciocínio.

O eixo do pensamento complexo é a noção de que tudo, no universo, está interligado. Morin não escapa ao exemplo da borboleta que, ao bater suas asas no Japão, gera uma tempestade nos Estados Unidos. A explicação para este exemplo, muitas vezes considerado com humor e desdém, está nas retroalimentações que os eventos produzem, de maneira que uma ação simples, a longo prazo, torna-se imprevisível. Além destas ligações entre todos os elementos, também é importante notar que o todo é composto por partes que, em si, o carregam isoladamente. Morin usa como exemplo as células de nosso corpo, que são ao mesmo tempo pequeníssimas partes do conjunto, mas que têm em si a informação genética para que sejamos inteiramente compostos. Esse reflexo do todo na parte, contudo, não significa que nada resta de diferença no individual: ele conserva sua singularidade, ao mesmo tempo que sua semelhança.

Nós somos ensinados, durante a escola, a pensar separadamente, cada assunto em uma disciplina diferente. Ocorre que esta separação nos leva a buscar uma simplicidade, uma redução dos problemas a respostas definitivas. Estas resoluções, uma vez alcançadas, levam-nos a estereótipos que, se seguirem sem questionamento, limitam nossa capacidade de pensamento, enxergando respostas simples para problemas complexos. Como ocorre com a estereotipia em geral, ela transforma-se em preconceito, graças à falta de perguntas simples que indiquem respostas complexas.

É possível, dentro desta busca por respostas simplificadoras, acreditar que o mundo pode ser explicado por um gênio superior dotado da capacidade de reconhecer as forças em atuação no mundo. Este ser poderia, então, conhecer o passado e antever o futuro, pois o mundo funcionaria como uma máquina infalível. O erro, nesse raciocínio, é acreditar que o caos e o imprevisível são apenas um nível ainda incompreensível de ordenamento. Esta questão deriva de uma crença em um destino escrito, ou seja, a organização última de todos os eventos, como se nossas vidas viessem de páginas escritas por um narrador engenhoso.

Para que seja possível compreender o pensamento complexo, faz-se necessário abandonar o conceito de objeto por um mais apropriado, o de sistema. A realidade comporta relações entre diferentes sistemas, e em diversos níveis, já que um todo é formado por inúmeras partes que, por sua vez, também possui unidades menores que as compõem. Nesta trama inalcançável de elementos constituintes, é possível se chegar a um certo nível de previsibilidade, na medida em que tudo ocorra conforme o esperado. Contudo, é justamente o inesperado que perfaz o complexo, e uma alteração no planejado reproduz-se, causando relações que podem, a princípio, ser sutis, mas que proporcionam a chance de outras acontecerem. Eventualmente, um bater de asas terminou por causar uma tempestade.

Outro ponto que Morin considera importante na defesa de suas idéias é a noção de que a realidade é construída a partir de nosso conhecimento, e portanto é única para cada indivíduo. Precisamente esta característica auxilia a perceber o pensamento complexo: não existe uma verdade que explique todas as questões do mundo, ou uma forma de agir que seja a correta. Cada ser percebe o mundo de um modo diferente, interpreta-o mentalmente à sua maneira e, por fim, reage a ele de sua forma.

Edgar Morin apresenta, como um dos fundamentos do pensamento complexo, o princípio ecológico da ação: “a ação escapa à vontade do ator político para entrar no jogo das inter-retroações, retroações recíprocas do conjunto da sociedade”. Esta noção apresenta duas conseqüências. A primeira está no fato de que a eficácia de uma ação planejada é maior quanto mais próxima está no seu princípio, quando menos fatores entraram em ação. A segunda é uma expansão da primeira, considerando que não é possível prever as conseqüências últimas de uma ação. De fato, talvez seja impossível inclusive considerar uma ação como última.

Aqui surgem outras duas questões que precisamos considerar. Em primeiro lugar, em meio ao caos e à complexidade, é necessário encontrar “metapontos de vista”, ou seja, estabelecer um local e um tempo a partir dos quais se observará a realidade e então se agirá sobre ela. A conseqüência de evitar este procedimento é a imersão em um eterno relativismo, numa observação inoperante e inacabável das retroalimentações da realidade complexa. Estes metapontos, porém, não se devem enraizar, sob o risco de tornar-se simplificado. Em segundo lugar, o uso excessivo de estereótipos gera um comportamento massivo que, justamente por não considerar alternativas, torna-se altamente previsível. Pessoas desacostumadas com o pensamento complexo, portanto, encontram-se desarmadas frente a outras que, por sua vez, aceitem o caos e sejam capazes de produzir alterações planejadas nos sistemas. Estas mudanças, terreno fértil para as retroalimentações incontroláveis, podem encontrar um corredor isotópico em determinados grupos de raciocínio menos elaborado.

Em tempos de internet, a noção de um pensamento complexo parece alcançável em poucos cliques. As gerações mais novas, criadas em contato com uma realidade amparada em comunidades virtuais, têm nesta tecnologia a percepção exata de uma ação simples pode se reverter em resultados inesperadamente gigantescos. É o caso de vídeos gravados para o Youtube, ou dos jogos interativos que correm entre blogs, ambos iniciativas individuais, ou de pequenos grupos, que podem se multiplicar ao ponto de serem reconhecidos mundialmente. Seria possível dizer, atualizando a borboleta e sua tempestade, que um adolescente no Japão que disponibilize uma foto online poderá, em algum tempo, criar uma nova tendência de moda no Brasil. Ou uma nova celebridade virtual. Ou, talvez, absolutamente nada, em meio às iterações imprevisíveis.

Complexidade científica

Estou escrevendo um texto sobre o pensamento complexo de Edgar Morin, e ao mesmo tempo cogito a possibilidade de disponibilizar meus escritos aqui no blog, ou em algum outro espaço que possa servir de ancoradouro para minha produção científica. Não sei ainda ao certo, talvez me parece mais acertado trabalhar com a Raposa Antropomórfica para questões mais diárias, sentimentais mesmo, embora ela esteja atualmente se configurando muito como um espaço para reflexões de trabalho. Dúvidas, óh dúvidas.


Por enquanto, uma idéia recorrente nas minhas leituras: a memória não é uma reprodução, mas sim uma reconstrução. Toda vez que pensamos em algo, não estamos acessando um arquivo em nosso cérebro, que prontamente recolhe a imagem, o som, o cheiro de determinado momento. Ao contrário, nós traduzimos algumas informações e a consideramos a memória do que aconteceu, sem percebermos que esse processo inevitavelmente contamina a "reprodução" com outras informações que, por ventura, cruzem nosso cérebro.

sábado, outubro 03, 2009

Trabalho

Foi-me dito que meu blog anda muito sobre trabalho. Não cheguei a reler meus posts (ainda) para confirmar, mas não duvido, já que este período da minha vida está bem dedicado aos livros. Mais de uma pessoa já disse para eu dar um tempo, descansar, enfim. Não é o que eu quero agora. A única coisa que preciso é passar no mestrado, ganhar uma bolsa e me mudar para Goiânia.

Como acontecerá isso, então? Bem, até o dia 15 de outubro devo fazer minha inscrição. Acho que a farei dia 9, já que depois ficarei com horários bem apertados, em função de ter conseguido um emprego. Já explico essa parte :op. O importante desta etapa é o pré-projeto, que deve explicar o que pesquisarei e, principalmente, deve atrair algum orientador.

Depois da inscrição, tenho a prova no dia 28. Tentarei realizá-la aqui em Porto Alegre, mas para isso necessitarei da colaboração de algum diretor de unidade da UFRGS bem intencionado. Espero que o pessoal da Fabico não invente problemas para isso, afinal sou um egresso dali.

Dia 9 de novembro vem o resultado da prova do dia 28, e dia 23 terei resposta sobre o meu projeto, caso eu tenha sido aprovado já na primeira avaliação. Passados estes momentos, terei que ir para Goiânia entre 30 de novembro e 4 de dezembro, a fim de ser entrevistado pelos professores do Programa de Pós-Graduação em Cultura Visual da UFG.

Lá em meados de dezembro, dia 15, sai enfim o resultado. Se eu passar por todo processo seletivo com sucesso, mudar-me-ei para Goiânia em março, a fim de iniciar meus estudos.


Emprego novo: carteira assinada, 6h por dia, das 8h às 14h, na Gráfica da UFRGS. Minhas tarefas ainda não ficaram definidas. A proposta era fazer serviço de editoração, que é bem meu chão, mas talvez eu auxilie a chefe do departamento de editoração, uma vez que tenho um conhecimento bem avançado nesses processos. Vamos ver o que acontece ^^

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