sábado, março 27, 2010

Finalmente

A raposa está voltando à internet. Será apenas em abril que meu problema de conexão se consertará definitivamente, mas já estou bem perto disso ser uma realidade. A nova temporada dos Fox's Tales está bombando, e o desafio da vez é, pra variar, diferente e todos que foram vividos antes: como gerenciar uma casa própria? E manter, no processo, um relacionamento aberto (que parece tentar se fechar a todo instante)?

Que novas emoções me aguardam na cidade na cidade em que pedras são jogadas em estranhos?

sexta-feira, março 19, 2010

Modo "raposa de nove caudas"

A vida fora da cidade natal não é fácil, principalmente pra alguém tão fechado quanto eu. Costumo ser frio com pessoas que não conheço e, mais que isso, com as que eu não senti nenhum tipo de "faísca" de interesse. É algo que preciso aprender a lidar, como falei no post anterior.

Ocorre que isso também se dá em relação a demonstrar sentimentos, mas não acho que seja necessário um gênio do comportamento humano para perceber que eu estou não só me sentindo fora de lugar, como também um pouco triste de estar afastado dos meus amores sulistas.

Apenas comentando minha decisão para a noite: vou vestir o manto da raposa de nove caudas, colocar a máscara de pavão e sorrir como se nada me preocupasse. Assim funciona a auto-sugestão: tu diz que está feliz e transforma essa ilusão em realidade. Pois a partir de agora sorrio e acredito no poder de me dizer feliz.

(é claro que uma dose de álcool há de me ajudar, hihi)

quarta-feira, março 17, 2010

Conversas com estranhos

Essa foi no banheiro.
Não lembro se já comentei por aqui, tenho escrito tão pouco que é difícil de estabelecer uma memória coerente, mas estou morando na Casa do Estudante da UFG. Simples assim, cheguei com minhas malas e assumi um quarto, ao lado de dois moços. Um será meu companheiro de "casa bonita" e é meu colega no mestrado em Cultura Visual. O outro estuda matemática e dá aulas de matemática, química e artes (eita ensino público... não reclamo da aparente qualidade dele, mas ele não tem formação nem em química nem em ensino de artes, o que se pode dizer?). Cheguei, larguei minhas malas e desde o dia 28 de fevereiro estou aqui, tomando banho, almoçando no RU, conversando com um ou outro vizinho. Todo mundo que me conhece pergunta, antes de tudo, de onde sou. É difícil ser loiro de olho azul numa terra de pessoas coloridas.

Quando saí do mictório, fui lavar as mãos e dei de cara com um vizinho escovando os dentes. Vejo-o sempre, já que usamos o mesmo banheiro, e ele sempre me cumprimenta. Desta vez foi além e perguntou se sou hóspede, de onde venho etc. Conversamos. Parece ser um guri bacana.

Aí fica a lição: qual o problema de ser sociável, de puxar papo, de conversar? Hoje enquanto estava comendo um lanche no bar que tem aqui na CEU, eu quase grunhi pro atendente enquanto ele me perguntava de onde eu era e tudo mais. O que eu ganho com essa frieza toda? O leo que já dizia que eu preciso ser mais sociável. Talvez ser aberto pro mundo envolva se interessar pelos outros, fazer perguntas, sorrir e olhar no olho, ao invés de prestar atenção, mas não demonstrar isso.

Não direi que vou tentar, pois me conheço e sei o quanto isso é difícil pra mim.
Mas vou tentar =p

Pedradas em estranhos

Estava eu caminhando na rua no bairro universitário aqui de Goiânia, junto com um guri que morará comigo quando a "casa bonita" (nome que escolhemos para a residência) terminar de ser reformada, quando uns três ou quatro moleques começaram a atirar pedras na gente e a gritar impropérios. Dá pra acreditar?

Eu ia dizer, "em nossa defesa", que nem estávamos de mãos dadas nem nada, mas aí a gente para pra pensar: como assim, "nem estávamos"? Que estivéssemos trepando no meio de uma praça pública (tem quem faça na Holanda), que problema existe? Aí tu começa a viver e corre o risco de, num momento de distração, levar uma pedrada e morrer simplesmente porque a pessoa do outro lado da rua é um depósito de ódio gratuito contra os seres vivos? Que porcaria de humanidade é essa?

Nunca tinha visto tão de perto um caso de homofobia, e muito menos comigo. Não tanto por discrição, creio que mais por sorte, mesmo. Vim para Goiânia pra viver como eu acho que é certo, e isso inclui andar abraçado com as pessoas que eu gosto, esteja eu ficando com elas ou não. Absolutamente ninguém tem que ter algo a dizer sobre minhas práticas sexuais, afetivas e intelectuais. A partir de que momento os outros ganharam direito de apontar dedos para mim e dizer se estou certo ou errado? E mais que isso, desde quando ganharam o poder de apedrejar os que consideram errados?

Só consigo encontrar uma resposta para a origem do preconceito: falta de cérebro. Qualquer criatura inteligente tende a ser livre de radicalismos bizarros.


Enfim, as pedras passaram nos nossos pés, não chegamos a nos machucar. Ligamos pra polícia e os meninos saíram correndo. Sentimos medo, uma pedrada jogada com mais precisão poderia muito bem ter matado eu ou ele. Simples assim, uma vida cheia de possibilidades poderia ter sido encerrada por causa de um idiota sem noção. Ou três, anyway. Como a gente fica, agora? Trancado em casa com medo de sair?
Acho que começo a encontrar um norte para minha vida de pesquisador e professor.

segunda-feira, março 15, 2010

Transitório

Sei que tudo na vida um dia passa, que o tempo elimina tudo e bla bla bla, mas anda patética a minha situação de dependente de favores. Continuo morando na Casa do Estudante num esquema meio ilegal, já que ninguém oficialmente tem o registro da minha presença aqui. No mestrado, mal consigo ler os textos e cumprir os requisitos para cada aula, já que estou tendo problemas para me concentrar em simplesmente estudar. Claro que muito é frescura, mas me incomoda profundamente a inexistência de um espaço que eu possa gerir como bem entender.

Agora mesmo, um exemplo tolo, mas significativo: cheguei em casa e não entrei no quarto para não acordar meu colega, que dormia bem feliz no colchão dele. Civilidade, nada mais simples. Só que eu queria ler, ou organizar minhas coisas, ou ouvir música, ou sentar na cama e estudar, ou qualquer outra coisa que não me confinasse à sala da casa com o notebook que não pretendia usar por muito tempo.

Privacidade? Nem sei mais o que é isso.


Hoje me lembrei que devo escrever mais aqui, colocar meu intelecto para não apenas relatar o que me acontece, mas também processar o que existe ao meu redor. Toda essa situação me fortalece as questões discutidas na aula de hoje de Teorias da Imagem e da Cultura Visual: o tempo é absurdamente relativo, dependendo de como se olha para ele. Eu estou sentindo que ele passa de arrasto, vagaroso, irritante. Talvez depois de um mês, quando nada mais for novidade e eu já estiver bem ajeitado, ele volte a correr como corria em Porto Alegre. Outra coisa que acho divertida é a comparação de juventude. Em Porto Alegre eu costumava ser sempre o mais velho nos grupos de trabalho, aqui sou de novo o mais moço. Aqui ter 23 anos no mestrado é uma conquista, e a média das pessoas está acima dos 25.

Sinto-me ao mesmo tempo um afortunado e uma pessoa com muito a provar.
Quanto tempo vou ficar esperando que o mundo se conforme às minhas expectativas para que eu comece a produzir e a fazer valer a confiança depositada em mim? Minha entrada no mestrado não foi exatamente triunfal, como pude descobrir. Fui aceito pela minha atual orientadora pela falta de disponibilidade da pessoa que eu queria (e que, aparentemente, me queria também).


Difícil saber onde me situar, tanto no espaço quanto no tempo, se tudo é caos. Um mínimo de ordem é necessário.

domingo, março 14, 2010

500

Posso dizer que, em linhas gerais, estou acostumado com a vida em Goiânia. Já tenho compromissos, uma casa quase pronta, pessoas com as quais conversar e sair, tudo que uma pessoa precisa para estar vivendo plenamente, correto?

Sim.

Penso em voltar a atualizar a Raposa Antropomórfica quando estiver devidamente ambientado em minha nova casa. Por enquanto ainda não está rolando isso, ainda vivo de favor na Casa do Estudante e sigo tomando banho em chuveiros que não funcionam e continuo comendo no RU por não poder fazer comida (não que eu saiba) entre tantas outras coisas.

Está tudo a um passo, contudo.
Posso dizer que gosto de Goiânia. Sinto saudades de Porto Alegre. Quero viver o mundo.

É isso.

quarta-feira, março 03, 2010

Notícias do front

Aqui ainda é tudo muito provisório, então é difícil realmente falar sobre como está sendo a vida em Goiânia. Tudo bem que é natural, considerando que estou aqui desde domingo e hoje recém é quarta-feira, mas cansa essa quantidade de indefinições.

Estou morando de favor na Casa do Estudante, onde devo continuar até que consigamos nos mudar para a casa em que moraremos. Seremos quatro, dos quais já conheci dois. Um dos que ia junto anteriormente não vai mais, mas seu substituto parece ser bem legal. Mais animado, no mínimo, mas eu confesso que já tinha expectativas com relação ao outro.

Os estudos ainda estão num ritmo tímido, típico de primeira semana. Não posso negar, contudo, que já existem preocupações surgindo para me atucanar, como o trabalho que assumirei como editor gráfico + tutor. Ontem fiquei horas conversando com um dos meus futuros colegas, e creio que será uma experiência promissora.

Nas quartas-feiras terei aulas em Brasília. Ônibus de manhã + ônibus de noite + 2 a 4 horas de aula com Belidson Dias, um dos caras cujos textos foram usados na seleção do mestrado. A proposta é a discussão dos projetos do pessoal, e parece que uns três reúnem teoria queer e cultura visual, ou seja, bem o meu tópico.
Rezo que seja algo bem produtivo.

Minha vida social, por enquanto, está inexistente. Totalmente aceitável nesses primeiros dias, mas estou querendo resolver isso logo, pois não quero que toda minha existência esteja vinculada à Universidade e ao Mestrado. Preciso de um amigo.

segunda-feira, março 01, 2010

Goiânia

estou feliz aqui
tenho quilos de coisas para contar, trocentas novidades acontecendo, coisas ainda de Porto Alegre que deveriam ter sido compartilhadas, mas por enquanto a vida não se deixa reduzir a uma normalidade... melhor assim, talvez eu me acostume a um ritmo non-stop e assim consiga ser feliz o tempo inteiro, ao invés de apenas em momentos pontuais


\o/
sou um mestrando
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