sábado, maio 22, 2010

Poesia em prosa

Hoje vim te esperar, esqueci que tu já foi. Sentado no banco onde nos encontramos a terceira vez, olho para o branco do mundo em silêncio. Poderíamos ser muito mais, não acha? Deveríamos ter sido tão menos. Lembro dos carinhos que fiz, do presente que ganhei. Acaricio o objeto, sem tua cabeça mais no meu colo. Uma escolha simples nos separou. Quando tu voltar, te olharei nos olhos e oferecerei meu mundo. Será que mereço o teu em retorno?

sexta-feira, maio 21, 2010

Voltar

Estou com aquela sensação gostosa de quem tem algo que deseja retomar e acredita que vai fazê-lo. Não, não Porto Alegre, embora de fato eu pretenda retomá-la para mim, também. É algo maior, mais significativo. É prática, é sonho, é construção. Assisti hoje a um vídeo em que uma conferencista declamava uma poesia. Nunca gostei. Só que ali, naquelas palavras escritas por outra pessoa, havia paixão, dor e alma.

Alma.
Quanto tempo pra entender o que uma palavra simples dessas significa. Quanto tempo para saber qual Eu precisava estar a frente da lagarta a fim de operar e libertar a borboleta, cujo bater de asas transforma o mundo. Peço por tempo, por espaço, por distância, sem perceber que tudo isso já tenho, só não consigo usar.

Biblioteca de sonhos que desejo reorganizar.

Acabei de perceber

Isso é algo que certamente eu conversaria com a vivian: eu não sou fruto apenas das minhas escolhas, sou também das escolhas dos outros. Por isso não temos controle total sobre nossas vidas, e justamente por isso precisamos lamentar as burrices que os outros fazem. Nem todos podem girar aquele parafuso que fechará uma porta, mas alguns têm essa capacidade e, para maldição do mundo, o fazem.

Quantas realidades felizes não foram perdidas pela gula de querer algo mais perfeito? Quantas escolhas mal feitas não terminam em tristeza, em vontade de ficar sozinho, em momentos que nem o mais gostoso chocolate pode salvar? De boa? Eu faço a minha parte como sempre fiz. A diferença é que, ao contrário de alguns anos atrás, eu não quero mais salvar todo mundo.
Quero salvar apenas o meu mundo e quem se permite estar nele.

Resultados do surto

Eu tenho alguns limites, e essa semana me aproximou de alguns deles. Muito trabalho pela frente, prazo curto e falta de recursos. Tudo isso se somando à falta da certeza que norteou meus dois primeiros meses aqui.
Essa é a vida que eu tenho, que me faz feliz ao mesmo tempo que me desestabiliza.


E o finde está chegando. Nham.

quinta-feira, maio 20, 2010

Identidade e felicidade


Identidade
não é uma coisa estável, única. Falar em indivíduo (indivisível) é uma concepção moderna, superada, que pressupõe que deva haver um eu que está na essência. Bem, até hoje de manhã eu estava em conflito com a noção de se comportar diferente em cada situação, em como podemos falar em um sujeito multifacetado e, ainda assim, reconhecível enquanto tal. Bem, uma colega me iluminou esse ponto, deslocando a noção de fragmentação da identidade da perspectiva dos comportamentos para um olhar sobre os interesses. Quais são meus interesses em cada situação, que me coloca em diferentes relações de poder? Que relações estabeleço a partir disso, o que quero com um professor, com um aluno, com um mecânico? Quero ler mais sobre isso, mas pelo menos agora minha inquietação se tornou suportável.

Felicidade, por outro lado, me parece ser fruto de uma grande estabilidade e conformação de expectativas. Bem sabemos, contudo, que não é assim que a coisa funciona. Se o mundo é esse caos eterno, como podemos ser felizes? Aí lembrei de Axel Honeth, um pensador que trata da justiça como respeito individual. Para ele, a justiça se forma em três aspectos: igualdade jurídica, reconhecimento social e amor. Mesmo nesses pontos, principalmente no amor, rola uma boa dose de questionamento. Será que para sermos felizes precisamos escolher determinados portos seguros?

Engraçado como só escrevendo isso já me vêm novos pensamentos.
Quem disse que produzir não é produtivo? Hahaha, que bizarro =D

quarta-feira, maio 19, 2010

Surtado

Foi assim de repente: tudo se juntou numa quantidade absurda de impossibilidades imaginárias. Sem que eu soubesse, prazos se apertaram e se juntaram para dizer "chega". Como lidar com a quantidade de trabalhos que tenho para gerenciar? Realmente não tenho noção. Surtei. Agora tenho um pouco mais de esperança, pois as peças estão se encaixando novamente, mas confesso que fiquei assustado.

Ninguém pode saber, por isso escrevo para o mundo.

domingo, maio 16, 2010

Interesses

Conversando hoje com um amigo de Porto Alegre sobre as dificuldades de se relacionar com outros seres humanos, chegamos à conclusão de que o difícil não é alguém gostar de outra pessoa. O complicado, na realidade, é que duas pessoas estejam interessadas mutuamente uma na outra. Parece simples, mas quantos casos de um mais apaixonado que o outro nós cansamos de ver? Ou de criaturas que só se descobrem interessadas depois que perderam o que tinham?

Para quem está interessado o mundo segue maravilhoso e encantado até o momento em que se descobre sozinho, mesmo quando acompanhado. Tudo bem, algumas pessoas não notam isso até serem dispensadas, e se não fossem, notariam nunca. Do lado de quem não está interessado, o desafio de escolher entre brincar com a pessoa, deixá-la acreditar ou abandoná-la. Nenhuma dessas é isenta de culpas e de dores e complicações.


Nós humanos sempre queremos saber das coisas antes delas acontecerem. Baseados nas nossas crenças, decidimos o que virá e nos preparamos para o combate. Nunca aprenderemos que o futuro é tão fluido quanto nossas identidades?
Vista sua roupa branca, jovem monge. Ela não está limpa? Lave-a. Almoçou? Lave os pratos. Varreu a casa? Agora passe o pano. Saiu para a rua, compre o pão. Sinto falta de ser zen, embora não saiba se posso ter saudades de algo que nunca tive. Já conheci pessoas que diziam ter, mas eles invariavelmente se contradiziam minutos, horas, dias ou semanas depois. Nunca passou de semanas.


Nessas horas tenho vontade de fumar, só pelo potencial dramático. Vida é drama. Viver de morte também, e morrer de vida, mais ainda.

sexta-feira, maio 14, 2010

Oh god

I'm happy! Don't know very well why, but today I awaked feeling like everything will be alright. And it will. Today: Alice in Wonderland. Nham.

Algumas vezes acho que preciso ser menos influenciável pelos eventos ao meu redor. Daí do nada eu vejo que de fato meu favor foi aproveitado, que minha saída vai acontecer e que o frio está acompanhado de um solzinho gostoso e tudo faz sentido. Tá, mentira, nem faz, mas a gente finge que sim!

quinta-feira, maio 13, 2010

Dia frio

Hoje acordei nostálgico. Alguma coisa na temperatura geladinha me lembrou do sul, especialmente de Gramado. Todas as minhas lembranças de lá são de dias com sol e frio, temperatura agradável e caminhadas sem destino. A metáfora com minha ida ao almoço não poderia ser mais impactante: eu tenho um destino, mas estou sozinho. Normalmente é um caminho que faria acompanhado, sem bem saber se ali seria o paradouro.

Entendam, eu não estou triste. Estou, talvez, eu pouco cansado das coisas que poderiam ser e nunca mais serão. Tenho alguma dificuldade em entender algumas razões humanas, e fico imaginando o quanto se perde nesses desalinhos.

Achei, inocentemente, que após dois meses e meio aqui em Goiânia eu já haveria superado o sentimento de saudade, que já estaria circulando sem motivos para me importar, mais. O problema é que estou aprendendo justamente isso: pessoas importam. Como posso fazer o movimento em direção a ser mais sociável e, ao mesmo tempo, permanecer na minha frieza sulista? Não sei se tenho como.


Estou vivendo no meio do caos que sempre sonhei e, como bom homem, desejo agora exatamente o oposto. Vai passar, eu sei, mas agorinha eu queria uma certeza. Só uma, umazinha simples, mas sabe-se lá onde ela se encontra hoje em dia.

segunda-feira, maio 10, 2010

Procrastinação

Estou enrolando demais. Meus motivos não são os melhores, eu sei, mas pelo menos agora consegui dar uma solução a eles, mesmo que temporária. Minha auto-estima está consertada, meu corpo está redescobrindo os prazeres possíveis. Não vejo mais necessidade de ficar jogado no ostracismo triste dos que nada querem. Vamos trabalhar?

Começou

E a segunda metade da temporada Goiânia começou com uma boa dose de vinho e sexo. Quem conversa comigo mais frequentemente estará atualizado sobre os acontecimentos relacionados ao meu relacionamento, então nem vou repetir muita coisa. Como bem disse o leo, eu carrego drama pra onde vou, e é isso mesmo que está acontecendo.

Cá entre nós? Bring the drama.
A raposa está solta nessa cidade nova, não quero mais saber de ficar me contendo em função do que os outros vão pensar. Todas as amarras foram soltas.

Goiânia começou.

quinta-feira, maio 06, 2010

Ai ai...

Completa falta de vontade de fazer qualquer coisa. Preciso terminar meu trabalho de especialização, mas meus pensamentos estão voltados para outras coisas. Como faço para anular as necessidades da carne, ao menos temporariamente? Um temporário maior do que uma ou duas horas, por favor.

Vou fechar o contato com o mundo e me jogar ao texto. Ainda preciso resolver a quem pedirei a assinatura de orientador, lá de Porto Alegre. Maldito mundo das coisas feitas errado.

E ainda tenho que me preparar para sábado, quando a coisa vai ferrar. Estou juntando fígado para beber absolutamente todas. Hora de mostrar a raposa para as modernosas.

quarta-feira, maio 05, 2010

Banheiro de biblioteca

Um olhar mais demorado, aquele sorriso de cumplicidade. Todos em volta lendo, concentrados, e os dois se mirando, se medindo, se entendendo. Quantos pensamentos passaram na cabeça dele, o que imaginou de manhã ao montar o moicano, por que estava vestindo vermelho? Sentou-se longe, mas olhava o tempo inteiro. Fiquei ali, lendo sobre a anestesia da sociedade contemporânea pós o advento da modernidade embrutecedora dos sentidos, até que foi embora a criatura. Um convite perdido, devo dizer. Houve uma segunda chance, na fila do jantar, mas terminou na mesma frustração.

Uma coisa, porém, foi acertada. Decidi estimular o caos, e super valeu a pena. Sai pra caminhar, fulano, deixa a vida acontecer. Encontrei o moço que me hospedou por três semanas, jantamos juntos, conversei bastante.
Liguei para um rapaz querido, almoçamos conversando, aprendi sobre cigarros que mudam de sabor quando se aperta uma bolinha.

Colei na minha parede alguns recadinhos.
"If they don't like it, fuck them".
"Do it now. Deal the consequences later".
"Ser adulto é aprender a mentir. Dissimular. Ter intenções prévias. (sou adulto) Quero voltar a ser criança.

terça-feira, maio 04, 2010

Sensação boa

Estou um pouco mais leve, hoje, depois de ótimas duas horas de conversa. Alguns sentimentos realmente ficam marcados, não é mesmo?

Enquanto isso, em Goiânia, turbulências. Vamos lidar com elas, então =)

Cuidados com o todo

Viventes, não estou conseguindo ajeitar minha saúde. Simples assim, um misto de problemas emocionais com físicos e pressões intelectuais. Como faz pra melhorar? Quero saber.

segunda-feira, maio 03, 2010

Trilhas sonoras

Hoje, conversando com um moço goiano, cheguei à conclusão de que meu seriado precisa de trilhas sonoras para suas temporadas. Tenho em mente três CDs, já, para começar a planejar. Claro, ainda estou muito ocupado para conseguir pensar nisso neste momento, mas assim que me liberar um pouco, prometo que lanço as tracklists.

Best hits 2006-2009 - do começo da minha existência, passando pelo relacionamento que me construiu enquanto ser social, até as loucuras das duas últimas temporadas. Canções que marcaram minha personalidade, seguindo até hoje como favoritas.

Months of valediction - entre 15 de dezembro de 2009 e 28 de fevereiro de 2010, tive a oportunidade de dar adeus a tudo que Porto Alegre me ofereceu de bom e de ruim. É a trilha sonora para o coração partido, mas feliz.

Season Goiânia - o que os primeiros quatro meses na cidade quente do centro-oeste brasileiro tem me oferecido musicalmente? Quais os ritmos das novas aventuras da raposa? Não, nada de sertanejo, mas muito de pop!

domingo, maio 02, 2010

Oficializando

Eu tenho um relacionamento e agora ele é, oficialmente, real. Em todas as suas regras. Até agora elas funcionam, mas ao longo da semana serão colocadas em prova. Coloquem-se em seus lugares, meus queridos leitores, pois os contos da raposa estão ficando animados.

E é claro que farei a minha parte para apimentar as coisas. Uma viagem para Brasília seria o ideal, mas na falta disso, que tal um passeio no shopping e um cineminha? Pornô? Nah, não precisamos chegar a tanto =)
Não que pra mim tenha diferença, aliás.

Ciúme

É um sentimento que não faz sentido, não é mesmo, meus amigos racionalistas? A minha única dúvida com relação a isso é se devo ou não querer saber tudo. Compreendo que a ignorância é, muitas vezes, uma bênção. O conhecimento, por outro lado, é o que nos permite transitar pela realidade com armas para lutar.

Agora: pergunto?

Cobrança

Fui cobrado, hoje, por um bom leitor, a respeito da minha ausência no blog. Ele tem razão, tenho escrito muito pouco. Então comentarei, por alto, minha empreitada monográfica. Abdiquei de ir para a noite goiana a fim de escrever, e tenho cerca de dez páginas do que se tornará minha monografia de especialização. Espero amanhã conseguir ampliar isso ao longo do dia, e o farei revisando anotações e leituras, já que o que eu conseguia fazer de cabeça já fiz. Ainda é muito pouco, mas pretendo chegar ao meu objetivo de sessenta páginas. Se possível, em quinze dias.

Sim, eu deveria ter começado antes.
Não, me dizer isso agora não faz a menor diferença.
Não, eu não quero ajuda.
Sim, eu quero isso.
Não, não de ti.


Acho que fui claro, sem ser.
Como sempre, aliás =)
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