terça-feira, janeiro 30, 2007

Jogos

Eu cresci num mundo maquiavélico. Sempre tentando entender as entrelinhas, sempre sabendo que por trás do que a gente vê existe um mundo de referência que precisam ser corretamente interpretadas para que a real mensagem possa ser deduzida. Não há ponto sem nó, não há fumaça sem fogo, não há.
não considero um privilégio ou uma exclusivadade minha ter nascido num ambiente assim. Afinal de contas, eu nasci no mesmo mundo que todas as pessoas que por ventura estejam lendo essas palavras. O que não consigo entender, contudo, é: por quê?

Situação 1
o filho esquece de buscar as roupas na lavanderia. A mãe não serve a sobremesa über gostosa que ela comprou voltando do serviço, mas que ele viu na sacola quando ela chegou. O que ele entende? A sobremesa não é pra ele, simples. Ou, se ele complicar, pode ver que a mãe está tentando dizer alguma coisa, talvez não tenha gostado dele não ter ligado na semana passada pra avisar que chegaria mais tarde e ainda estivesse magoada. Talvez tenha tido um momento de egoísmo. É, egoísmo!

Situação 2
o filho esque ce de buscar as roupas na lavanderia. A mãe chega, repara, diz que não gostou e que ele foi irresponsável. A sobremesa? Tanto faz se não será servida como uma punição ou se será partilhada pelos dois, logo a seguir de um "tenta lembrar da próxima vez".

Exemplos toscos, eu sei. Minha imaginação não está funcionando muito além disso no momento, mas servem pra explicar o que eu quero dizer. Por que tudo no mundo tem que funcionar através de maquinações epopéicas?
é tão difícil olharmos pra alguém e dizermos o que estamos pensando?, precisamos nos resguardar atrás de disfarces, distrações e mensagens cifradas?
mmmm... sim.
assim é mais fácil, assim não precisamos confrontar aquilo que nos incomoda e, ainda assim, conseguimos atingi-la, mesmo que seja um filho esquecido.


xxxxx

Hoje fui lá na editora, conversei com o possível-futuro-chefe. Ele deu uma olhada no currículo, conversamos um tantinho e ele disse que falaria com a diretora na semana seguinte, numa alegada reunião já programada. Da mesma forma, avisou-me que passariam algumas semanas antes de termos aquilo certo. Quase prometeu que eu não ficaria sem resposta, admitido ou não no estágio.
como sempre, não é a possibilidade de não trabalhar que me deixa triste, abatido, cansado. É, isso sim, a incerteza de que alguma coisa vá acontecer. Eu simplesmente não sei se a resposta será positiva ou não; destarte, eu não consigo planejar meu futuro, não quando ele é baseado no próprio futuro.

E cheguei a mais uma conclusão brilhante sobre mim mesmo: eu sou péssimo com situações novas. Ir num lugar, pedir um estágio, nunca tinha feito isso antes. Assim como algum tempo antes nunca havia pisado numa faculdade, e ainda mais tempo atrás nunca havia feito um exame de faixa no aikido.
novidades são ao mesmo tempo gostosas e apavorantes. Pelo menos eu venho tendo-as com muito mais frequência nos últimos meses do que em todo o resto da minha vida ^^


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Continuo, de uma maneira bizarra, feliz. Simplesmente estar na Pequena Ervilha, mesmo sem fazer nada realmente útil. A simples possibilidade de escolher meus caminhos num lugar que tem tudo e todos que eu quero relativamente próximos me conforta.
ontem eu estava prestes a dormir entristecido quando fiz uma ligação. Ela só confirmou minha frustração com o mundo. Depois, curiosamente, algumas mensagens (que eram de modo algum inesperadas, apesar do conteúdo ter me surpreendido) iluminaram a questão: just more games.
não dormi feliz, mas satisfeito. Eu não estava errado, afinal de contas.
ninguém disse, porém, que isso é bom.

segunda-feira, janeiro 29, 2007

amanhã

Amanhã vou à editora da UFRGS pleitear uma vaguinha de estágio. O conjunto todo é muito bom, vinte horas semanais, salário em torno de três centos, muita liberdade no horário. Resolve três problemas: a necessidade de tempo livre para um estágio (esse pode se encaixar nos meus horários da faculdade), a necessidade de um dinheiro que seja meu (às vezes cansa viver como principezinho) e a necessidade de um trabalho pra começar a aprender alguma coisa de verdade (afinal de contas, não é justo que logo eu queira viver no mundo da fantasia).
logicamente, estou assustado. Aliás, não sei se tem algo de lógico nisso, eu estou assustado simplesmente porque não sei o que vai ser de mim amanhã e não sei como vai correr a conversa com o possível-futuro-chefe e, muito menos, sei se consiguirei a vaga. A única coisa que sei é que ficarei extremamente frustrado se não conseguir e que, se conseguir, não saberei sequer por onde começar.
mais um mundo novo.

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Hoje eu comecei uma nova empreitada. Talvez seja uma loqueação da minha cabeça, assim como escrever palavras tipo "loqueação", mas eu estou razoavelmente empolgado em tentar ajudar algumas pessoas ao meu redor. Não é exatamente caridade, luta pelo bem estar social ou qualquer coisa assim, mas se eu conseguir ajudar aqueles que caminham ao meu lado, ué, não estarei me ajudando?
poderíamos entrar na discussão sobre ajudar os outros, se existe bondade ou se tudo que fazemos é porque esperamos algo em troca. Eu, particularmente, gosto de me fazer de ignorante e dizer que existe bondade. Porém a raposa em mim grita o tempo inteiro que bondade é um nome diferente para interesse, e que se fazemos algo para alguém, significa que queremos algo em troca dessa pessoa.

Essa lógica, apesar de desgostosa, se encaixa para além de amizades. Vejamos um namoro, por exemplo. "Amar para ser amado". A idéia é bonita, mas esconde uma verdade impactante (pelo menos pra mim foi): se tu não ama, tu não será amado. Se tu não procura, não será procurado.
e o que é pior: de vez em quando, se tu procura, não será procurado mesmo assim. Nada autobiográfico, fique claro, minha vida está nos trilhos e estou bem feliz onde estou no momento, e especialmente feliz para onde estou indo.

De volta aos interesses bondosos.
eu ajudo um amigo. O que eu ganho com isso, além da (pressuponho) já adquirida preocupação do indivíduo? Manutenção da amizade? Está certo, concordo que é importante sermos ativos nos relacionamentos para que eles se mantenham. Esse pensamento, contudo, só vem a reforçar aquilo que já disse antes: se manter a amizade é meu interesse, é por isso que estou agindo. Há!
interesses.
nada de bondade.
eu odeio quando meu lado raposa está correto.

domingo, janeiro 28, 2007

eu voltei

Aqui estou. De volta da praia.

Posso dizer que 2007 está oficialmente iniciado, então. Preciso colocar ainda alguns contatos em dia, agilizar umas possibilidades e, na medida do possível, tocar minha vida ^^
estou feliz, apesar do primeiro mês conturbadamente chato.

E estou preocupado. Por algum motivo, minhas amizades estão me deixando preocupado. Isso é tão maravilhosamente bom! Eu reclamei por tanto tempo ser incapaz de sentir algo pelos outros que, agora que um novo ano começa, eu sinto (e como é bom sentir) que as mudanças do ano anterior foram reais.
pensei em resumir o que aconteceu até agora, mas a história a partir daqui só segue, os passos anteriores - que certamente a compõe - não são de todo importantes ainda. Caminhemos com o tempo, observemos conforme as ações contarem a história. Ela é grande demais para essas linhas, e forte demais para ser lembrada de uma vez só.

terça-feira, janeiro 16, 2007

hora de escrever bastante

Então, eu estou feliz.
é bem fácil saber quando eu ficarei feliz ou triste com alguma coisa, basta ver se corresponderá ou não às minhas expectativas o acontecido. Hoje me aconteceu algo que eu não estava, exatamente, esperando, mesmo que eu muito quisesse, e isso me deixou super feliz.
se não tivesse acontecido, triste eu não ficaria, mas também não feliz. Por quê? Razão simples: eu não estava realmente esperando algo para acontecer.

A praia estava bastante cansativa. As razões são fáceis de encontrar, e não têm qualquer relação com o calor gigantesco, nem com o movimento dantesco e muito menos com as companhias muitas vezes excessivamente mimadas e carentes de atenção.
faltaram pessoas. O ano que passou foi muito marcado, pra mim, pelas relações que as pessoas fizeram comigo e, a partir daí, pelas experiências que foram vividas. Na praia sozinho eu não encontro diversão, pelo contrário, eu leio e deito na rede e vejo novela e vejo sessão da tarde também e leio mais um pouco. Meu pequeno mundo altista agiganta e eu fico preso nele.

A Ervilha não me assusta. Na realidade, ela me diverte.
de todas as opções que a cidade, as que eu escolho logicamente acabam ligadas quando analisadas de forma macro. A razão é simples: meus gostos são limitados, meus divertimentos também. As minhas escolhas refletem o que eu gosto e quem está do meu lado gosta também. Portanto não é complicado que pessoas conhecidas em tempos e lugares e situações diferentes se conheçam, e conheçam pessoas entre si também e tenham vivido suas próprias experiências em separado.

Acabou o Segredo aqui em casa.
sim, eu gosto de dizer coisas em letras maiúsculas pra fazer parecer que elas são grande coisa e assim criar novos personagens pra minha vida. Coisa de altista, não liga não.
de volta ao Segredo *trovões ao fundo*. Pois é, acabou. Agora todos sabem o que eu sei, nossas sinceridades são verdadeiras. O que vai ser daqui pra frente, não sei. Espero que as coisas sigam como estão e melhorem, sempre, já que a gente tem que desejar alguma coisa boa. Não gostaria de ver a verdade interferindo para pior na minha vida. Eba, e seja o que for.

Em fevereiro eu corro o risco (oba!) de conseguir um estágio na editora da ufrgs, numa vaga indicada pela minha irmã raposa ^^ A possibilidade me deixou über feliz, pq enfim eu posso tirar o mofo e não passarei fevereiro parado, acumulando moscas, enquanto outras pessoas que pra mim são importantes demais se matam trabalhando nas tardes e acabam sem tempo disponível pra me aproveitar.

Estou com saudade dos meus amigos. É, porque agora não bastasse eu precisar deles pra chorar nos ombros, eu também preciso deles pra me preocupar com eles. Nunca vi disso ^^ A moral é que eu tenho ocupado uma boa parte dos meus pensamentos - e por vezes esforços - em tentar ajudar meus amiguinhos, tipo como se eu fosse um ursinho carinhoso. E é tão bom isso.

Um livro que foi pedido em inglês veio em alemão. E eu não leio alemão ainda. Droga. Mais tempo esperando pelo livro certo. Pelo menos eu ri bastante quando vi que estava em alemão ^^


Acho que passaram as primeiras frustrações do ano, agora já deu pra estabilizar e começar a trabalhar pra esse ano ser ainda melhor que o anterior. Será que eu consigo?


To pensando em criar a Raposa Fotográfica... será que o fotolog me aceita? E com o tanto que eu escrevo aqui, o que eu vou escrever lá? Nada? Fotos? mmmm
é, talvez seja pra isso que ela vá servir, pra fotos. E só. ^^

verde

Porto Alegre é uma Ervilha.

segunda-feira, janeiro 15, 2007

6 - 7

2006 foi um ano muito bom. Foi um período de renovação, de mudança mesmo. A maior parte do que era deixou de ser para se tornar outra coisa, muitas vezes melhor.

2007 começou estranho. Difícil, pra falar a verdade. Muitas escolhas, algumas frustrações.
ainda não sei pra que lado isso vai me levar. A única certeza é que tá caindo de madura a hora de eu aprender a correr atrás do que eu quero.

Como eu bem disse a um bom amigo: 2006 foi um ano de firmar as bases. Agora chegou a hora de testá-las.

domingo, janeiro 14, 2007

escolhas

As confissões acabaram.
agora entram as escolhas.

E o ano está recém começando.
Esse promete. Será que cumpre?

frustração II

Tão frustrado que vêm dois.
estou de volta da praia até o início do findi, possivelmente. Quero ver pessoas, fazer coisas.

Depois comento as coisas boas do verão, já que elas estão por aí em algum lugar.

frustração

Essa é a palavra da vez.
2007 começou com tudo pra ser legal, tirando que na semana seguinte já dei de cara com a primeira frustração. E tipo, se tem algo que me tira do sério, é ter meus planos frustrados. Pior ainda: por outras pessoas.

Estou muito irritado.
se levar patada e não merecer, por favor entenda.
se merecer, vê se muda.


Mas tudo bem, tudo bem.
eu que ainda acredito em Papai Noel e acho que o mundo pode ser bonitinho - meu primeiro discurso emo do ano. Bah, to muito irritado. Querem saber? Não? Então fiquem sem saber.
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