segunda-feira, maio 27, 2013

Como mudar nossos hábitos

A base do nosso comportamento é composta por hábitos: maneiras costumeiras que temos de sentir, agir e pensar sobre o que existe ao nosso redor. Isso não significa que nós estaremos magicamente contentes com os hábitos que nos formam, tampouco que podemos facilmente nos desvencilhar de hábitos considerados ruins ou nocivos. Muitas vezes encontramos dificuldade em deixarmos de ser quem éramos, mesmo que isso nos traga grande infelicidade.

Para entendermos como podemos mudar a maneira como nos habituamos a agir, primeiro é necessário compreendermos como nós construímos esses hábitos. Todo hábito nasce de uma ação isolada. Pode ser um bom dia direcionado ao motorista do ônibus ou um sorriso ao cruzar com uma pessoa desconhecida na rua, por exemplo. Esse acidente tem o potencial de se repetir e, se isso acontece, pode deixar de ser um acidente e aos poucos virar algo que será parte dos nossos costumes. Antes que percebamos, podemos ampliar isso a outras pessoas: dar bom dia a todas as pessoas que de alguma forma nos prestam serviço, sorrir amavelmente a pessoas que nos olham e pelas quais cruzamos nas ruas.

Nossos hábitos têm muito a dizer sobre como vemos e vivemos o mundo. Se nos habituamos a receber os acontecimentos de forma cínica e maldosa, ou se sempre buscamos os piores elementos de cada situação, isso se traduzirá nas memórias que faremos de cada experiência. É o caso daquela tia que todo mundo tem que, ao voltar de uma viagem de trinta dias, só fala daquele um dia que choveu demais. É também o caso daquele primo que, depois de anos sem ter notícias da gente, só fala de si. São hábitos de ver o lado ruim das coisas, são hábitos de viver o mundo centrado exclusivamente no eu.


Então como mudar esses hábitos?

Tanto criar quanto mudar um hábito começa da mesma maneira: com um acontecimento fora da rotina. O nosso trabalho é tornar isso parte da nossa vida, alocar tempo para essa coisa nova que queremos que fique sendo parte de nós. Quer fazer exercício? Comece. Quer aprender um novo idioma? Olhar as coisas de forma mais positiva? Parar de centrar apenas em si próprio? Aprender a cozinhar? Comece, comece, comece.

A vida está sempre em movimento e, portanto, só muda em movimento. O tempo não vai parar jamais para que possamos escolher o que mudar e então seguir o rumo pensando, agindo ou sentindo de forma diferente. O primeiro segredo para mudar nossos hábitos é simplesmente esse: abrir a oportunidade em nossas vidas para que o diferente aconteça.

O segundo segredo tem a ver com a dose de mudança. Estamos todos familiarizados com as noções de ação e reação, não é? Se quisermos mudar algo imenso, a tentação de manter esse mesmo algo no lugar será também imensa. É o que acontece quando de um dia para o outro começamos a frequentar a academia todos os dias por três horas cada. Na primeira oportunidade, faltaremos um dia, depois outro... O nosso compromisso não será com o exercício em si, mas com essa meta louca estabelecida. Aqui entra o terceiro segredo: como definimos a nossa meta modifica se a alcançaremos ou não. Todas as vezes em que tentei nadar, eu não tentei simplesmente nadar: eu tentei nadar de três a cinco vezes na semana. Assim, quando faltava uma ou duas vezes, já dava o objetivo por falho, sem perceber que eu poderia simplesmente nadar.


Cinco passos para a mudança

1. Decida aquilo que você quer mudar. Pode ser qualquer coisa, desde que dependa de você mesmo e não de outras pessoas. Você não pode mudar como os outros te tratam, mas pode mudar como se apresenta aos outros, o que pode levar à mudança desejada.

2. Aceite o processo de mudança. Nada vai acontecer se você não agir, nenhum aprendizado fará parte de sua vida se você não abraçá-lo. Se a mudança que procura não fizer sentido para você, então talvez seja melhor nem começar. Afinal de contas, estamos falando sobre a sua própria vida!

3. Vá devagar. Experimentar o novo é excitante, mas o foco está na experiência contínua e constante, não em um objetivo de ter tanta experiência quanto possível num tempo mínimo. É difícil mudar em grandes proporções, por isso vamos aos poucos. Tem vergonha de falar com estranhos? Comece ao lado de um amigo, de modo a se sentir confortável. Invente situações em que precise pedir informações, algo assim, pequeno, mas que envolva o objetivo que pretende alcançar.

4. Observe a mudança acontecendo. Muitas vezes voltamos a um estado anterior por acharmos que nada estava mudando. Aconteceu comigo com a natação: meus quatro meses de treino constante não foram páreos para os vinte anos de sedentarismo. Achei que nas primeiras faltas eu já não estava mais cumprindo minha meta de exercitar. Meu objetivo não era o exercício, mas uma quantidade específica de exercício. Se eu tivesse pensado a proposta de outra maneira, talvez ainda estivesse nadando.

5. Tenha paciência. A mudança leva tempo para se instaurar. Começa fugidia, cheia de medo, mas aos poucos vai se acostumando com a nossa vida e passa a fazer parte dela. Um ou três meses parece tempo suficiente para cimentar o suficiente um hábito. Aos poucos, a própria vida vai criando condições para que nossos hábitos se mantenham: fazemos amizades na academia, prestamos atenção em livros e programas de televisão relacionados ao que estamos estudando e por aí em diante. A vida é um processo cujo final é indeterminado, mas a pressa de viver não torna as experiências mais significativas ou prazerosas, apenas mais rápidas.

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