domingo, janeiro 31, 2010

Erros

Eu chamaria esse post de "primeiros erros", em homenagem à música, mas não se tratam de primeiros. É um problema que ocorre no meio do caminho, quando a gente já está em meio a zilhões de fios e tramas. Nós.

Até ontem eu estava confuso, irritado e um pouco entristecido.
Mas hoje, ouvindo Quelqu'un m'a dit, da Carla Bruni, eu encontrei a solução.

Tudo bem, vou perdê-la novamente na próxima vez que me interessar por alguém, mas espero ser capaz de me recuperar mais rápido. Eu sempre sei disso, mas sempre deixo de lado quando chega a hora. Duas vidas só fazem sentido se elas permanecem sendo duas. Eu tenho a mania de tornar a minha devotada à outra.

sábado, janeiro 30, 2010

A questão do tempo

As pessoas têm medo de se relacionar em curtos períodos de tempo, de se entregar ao desconhecido. É claro que entendo os motivos por trás disso, mas enxergo também o problema crucial nisso: nós nunca sabemos quanto tempo temos. Eu tenho um mês em Porto Alegre, apenas, então posso me entregar por um tempo bem limitado. Acontece que eu – ou qualquer pessoa que possa viver junto por, digamos, o resto da vida – posso ser atropelado amanhã e acabar com qualquer tempo maior.

Ou seja: a gente nunca sabe.
Era só se entregar, se deixar viver. Nunca funciona, né?

sexta-feira, janeiro 29, 2010

Segurança

Estar sozinho é uma sensação péssima. Estar sozinho tendo uma companhia não costuma ser, salvo se nos deixamos levar pelo problema número um em relacionamentos: a abertura para pensar. Um namoro é conformidade, é aceitação de regras em comum e destinos afins. O tempo em que paramos para imaginar "mas será que ele..." é exatamente o tempo em que desfiamos a confiança e nos entregamos ao medo de perder. Aquela coisa da paixão.

Pois bem, eu estou imaginando coisas. E da pior maneira possível: sabendo que não tenho o direito. Quando as regras não foram estipuladas para o jogo entre duas pessoas, uma só criá-las e acreditar que o outro deverá segui-las é um erro básico, além de imbecil.

Não há regras, não posso ficar chateado pelo não-dito.
Posso, isso sim, ficar chateado por o mundo não ser visto como eu o vejo. Eu não gosto de deixar margem para a imaginação navegar, prefiro jogar no campo da sinceridade crua. Não, não é uma questão de sinceridade, pelo menos não aqui. É mais uma noção de saber o que pode acontecer com os neurônios do outro e evitar.

Um carinho, um cuidado.
Segurança.

quinta-feira, janeiro 28, 2010

Iterações infinitas

É inegável o fato de que um acontecimento pequeno – uma borboleta voando, digamos – tem o poder de gerar eventos altamente improváveis ou, no mínimo, imprevisíveis. Tenho batido nesta tecla com frequência, pois foi essa percepção que me permitiu, ao longo de 2009, explorar alguns caminhos da vida. É uma questão de escolha: permitir que o mundo desenvolva os acontecimentos ou fugir deles o máximo possível. De um lado, o caos e o medo do que pode acontecer; de outro, a segurança e certeza do que já aconteceu.


Eu sou frustrado com o meu passado, ou com minha ausência de história. Apesar de ter sido dotado com uma inteligência acima das dos meus pares, eu nunca a aproveitei como poderia por falta de experiências para movimentar os neurônios. Nada tira da minha cabeça que tudo que eu precisava, aos 12, 13 anos, era de um choque, um impacto para o qual eu não estivesse preparado para lidar.

No meio de um mundo heteronormativo, eu me agarrava a amores platônicos por garotas que nunca poderiam ser minhas. Nem eu saberia o que fazer com elas, caso um dia retribuíssem. Creio que, para o mundo feminino, estive desde cedo destinado a ser um companheiro fiel, um amigo impagável, no lugar de um amante.

Dentro de uma família disfuncional, em que toda atenção esteve sempre voltada para a ovelha negra, e depois para a matriarca do sangue, ou para a tia debilitada, ou para qualquer outra questão mais importante que o menino perdido, aprendi a me esconder e a mentir. Foi lá que a raposa nasceu, pronta para desafiar o mundo e proteger o enfraquecido canceriano. Existem muitos modos de se ter uma infância ruim; nem todos envolvem falta de amor. Desde cedo eu era o orgulho da família, a esperança do sangue. "Apesar de tudo, este vai dar certo". Pois é verdade, eu cheguei mais longe que qualquer um nessa família e com muito menos idade.

Talvez esse seja o meu grande rancor: eu nunca tive espaço para errar, para aprender com minhas próprias experiências. Enrolado em planejamentos e estratagemas, o sonhador foi se deixando levar pelas ondas criadas por outros barcos, sem muito empreender em seu próprio oceano. Dias inteiros perdidos em silêncios cinzentos. Como alguém que amadureceu tão rápido no quesito "cuidar dos outros" demorou tanto para deixar de ser uma criança sobre si mesmo?


Nesse tempo todo, tudo que eu precisava era de um primeiro acontecimento. Curioso que, mesmo sem ainda ter a noção consciente, eu ansiava por isso. Ensaiava alguns passos na direção do caos, porém passos controlados, medidos cientificamente para evitar danos. Ora, se o perigo é evitado não há verdadeiro caos. Onde existe controle não é possível expandir. Eu tinha medo do que poderia descobrir, a que conclusões poderia chegar.

Imaginando em retrocesso, não sei se conseguiria suportar alguma mudança drástica na minha vida com 14, 15 anos. Eu sempre soube o que queria, mas nunca conseguia encontrar os caminhos para chegar ao idealizado. Tão sagaz em relação às personalidades dos outros, sobre que caminhos deveriam seguir, e ainda assim cego sobre minha própria estrada. No fim das contas, a culpa foi minha também, por não ter crescido antes.


O ponto de ruptura foi numa noite de 2005. Não sei dizer exatamente qual noite, a data específica já se apagou da minha mente, e naquela época eu não escrevia ainda na Raposa Antropomórfica. Heh, sequer me construía nessa metáfora. Sei que foi no fim do ano, última semana, provavelmente.
Depois de anos de tentativa frustradas de fugir ao meu próprio controle, à minha falta de alma, eis que apareceu a chance. A gente só se joga no caos se acredita que ele pode nos fazer melhor, se achamos de verdade que o instável é melhor do que o conhecido. Eu não tinha nada sob controle, nem mesmo uma alma. Sentimentos? Emoções? Gente, está escrevendo aqui a pessoa que, ao receber a notícia de que havia passado no vestibular, ao invés de comemorar, sentou no sofá para continuar olhando novela. O que lembro daquela noite? A felicidade do meu padrasto e a cor acinzentada que a sala da praia começava a assumir, no fim da tarde.
Eu tive medo na noite em que tudo mudou. Muito medo mesmo. Medo de que alguma coisa acontecesse de ruim, medo de que eu pudesse estar fazendo algo terrivelmente errado. E foi tão bom, tão intenso, tão diferente. Ainda assim, fiquei imóvel. O mundo poderia, mais uma vez, ter entendido o recado como "não quero participar do caos" e me deixar lá, isolado em mais uma tristeza de algo que não vivi.

Eis a minha teoria: uma palavra, um gesto, as vezes um sorriso é suficiente para mudar a vida de uma pessoa para sempre. Para mim foram gestos, palavras, paciência para o pavor dissipar-se num moderado temor. Compreensão a respeito de um garoto de 19 anos que queria experimentar o mundo, mas não sabia que podia.


A minha vida teria sido diferente se alguém houvesse cruzado meu caminho antes.
Hoje me despedi de uma bolsista da Gráfica, que vai viajar durante fevereiro e quando voltar eu já terei partido para Goiânia. Ela me agradeceu por tudo que a ensinei, em o que, dois meses de chefia? Não sei ao certo o que foi esse tudo, mas espero que tenha sido não muito, mas sim essencial. Que um dia ela pense "puxa, que legal que tive o Tales como chefe". Não pelo orgulho de ter sido alguém legal, ou importante, mas sim pela noção de que fiz diferença na vida de alguém.

Eu quero fazer a diferença. Se possível, muitas diferenças.

quarta-feira, janeiro 27, 2010

Paixão

Estava eu conversando com a Rosângela, amiga e ex-colega de trabalho na Editora, quando ela lembrou de um programa de televisão em que viu um psicólogo ser entrevistado. Ele tratou sobre uma visão diferente do que seria paixão. Ao invés de uma sensação única e eletrizante, a paixão se caracterizaria pelo medo de perder o ente querido. Por esta razão, muitos casais acham que estão perdendo o tesão pelo outro, a partir do momento em que perdem a dúvida sobre se a pessoa continuará ou não em suas vidas.

Será por isso que a paixão fica mais forte quando temos certeza de que perdemos (ou perderemos) alguém?

Gripado

Super queria estar em Novo Hamburgo, oferecendo um abraço de consolo. Mundo cão.

terça-feira, janeiro 26, 2010

Little boots + Gay Talese

A mulher do próximo é um livro bem interessante para pessoas interessadas em sexo. Ele constrói um cenário bastante complexo de questões envolvendo a sexualidade de diversos personagens (reais), indo e vindo entre nomes que se tornam conhecidos por seus papéis na censura ou na liberação do sexo no cotidiano.
Uma das frases mais interessantes no livro, atribuída a Gershon Legman, é: "Homicídio é crime. Descrever um homicídio não. Sexo não é crime. Descrevê-lo é". A singeleza dessa comparação já serve para estabelecer uma base do que Gay Talese trabalha ao longo do texto, certo?
Outro ponto bacana é a descrição de uma espécie de spa sexual, uma comunidade que une pessoas interessadas em nudismo e sexo. Um clube privado em que verdadeiras orgias aconteciam, bem à semelhança do que vemos no filme Short Bus.

Ainda farei um clube sexual.


Comecei a ouvir com mais atenção à banda Litte Boots. Cheguei nela através de Symmetry, que me foi enviada por um amigo. Ando meio apaixonado também por Gossip, especificamente as músicas Heavy Cross e Standing in the way of control. São animadinhas, com jeito de "vamos enfrentar o mundo", ou no mínimo dançáveis o suficiente. Nham.

segunda-feira, janeiro 25, 2010

Dilema

Ir ou não para Goiânia? Abandonar tudo aqui e começar do zero lá ou manter tudo aqui e ir construindo em cima? Pelo meu raciocínio, lá eu vou mais longe, mas com muito mais trabalho. Aqui eu posso ir quase tão longe, ou subir um bocado que seja, com uma facilidade maior.

Até o momento, na minha vida, essa está sendo a decisão mais importante (e difícil) a ser tomada. Tenho um mês e uns dias pra isso.

domingo, janeiro 24, 2010

Amor verdadeiro?

Como a gente faz quando quer voltar a escrever sobre amor verdadeiro, mas acredita que there is no such thing? Quero dizer, duas pessoas que se amam incondicionalmente proporcionam potenciais dramas narrativos, mas irreais. Ao menos, creio, para seres realmente pensantes. A lógica desafia o conforto de um amor perfeito. Ainda assim não posso excluir, também de um princípio lógico, que a estabilidade de um namoro proporciona uma certa segurança emocional que é muito preciosa para que possamos utilizar nossas energias em outras áreas.

Pena que meu problema é menos conceitual e mais prático. Afe!

Domingo

Fui a um aniversário neste fim de semana que me lembrou o quanto eu acho divertido que pessoas tenham grupos. Não apenas: essencial. Como hoje não é dia pra ficar down, não falarei do quanto eu sinto falta de pertencer a algum ^^


Ainda na questão das expectativas, que sempre paira sobre a humanidade, fica a pergunta: quando vamos aprender a curtir o que acontece, não o que queremos que aconteça?

sábado, janeiro 23, 2010

Locked in

Não sei se a expressão-título deste post serve para definir o que tentarei dedilhar aqui, mas ela parece uma escolha lógica. Estava ontem com o effy num parque da cidade, caminhando, conversando e deitando despretensiosamente, quando alguns temas do passado vieram à minha memória. É um tema recorrente a idéia de que 2006 foi o começo da minha vida e que 2009 foi a reforma social/sexual que eu precisava para me ajustar ao mundo.

Antes desse período eu tinha uma dificuldade incrível de sentir e, principalmente, demonstrar emoções. Algo estranho mesmo, que deveria ter sido corrigido logo que principiou, mas nunca foi visto como problema por quem poderia ter feito algo a respeito. Não posso culpar meus pais, já que eles tinham outras questões para resolver. Era o caos novamente, com suas iterações gerando tramas que seriam estouradas somente agora.

Há muito ainda para resolver, como meu medo absurdo de falhar, de não ser bom o suficiente, de não dar certo. Essa é provavelmente minha maior limitação, minha dificuldade em aceitar aventuras nas quais eu não reconheça uma considerável chance de sucesso.

Ao longo do ano passado procurei deixar claro para as pessoas que eu gosto o quanto eu gosto delas. Não foi exatamente fácil, mas aos poucos fui conseguindo. Ainda acho bem complicado elogiar as pessoas que merecem ser elogiadas. O mesmo vale para xingamentos, nunca deixo claro o modo como me sinto em relação aos outros. Não é estranho?


Oh uau, tenho muito ainda a resolver.
Que bom, pelo menos tenho o que fazer :o)

sexta-feira, janeiro 22, 2010

Feliz

Não tenho muito a acrescentar, exceto que estou feliz. Poderia falar do Iguatemi, do Parque Germânia, dos abraços e beijos fofos. Mas nah, deixemos assim. A memória não precisa de palavras para nos deixar felizes :o)


Esse tempo dedicado é o que vai marcar a memória. É o que me faz feliz. Enfim, fui ^^

quinta-feira, janeiro 21, 2010

A distância

Ontem meus pais voltaram da praia, e hoje conversei com minha mãe. Ela parecia bastante abatida, e quando questionei a razão disso, tive como resposta o fato de eu e meu irmão estarmos bastante afastados dela nos últimos tempos. Existe verdade nessa reclamação. Não é recente a minha incursão pela vida social, afastando-me bastante da convivência em casa. Assim como ela, também não recordo a última vez que saímos juntos, que fizemos algum programa só pelo prazer da companhia um do outro.


Eis que parei para pensar, que é o que costumo fazer quando caio numa dessas situações. O que fazer? Tentar ficar mais próximo da família, sair junto com minha mãe e tudo mais? É seria uma resposta adequada. Eu quero? Não.
Puristas de plantão, tchau. Não se trata de mais um caso de filho desnaturado, mas sim de algo que tenho observado ser comum. A distância afasta as pessoas. Eu sempre fui um filho exemplar e presente na família, até o dia em que deixei de ser. Óbvio, eu sei, mas isso vale também para amizades e relacionamentos: a distância enfraquece os elos.

Tive um amigo que era meu melhor, e atualmente nos cruzamos na rua e dizemos "bom dia" e nada mais. Nada mais. Melhores amigos que não param mesmo num dia sem pressa? Tudo bem, nos distanciamos, tomamos caminhos diferentes, vivemos outras coisas.

Outro exemplo é o pai do L, que veio de uma cidade distante e agora foi embora de novo. Ele voltará, eu sei, mas será a mesma coisa? Ou será que ele vai se tornar uma memória de um tempo legal, porém distante? Passado?

Nessa lógica eu temo pelos meus amigos de hoje. Será que perderemos contato, que deixaremos de ter a mesma importância, que nas visitas à cidade será tudo... frágil?



Tenho medo de ser sempre a pessoa distante, sempre a criatura que vai embora dentro de um ano, dois. Um mês e meio. É engraçado como nossos desejos se voltam contra nós, algumas vezes, já que a idéia de não ter raízes é o que me motiva a sair de Porto Alegre, mais que qualquer outra.

Será que desisto?

terça-feira, janeiro 19, 2010

Tuitável 2

É curioso ser bloqueado no MSN por alguém que falou contigo todos os dias por quase três anos.

Metas para 2011

Um post tuitável: em 2009, consertei minha vida social. Em 2010, ajeitarei minha vida intelectual e, se sobrar tempo, a saúde vai junto.

segunda-feira, janeiro 18, 2010

True love

Faz sentido que alguém que costumava escrever sobre amor verdadeiro e paixões capazes de mudar vidas simplesmente não acredite mais nisso? Não sei se é bem o caso de haver perdido a fé na humanidade ou simplesmente a aceitação de que o caos é mais forte do que qualquer ordenamento feliz criado pelo homem. Provavelmente o segundo.



A ignorância é uma bênção, we all now it. Se tu conhece uma pessoa, te relaciona com ela e segue desenvolvendo uma amizade, e em seguida conhece outra pessoa, com a qual tu também te relaciona, digamos, no mesmo nível, qual o perigo? Nenhum enquanto elas não se relacionarem de um modo potencialmente conflituoso.
Eu sei que não preciso meter a colher. Sei mesmo. Sei que no momento em que eu fizer isso estarei estragando uma, senão duas amizades em potencial. A razão é simples: são intenções diferentes e opostas, e sei exatamente o lado que sairá machucado. Se eu não fizer nada, as coisas avançam por mais um mês e aí rola sangue, mesmo que metafórico. Se eu agir, acho que corro o risco de romper alguma coisa que é muito confortável pra mim neste momento.

E aí?
O certo ou o lucrativo?
O certo sendo a minha visão de como o mundo deve ser; o lucrativo, a manutenção do mundo dos outros, não importa o quão míope ele seja.

Tudo isso, sempre, baseado na idéia de que estou com vantagem em relação aos demais jogadores.


Interferir ou ficar na minha?
Raposa ou canceriano?

Oh hell, let's interfere.

domingo, janeiro 17, 2010

Joguinhos

Estava discutindo hoje de tarde com um rapaz que estava me acusando de fazer joguinhos. Bem, é o que eu faço o tempo inteiro, pois eles me permitem conhecer as pessoas, saber o que me oferecem e o que deixam de oferecer. As únicas pessoas realmente livres disso são meus amigos mais próximos, e basicamente porque eu confio o suficiente neles para não ser decepcionado.

Existe um nível de relacionamento em que os joguinhos somem, mas carece paciência para chegar até ele.



Existe um momento certo para confiar em alguém? Para começar a ser sincero, a se arriscar e mostrar o coração sem muralhas?

Resolvi usar uma abordagem diferente com o Éfi. Ou Effy heheh
Vou jogar limpo. Sem cartas na manga, sem desvios. Sem poker face or whatever.

Se valer a pena, a gente implementa.
Senão, o caranguejo volta pra casca e a raposa, pros campos.

sábado, janeiro 16, 2010

Da série Adeus Porto Alegre

Bem, eu estava pensando nisso há algum tempo, e agora resolvi concretizar. Farei hoje uma demonstração do meu quarto, como parte de uma iniciativa para tornar este blog mais visual. Então lá vamos nós :o)
Em primeiro lugar, a visão que temos quando chegamos do corredor. Luz acesa, cama arrumadinha (ok, essa não é a visão normal, confesso que ajeitei um tantinho antes de tirar a foto). Muito comum a existência de quilos de livros espalhados sobre o armarinho ali, bem como a janela fechada. Sou meio recluso por natureza, e o sol tem a mania irritante de esquentar tudo.


As vezes eu fico com o ventilador ligado, como dá pra ver ali, mas só quando não consigo aguentar o calor. Isso porque, fresco como sou, detesto vento direto em mim.

Quando sentado no meu computador, eis a visão. Confesso que meu quarto está mais caótico do que de costume. Isso aconteceu pq pintaram tudo, e eu estive ocupado demais falando no MSN pra arranjar espaço para guardar tudo de novo. De relance já conseguimos ver duas criaturinhas que habitam o lugar comigo, o Volmey e o Éle. Os dois não se bicam muito, por isso não os coloquei juntos. Acho que têm ciúme um do outro, coisa de irmão mais novo versus irmão mais velho.


Ei-los novamente. Junto com o Volmey ficam os filhotes, sempre abraçados nele. O Éle repousa confortavelmente sobre o rádio, que só é ligado em casos extremos. Dá pra ver um pedacinho do meu dicionário de francês, também.
E não sei o que mais falar sobre essa foto, quero que as próximas cheguem logo hehehehe, então vou ficar enrolando. Quem quiser pular esse parágrafo, por favor sinta-se à vontade :oD


Eis aqui o que vejo ao acordar. Na verdade, eu vejo o teto e saio correndo, geralmente, sem nem olhar para o lado, mas deixe-me ser romântico, por favor.
A luminária que me permite ler de noite está ali, observando tudo. Ao lado, caixinhas e potinhos. Abaixo, as minhas três gavetas principais do quarto: 1) coisas em geral; 2) coisas importantes; e 3) coisas importantes (documentos).
No centro da foto, o meu terceiro arco-íris.


Eis a visão do quarto quando estou deitado e olho pra frente. Minha estante de livros e meu computador. Aquela cadeira é o ponto mais quente do quarto, onde passo a maior parte do meu tempo consciente.
O computador, obviamente, o posto avançado de comando. Tudo que existe em mim vem dali. Um dia talvez eu troque isso, mas por enquanto ele é fundamental na minha existência.


Então esse é o meu quarto.
Eventualmente mostro meus locais de trabalho, meus amigos, o restante da minha vida em Porto Alegre. A vida que seguirá sem mim.

sexta-feira, janeiro 15, 2010

Sometimes things just go away

Passei 36 horas com uma pessoa legal. Jantamos juntos, olhamos capítulos de um seriado, fomos dormir quando estávamos com sono. Não transamos, conversamos, transamos. Ele cozinhou pra gente. Nós dançamos juntos. Deitamos no sofá, adormecemos.
And now it's gone. Again.

O tempo leva tudo na vida. Essa verdade eu já entendi. O triste é que eu precise ficar revendo isso a cada minuto, ainda mais agora que quem está indo embora sou eu. Custava eu ter aprendido a viver antes?

Lembrei!

Eu estava enfezado no último minuto por ter esquecido qual frase eu queria dizer, uma coisa super tuitável se eu fosse adepto do twitter, talvez eu até tuíte.

It's part of the dream it's lasting only through the night.

Essa consideração me passou pela cabeça quando estava vindo pro trabalho hoje de manhã, novamente atrasado. Minha noite foi bem boa, assim como a do dia anterior. Continuo com sono, apesar de ontem ter dormido relativamente bastante (foram seis horas de sono, mais do que eu vinha conseguind0). Até amanhã devo dormir bem mais.

O problema é que vai acabar. E é normal que acabe, que eu tenha conhecido um guri legal que pode me acrescentar algumas coisinhas que me faltam. Fico feliz que o pai do L tenha me preparado para isso, me deixando de braços abertos para o mundo.


Meu despertador continua sendo Gotta Feeling, do Black Eye Peas. Algo meio "party every day" rolando na minha vida.


Hoje meu ex-chefe veio perguntar o que eu acho das aventuras e loucuras e perdições da nossa ex-colega de trabalho. Ela viajou, aloprou,. está querendo largar os estudos e talvez ter uma vida profundamente hippie. Feliz pra ela, mas talvez irreal para o mundo. "Tenso".

quinta-feira, janeiro 14, 2010

Sempre o caos

Ontem eu estava em dúvida se ficava em casa ou se saía. Hoje estou contente por ter decidido sair nos últimos minutos, correndo e gastando dinheiro, porém conhecendo gente nova. Confesso que estou cheio de expectativas e isso é uma coisa ruim, mas dane-se. Tenho direito de provar momentos felizes nos últimos dias em Porto Alegre.


Acho que vou para Buenos Aires.
Estou começando a entender, de verdade, o que é viver.


Metas do ano: ser mais pró-ativo e decidido; ser menos transparente; ser mais interessante; ser mais egoísta.

quarta-feira, janeiro 13, 2010

Sono

Não tenho dormido direito. Nada por falta de tempo ou de disposição, mas sim por achar que cada minuto dormindo é um tempo jogado fora. Claro, esse é (mais) um dos reflexos da vida desregrada que assumi desde o início do ano passado. A questão da responsabilidade está bastante complicada de gerenciar, principalmente se eu levar em conta a quantidade de festa que tenho feito. Estou numa corrida para recuperar o tempo perdido, o que sei que é uma estratégia não só precária, como também estúpida.

Há dias venho dizendo que voltarei a me concentrar em coisas importantes. Por estes dias tive um estímulo interessante: comecei a me comparar com amigos de infância. Havia um quarteto que era um bocado unido, mesmo que apenas por manias nerds, e deles hoje eu sou quem está em pior desenvolvimento financeiro, acredito. Estou com um pouco de medo de haver estagnado.

Meu padrasto falava nos 5% que se destacavam no mundo, sobre como era importante estar entre eles, sob o risco de passar a vida sendo mais um. Sempre me considerei não sendo "mais um", mas nunca consegui negar o fato de não pertencer ao seleto grupo. Minhas desculpas variavam conforme a idade, o momento, o humor. Ainda assim, o que sobra disso é o fato de eu não pertencer a esse grupo.

O mesmo parece acontecer agora com meus amigos da faculdade. A maior parte deles está se desenvolvendo muito bem. É claro, são inteligentes e socialmente desenvolvidos. Vão atrás do que desejam, se atiram nas oportunidades.

E eu?

Pulso

Sério, tá doendo muito. Vou dormir e não o usar por um tempo, pra ver se melhora.

terça-feira, janeiro 12, 2010

Pizzinha

Pizzinha com amigos. Vivian, Andreza, irmã da Cinara (Maísa), irmã da Vivian (Sara) e namorado da irmã da Vivian (Thiago). Sabor champignon, para terminar bem a noite.

Não tenho muito o que falar, mas não queria ficar sem escrever aqui.
Estou gostando muito do ritmo da minha vida nesses meses de despedida. Ver a Vivian hoje (que faz parte do trio de melhores amigos) e a Andreza (que não fica muuuito atrás, apesar do nosso contato andar meio escasso) foi muito animador.

Sentirei saudades.

domingo, janeiro 10, 2010

Conectando-se

Uou, acabei de olhar o primeiro capítulo da sexta temporada de House. Episódio duplo, uma hora e meia de duração. Simplesmente fantástico. Tudo acontece em torno da noção de se permitir aos demais, em abrir-se à confiança, em se permitir sofrer por ter sido feliz, antes.


Até antes de 2006 eu era completamente incapaz de me relacionar com seres humanos. Nas palavras de um familiar, "eu não tinha alma". Sem desejos, sem interesses, nada do gênero. Hoje em dia eu digo que simplesmente não existia, na época.

Lembro que, em 2001 ou 2002, eu estava certa vez sentado em uma escadaria que ficava meio escondida lá no colégio em que estudava. Ela cruzava uma espécie de bosque, cheio de árvores enormes. Muitas vezes eu ficava ali sozinho, deixando o tempo passar até que a próxima aula começasse. Minha existência era meramente burocrática. Nesse dia uma menina um ano mais nova que eu veio falar comigo, ela também estava sentada lá, isolada, sem ninguém para olhar por ela. Nós passamos algumas semanas nos encontrando durante os recreios, num arremedo de amizade que não se sustentou. Não consigo lembrar o motivo, mas acredito que tenha sido algo como medo do preconceito que as amigas dela tinham em relação a pensar nela ficando comigo. Eu era bem desajeitado, feio e encolhido, na época, e estudava num colégio particularmente cruel.

Também nessa época houve um acontecimento que me marcou. Apesar de ser absolutamente antissocial – eu sempre evitava contato com seres humanos, apesar de ser uma pessoa naturalmente carismática –, eu queria ser diferente. Certo dia, após o almoço, eu estava sentado sozinho por algum lugar do colégio, e vi dois colegas se aproximando. Eu admirava os dois, tanto pela inteligência de um deles quanto pela popularidade de ambos.
Eles vieram, perguntaram o que eu estava fazendo ali. Respondi qualquer coisa como "ah, só matando tempo" e, quando fui me preparar para levantar e acompanhá-los, eles disseram algo do tipo "nah, nem precisa, pode ficar aí". Não sei se havia alguma intenção de me afastar ou o que, e nem importa. A essência desse momento está no fato de eu ter ficado ali. Dentro de mim, porém, conseguia ouvir os gritos da raposa "não vão embora, me tirem daqui, fiquem perto de mim".

Foi nessa época que escrevi meu primeiro romance. Ele provavelmente nunca será publicado, é de um texto infantil, pobre. A história foi construída sobre a idéia de que cada pessoa teria pelo menos um "anjo" na sua vida, uma pessoa com o poder de ajudá-la. Chamei a história de Teoria dos Anjos. Ela tinha um final feliz.
Chega a ser engraçado comparar o ontem e o hoje. Lá eu acreditava que o caminho era triste, mas o fim poderia ser feliz. Hoje é justamente o contrário, não imagino uma possibilidade de um fim que seja contente, justamente por ser um fim. O caminho, contudo, não pode ser triste também, do contrário nada valerá a pena.

De 2006 a 2008 iniciei o processo e comecei a construir algumas pontes. Foi um período difícil, mas ao mesmo tempo incrivelmente feliz. Tive certeza – e como é bom ter certezas – de que era amado e que podia amar outras pessoas. Não existe modo de determinar o quanto algumas fizeram diferença no meu existir, nem tampouco o quanto eu mudei.
Eu ter namorado ao longo de dois anos e meio, bem como ter sentido as dores de uma separação ainda misturada com amor, foi o que mais me marcou, certamente. Haver começado o ano encontrando amigos, me abrindo pra eles e me mostrando frágil também tiveram um papel impossível de ser medido.

O fim de 2008 foi o fim de tudo. Iniciei 2009 jogado numa espécie de limbo caótico: sem certeza de trabalho, sem aulas para assistir, sem um par romântico definido. Tudo nesse ano que recém passou teve de ser feito do zero, ou de um ponto muito baixo. A diferença crucial esteve o tempo inteiro no fato de que eu sabia o que queria para mim. Eu queria ser a pessoa que viveu. O cara aquele que tem histórias para contar, ao invés de ser o que sorri e diz "puxa, que legal, queria ter feito algo parecido".
Demorei um bocado a entender que estar com 22 ou 23 anos não significa que a inexistência até os 19 me impede de mudar. Justamente pelo contrário, foi a ausência de histórias e de sentimentos que me movimentou. Eu era uma casca querendo ser preenchida. Uma criança com grandes olhos apontando para todos os lugares, ainda incapaz de esticar a mãozinha e pegar o que quer.

Começo 2010 com uma certeza, e as certezas continuam agradabilíssimas!
Estou vivo.
O mundo vai continuar mudando, pessoas boas irão embora, criaturas cretinas persistirão, a inteligência e a liberdade não serão a regra.

Talvez um ano atrás eu não estivesse pronto, ainda, para chorar a ausência de um amigo. Ou para confessar meu coração, ou ainda para aceitar que ele não pudesse ser recebido.

Estou vivo, e por trás da raposa existe um humano.

Sobre beber

Eu tenho bebido muito nas festas e noites, cerveja, vinho, tequila, vodka, batidas, o que aparecer estou provando. Embora eu tenha certeza de que não estou no nível da dependência ainda, sei que já avancei muito mais do que gostaria (deveria?). Claro, esse "gostaria" é de anos atrás. Como um amigo que disse que nunca fumaria maconha, pois preferia destruir os pulmões ao cérebro, e hoje é um adorável viciado.

O álcool possui um agradável efeito de liberdade. É bom, pois evita que eu fique trancado em mim mesmo quando deveria estar provando o mundo. É ruim, pois me exige cada vez mais para que eu possa soltar algumas amarras morais.
Confesso que sem bebida ainda não estou no ponto que desejo, mas consigo construir o raciocínio que desejo ter depois de ter bebido um pouco. Não se trata de loucura, mas sim de jogar fora alguns cacarecos morais.


Meu amigo que voltou para sua cidade me disse que eu deveria tentar demonstrar mais os sentimentos e tal, fazer mais drama. Ter reações. Que essas coisas cativam as pessoas. Curioso que ele tenha me dito isso depois de uma demonstração realmente forte, minha. Dramática mesmo, mais que a marmota.
Ontem no meio da festa eu atirei cerveja nas pessoas que estavam dançando comigo. O primo do guri que eu já conhecia fez isso primeiro, e o guri estava sem camiseta, então nem achei que seria uma má idéia. Aliás, verdade seja dita, eu não pensei.

É isso que o álcool proporciona: não pensar.
Eu estou acostumado a rodar na minha cabeça centenas de milhares de testes antes de cada ação, tentando rastrear problemas, riscos, conflitos. Sou todo evitar problemas.
Ele poderia ter ficado brabo comigo por eu ter jogado cerveja nele. O fato de não ter ficado não muda em nada a possibilidade, e sóbrio eu jamais teria ousado.
É isso que o álcool proporciona: inconsequência. Ou, no mínimo, falta de planejamento.


Quero isso pra mim sem precisar beber.
Continuarei treinando meu cérebro.

Quereres

A noite ontem foi fabulosa.
Todo este fim de semana está sendo uma verdadeira provação de sentimentos e sensações. A conclusão óbvia é que 2010 não poderia ser metade do que está sendo se eu não tivesse construído tudo passo a passo ao longo de 2009. Isso provavelmente significa que em Goiânia terei dificuldades, no início, para estabelecer uma vida como a que tenho aqui. Algo normal e que desaparecerá com o tempo, como acontecerá em todos os lugares que eu começar uma vida novamente. Penso como não sofrem (e aprendem) as pessoas que passaram a infância se mudando, ano após ano, seguindo os caminhos da família.

Fui a uma festa munido de expectativas. Cheguei sozinho, estava aguardando a chegada de um conhecido. Enquanto não o via, encontrei um outro rosto reconhecível e me diverti conversando e dançando com ele e seu primo. Depois encontrei o moço prometido e tive a decepção da noite, ao seguir acreditando que o mundo gira para os outros como para mim. Para a raiva e tristeza sugeri ao meu cérebro duas soluções típicas: baixar as expectativas, mesmo depois do ocorrido, me convencendo de que eu não deveria ter acreditado em nada já de partida; e beber tequila.
Logo que cheguei na festa eu bebi um copo de caipirinha, estava meio doce, meio fraco. Como para usar cartão de crédito exigiam um mínimo de R$ 10,00, comprei também uma cerveja, que não demorei muito para beber. Depois da decepção tive que apelar para a solução de todos os problemas, a adorável tequila. Uma dose não foi suficiente, então fui para a segunda.

O resto é proibido para menores ^^


Então o que fica disso tudo é a solução para os problemas. Não, não a tequila. OK, a tequila também. Eu queria exclusividade em um convite que não previa isso. Quis estabelecer certas regras para um movimento completamente caótico. O erro foi, portanto, meu.
Pretendia escrever muito mais sobre isso, mas tenho a impressão de que já discursei exaustivamente em outras ocasiões. São nossas expectativas que determinam o quanto nós nos decepcionamos com os acontecimentos.

Tem uma música do Radiohead que canta assim:

Don't get any big ideas
They're not gonna happen
You paint yourself white
And feel up with noise
But there'll be something missing

Now that you've found it, it's gone
Now that you feel it, you don't
You've gone off the rails

So don't get any big ideas
They're not going to happen
You'll go to hell for what your dirty mind is thinking

sábado, janeiro 09, 2010

Despedidas

Eu agora tenho mais um ser de pelúcia adornando meu quarto, mais um acompanhante na minha jornada para Goiânia. Batizei-o logo que vi: L. É uma pequena homenagem ao moço que o me deu, bem como uma letra que, entre parênteses, tem bastante significado. Junto com ele ganhei meu terceiro arco-íris, e não poderia ter sido um presente mais acertado. Desde o instante que vi o desenho me apaixonei por ele, e agora ele é meu.

Despedidas são momentos estranhos. As pessoas se abraçam e se querem e se dão mais motivos para sentir falta das pessoas queridas. Claro, elas também se dão mais razões para se lembrarem, dias meses anos depois, do que viveram juntas.
Entre ontem de noite e hoje de manhã tive a oportunidade de me despedir de um amigo que acrescentou muito na minha vida nos últimos três meses. Muito experimentei, tanto de aventuras quanto de sentimentos, só pela existência dessa criaturinha especial.
Gostaria de escrever muito mais, falar sobre quanto vou sentir falta, sobre como eu gostaria de não ter problemas para ir e vir entre cidades, sobre a dor que é estar saindo daqui justo agora.


De tudo isso, fica um aprendizado: eu devo ser mais pró-ativo. Esperar menos pelas coisas, ir atrás do que desejo, lutar. Estou super acostumado a ficar no meu canto, a não incomodar, a não dizer o que eu quero, e principalmente a não me impor. O que for bom para os outros, ou o que não incomodar ninguém, essas costumam ser as minhas diretrizes. Eu não escolho, deixo que os outros escolham por mim e me moldo às situações.
Será minha resolução para 2010.
Não só viver mais, ir atrás da vida que eu quero.

And now

the rabbit is gone.

quinta-feira, janeiro 07, 2010

Passeio

Apenas para não perder o costume de escrever diariamente, mesmo que eu tenha falhado um dia nessa semana... amanhã talvez eu não tenha tempo de dedilhar nada por aqui.

quarta-feira, janeiro 06, 2010

Chuva

Gente, me molhei afu hoje. E gastei dinheiro comprando revistas sobre a mente humana. Sério, eu sou um louco. Quero virar psicólogo.

segunda-feira, janeiro 04, 2010

Muito novo para entender

Encontro curiosidade em ser chamado de novo demais para entender. Quero dizer, toda minha vida tive que conviver com a noção de que era muito mais maduro do que as pessoas da minha idade, com isso suportando alguns fardos maiores do que os destinados aos meus pares. Tudo bem, eu aprendi a viver com isso.
Porém ainda assim fico curioso: o que denunciaria uma infantilidade minha? O jeito espontâneo e sem reservas, as piadas intermináveis, a molecagem em tratar coisas sérias? Estou realmente curioso para saber se, por trás desse apontamento, não existe simplesmente uma defesa fervorosa de crenças. É uma pena, porque eu jamais ficarei sabendo a resposta.

Ser novo e ingênuo sempre foram coisas que me preocuparam. O comentário que mais me marcou na universidade foi o de um professor que, corrigindo um trabalho meu, anotou que ainda havia muita ingenuidade no meu texto. Era verdade, uma criança poderia pensar do modo como eu estava raciocinando.
Sempre associei essa ingenuidade com a falta de experiências, questão que acredito ter reduzido severamente em 2009. Precisei do ano inteiro para testar minhas teorias, afinar meus pensamentos e encontrar, enfim, um rumo aceitável. Em quatro anos de existência já me considero próximo o bastante dos meus 23. O suficiente para afirmar que algumas coisas que servem para todos talvez não sejam o bastante para mim.

Ser novo demais para entender algo talvez seja, no fim das contas, ser diferente demais para ser compreendido. Se infância for sinônimo de liberdade de moldes, então que a maturidade nunca me alcance.

Ser convencional.
Discuto essa possibilidade (necessidade?) com um amigo. Ele diz que é essencial, que todos devemos ter alguns pontos de estabilidade, algumas definições para quem somos.
Quem sou eu? No livro que estou lendo (Blecaute, do Marcelo Rubens Paiva... história mediana, qualidade narrativa fraca, mas é um texto importante na vida do meu amigo, então lerei até o final) o personagem principal diz que ninguém se pergunta isso. Ele está errado: eu me pergunto o tempo inteiro.
Quem sou eu?
Melhor perguntar quem estou. Não quero parar, quero ser o cristal que meu melhor amigo gosta de abraçar e de mirar os olhos, a criança-problema que faz as perguntas cretinas e os comentários sarcásticos que ninguém mais faz.
Quem sou eu?
Oh, fuck it, uma raposa.

Semana corridinha

Já tenho programas até sexta de noite, talvez sábado. Será o efeito de estar indo embora?

Quatro de janeiro

Agora a vida começa de verdade :o)
Pesquisas para a vida em Goiânia, juntar dinheiro para viver fora, organizar despedidas.

No meio desse turbilhão de sensações estou eu feliz, aprendendo a nadar e a não me perder. Amar e não ser correspondido; não corresponder quem te ama; sentir o que estava esquecido; esquecer o que antes sentia.
A vida está realmente valendo a pena.

Engraçado que aproveitar a vida, pra mim, esteja tão ligado a fazer loucuras.
Triste que eu tenha demorado tanto tempo para aprender isso.

xxxxx

Tomei uma decisão com relação ao trio que virou dupla: fuck it. A mesma coisa com relação às paixões não resolvidas. Fuck them. Eu tenho dois meses na cidade, apenas, não posso perder mais tempo sonhando com magias que nunca se completarão.

Quero fazer uma tatuagem. Na cintura. Com dizeres secretos, mas muito reveladores. Vamos ver se arranjo a coragem.

domingo, janeiro 03, 2010

Months of valediction

Os primeiros dias dessa mini-temporada que ocorre em janeiro e fevereiro já tem seus plots definidos. São poucos, porém dramáticos o suficiente para sustentarem a trama neste período.

Despedida
Esse é o tema que estava claro desde o princípio, o próprio nome months of valediction já determinava essa orientação para a minha história. Não há como escapar da urgência da despedida, da vontade do abraço, da saudade que segue crescendo.
Iniciei os trabalhos de adeus já nos primeiros minutos do ano, abraçado ao meu melhor amigo. É curioso que eu o defina assim, considerando o pouco que a gente consegue se encontrar, mas não lembro de um encontro entre nós, unzinho só, que eu não tenha sido tocado de alguma forma. Eu gostaria que ele soubesse que, se eu conseguisse, eu estaria chorando muito naquele instante.
Dois meses, menos do que isso, agora, é todo o tempo que me resta para dizer adeus à cidade que me fez crescer. Aos amigos que me estenderam a mão tantas vezes. Nossa.

Deixado de lado
Curioso que o segundo plot para estes dois meses seja a necessidade de lidar com o abandono, a sensação de ser trocado. É um medo que sempre me acompanhou, o de deixar de ser importante e ser colocado de lado, o que sempre me levou a preferir não ser importante (e assim não ser abandonado, porque antes não haveria sido encontrado) ou a abandonar primeiro.
No fim do ano esse medo acordou novamente. Estava enterrado dentro da caixinha que fica no meu peito, e acredito que poder algum conseguiria retirá-lo dali antes desse momento. Não foi um controle dos meus sentimentos que me permitiu lacrar o temor, mas sim uma supressão deles.
Até que me apaixonei.
Primeiro, por uma pessoa imprestável, um guri que apesar de ser muito legal e muito interessante, também é muito cretino e não me fez bem por mais do que alguns dias. Tudo bem, ele nunca me prometeu nada, eu não pedi nada também.
Então me apaixonei de novo.
Desta vez foi um rapaz muito parecido comigo em vários sentidos, mas ao mesmo tempo extremamente diferente. Eu me reconheci nos olhos dele e passei a desejar a possibilidade de estar junto. Não podendo o beijo, aceitei a amizade. Ainda não havia encaixado nos meus pensamentos que a amizade é muito mais valiosa do que o beijo.
E foi então que me apaixonei de novo, pela primeira vez voltando a pensar seriamente num relacionamento com uma única pessoa.
Foi a mais mágica de todas as paixões, já que eu não esperava, nem tampouco queria. Nos conhecemos sem pretensões, ele foi a pessoa mais fofa que conheci nos últimos tempos, extremamente dedicado e ao mesmo tempo problemático. Pedrinha por pedrinho fomos reconstruindo o seu castelo, até que ele ficou pronto para se defender sozinho. Ontem eu senti muito forte a sensação de estar do lado de fora dos portões. Foi breve, mas dolorido. "Já parou pra pensar que eu amo alguém e não consigo esquecer?". Não foram as palavras que doeram, foi o silêncio que seguiu, a certeza de que aquele instante poderia ser derradeiro, destruidor. Ainda não foi, mas doeu mesmo assim.
A dor não veio do nada. Embora eu esteja experimentando sentimentos novamente e isso seja ao mesmo tempo perturbador e animado, normalmente eu lidaria perfeitamente com um momento de estupidez inesperada. A noite, porém, havia arquitetado bem os eventos para culminarem naquele ponto.
Na virada do ano eu conheci um moço com o qual passei algumas boas horas, dos últimos instantes de 2009 até as primeiras 14 horas de 2010. Um menino interessante, engraçado, um pouco prepotente, mas não desagradável. Não trocamos telefone, msn, orkut, nada. Sabemos quem são nossos contatos em comum, então se quisermos poderemos nos encontrar futuramente. Não foi necessário, contudo, pois nos vimos ontem, casualmente dançando na mesma festa. Eu não pretendia, mas num instante aceitei o conselho do meu amigo e voltei à festa que recém havia saído, a fim de pelo menos pedir o telefone do moço, quando lá o encontrei ocupado com outra pessoa. OK, uma ficada na virada do ano, convenhamos que não há nenhuma razão para ficar triste por isso. A sensação de abandono, contudo, não deixa de existir só porque não é algo racional.
Fiquei umas duas ou três vezes com um rapaz que conheci através da "segunda paixão" ali de cima. Bem legal, bem aberto a possibilidades, super divertido. Desde o princípio eu sabia que ele não era meu e nem seria, já que vou embora. Esse ponto determinou muita coisa, e mesmo que talvez seja apenas uma desculpa para a inexistência de envolvimento, foi a desculpa usada. Quando as regras estão bem estabelecidas, eu consigo trabalhar bem. A nossa regra era, até ontem, a de uma certa sinceridade no modo como tratamos nossos interesses e o que nos acontece. Não uma questão de dever contar as coisas, mas sim de deixá-las a limpo. Até ontem, quando novamente me senti deixado de lado por conta de uma experiência que eu estimulei e que agora está crescendo para um lado que eu não havia previsto. Notei enquanto acontecia, quando já não havia nada mais que eu pudesse fazer para impedir. Impediria, se pudesse? Até acho que sim.

Relatei os "baques" de ontem em ordem inversa. "Baques" entre aspas, pois são patéticos e outra pessoa melhor estruturada poderia lidar com eles sem problemas. Eu, contudo, não consegui. Ter visto o casal que surgiu de um trio, haver perdido o menino do reveillon, e finalmente sentir que deixarei para trás a pessoa que me ajudou a recuperar o coração, tudo isso me desmontou.

So this is how a crisis feels like?


(em outro momento relato as partes boas da noite ^^)

sábado, janeiro 02, 2010

Que bizonho!

Recebi um comentário dois posts atrás e, aparentemente, eu o apaguei. Só que nem sabia que havia recebido um comentário... como recebo todos os comentários por e-mail, também, vou reproduzi-lo aqui, onde ele não será apagado o.O



adotar e tudu de bom deixou um novo comentário sobre a sua postagem "January first":

over there. quem sabe!

Gotta feeling

O ano segue interessante. Dois dias e uma programação interessante so far. Hoje vou ao cinema e depois ou antes passar hooooras conversando, quem sabe também bebendo.

Decidi mudar uns hábitos ruins. O primeiro deles é básico: a falta de alimentação. Exemplo claro do problema foram as 48 horas sem comer nada antes da festa da virada. Já notei o limite do corpo, experimentei também o da cabeça e recentemente o do espírito. Não preciso mais ficar exagerando e me testando, já me conheço de novo.

*adoro comentários dramáticos*


A gente não tem muito bem como acabar com o medo, creio, mas aprender a administrá-lo é super possível. Estou longe do 100%, mas muito afastado também o zero.

Pra muita gente o que eu tenho feito ultimamente é loucura, quase suicídio, mas eu confio em mim. Sei que estou aprendendo lições valiosíssimas sobre a humanidade :o)

sexta-feira, janeiro 01, 2010

January first

Em primeiro lugar, melhor virada do ano ever. Amigos, risadas, champanha (uau, essa palavra existe!), fogos, gasômetro, festa, música, bebida. Uma noite para lembrar que as coisas só acontecem quando a gente se permite. Uma demonstração do que será 2010.

xxxxx

Preciso de um nome para os capítulos entre-temporadas. Between seasons? Lost days? Last days? Achei: months of valediction.

valediction /ˌvæl.əˈdɪk.ʃən/ noun [ C or U ] formal
the act of saying goodbye, especially formally, or a formal speech in which someone says goodbye
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