terça-feira, janeiro 29, 2013

Precisa de revisor?

Acontece uma coisa curiosa no que diz respeito à busca por revisores. Normalmente, as pessoas que melhor escrevem são as mais conscientes da necessidade de haver uma segunda leitura, de preferência profissional. Por outro lado, sujeitos com textos mais frágeis tendem a considerar este um investimento secundário, dispensável ou muito caro (sobre o que escreverei em outra oportunidade).

Tá, mas por que revisar?
Quando escrevemos algo, temos um objetivo a ser alcançado. Podemos querer passar uma mensagem, contar uma história, suscitar uma emoção, informar sobre algo que aconteceu... Porém, ao sentarmos e escrevermos, muitas vezes nosso objetivo é ofuscado por outras ideias que nos atravessam, por dificuldades no uso do idioma, pelo esquecimento de uma palavra ou pelo mal uso de outra, enfim, são inúmeros os desafios que se interpõem entre o nosso objetivo e o texto que dedilhamos.

Um exemplo: escrevi uma versão preliminar desse post e mostrei-o a um amigo. Ele odiou, disse que eu estava meramente extravasando uma frustração profissional, e estava certo! Assim acontece em incontáveis situações: estamos perto demais para enxergar nossas próprias influências, os vícios e as fraquezas daquilo que produzimos. Como muitas vezes não temos horas, semanas ou meses para nos distanciarmos do que escrevemos, é cabível incluir uma segunda pessoa, um outro olhar.

Serve qualquer amigo? Sim, na mesma medida em que serve qualquer amigo no lugar de um psicólogo. Ele certamente será útil, poderá apontar questões aqui e ali e tudo terminará com um certo ar de satisfação. Contudo, ao contrário de um profissional, seja psicólogo ou revisor, o amigo qualquer não é treinado em procurar erros, em localizar características da psique ou do texto que possam necessitar de um cuidado maior, ou que poderiam ser trabalhados de outras maneiras. Enquanto espera-se de um amigo que contribua com a melhor das intenções, o profissional acumula experiência em colocar um texto mais próximo de seu objetivo.

Uma revisão – de textos ou de si – não é obrigatória. Para muitas pessoas, também não é necessária. Contudo, é um investimento que nos ajuda a chegar mais perto daquilo que buscamos, seja para nossos leitores, seja para nós mesmos.

Argh, reuniões!

Hoje participei de uma reunião no meu trabalho. Ela durou três horas. Como a minha equipe de trabalho direto é pequena e duas das cinco pessoas não foram, a conversa inicial foi bastante rápida. Era para durar uma hora, mas durou quinze minutos. Sentamos, esboçamos algumas ideias a respeito do que pretendemos fazer no semestre e ponto. Depois, tivemos meia hora para comer pamonha. Após esse momento lanchinho, cerca de uma hora ouvindo os diretores falando sobre a faculdade. Falando. Falando. No fim do ano passado tivemos uma reunião de despedida, como se a proposta fosse avaliar o que o semestre havia nos ensinado. Como hoje, não foi bem assim. Para finalizar a noite, uma teamwork coach (!) fez uma breve palestra. Dos 30 minutos que tinha, usou 35 e propôs uma dinâmica e um vídeo.

Pausa.
Eu odeio dinâmicas. Não sei, alguma coisa sobre sorrir e abraçar o coleguinha ou montar quebra-cabeças junto com vinte pessoas ou dançar ou encher balões – especialmente encher balões – me incomoda ferozmente. Acho bobo, inútil, perda de tempo. Quer que eu trabalhe em equipe? Beleza, me diz o que é pra fazer, ou me dá uma equipe pra liderar, ou algo do gênero. Dinâmicas cansam, acho que a fórmula está desgastada. Ainda assim, pude ver pessoas empolgadas. Talvez nem todo mundo esteja cansado, talvez eu seja apenas um chato.
Fim da pausa.

Teremos mais quatro dias de reunião pela frente na chamada "semana de planejamento". Boa parte do tempo será utilizada para que os professores montem seus planos de aula. Estou pressupondo que não terei acesso à internet facilitada ou um computador com meu acervo de materiais. Não levarei o meu notebook para o fim do mundo e não estou interessado em carregar o meu netbook para lá. Tá, tá, eu sei, não estou facilitando. Sim, sim, eu sei que quase nenhum empregador é bacana (ou louco? Ou inteligente?) o bastante para deixar seus funcionários em casa produzindo. Ninguém precisa olhar para mim enquanto eu produzo, basta me dar um prazo e avaliar a minha produção. Quer falar de interdisciplinariedade? Beleza, mas tchê, vocês estão falando sobre isso desde que eu entrei na graduação, provavelmente desde antes. É algo assim tão difícil entender? Será que nunca entendi e só acho que sei?

Para finalizar, indico aqui dois links para a Escola Freelancer: no primeiro, conselhos para uma reunião bem sucedida; no segundo, como resolver alguns dos problemas mais comuns em reuniões. Ambos textos são ótimos e eu desejaria que os cerimonialistas que me empregam lessem e pensassem a respeito. Se a proposta é um ensino de qualidade, que tal começar entre as equipes de trabalho?

segunda-feira, janeiro 28, 2013

Santa Maria, ou aquilo que acontece onde não vemos

Uma das coisas mais impressionantes que a vida nos mostra é que coisas absurdamente impactantes podem acontecer em um lugar e ninguém fora dele ficar sabendo. Pode ser um fofo pedido de casamento ensaiado e planejado. Uma Parada do Orgulho Gay. Um tiro. Um sol se pondo em uma cidade litorânea. Uma boate pegando fogo por negligência de cuidados básicos de segurança.

A notícia sobre o incêndio em uma casa noturna de Santa Maria tem abalado e movimentado as redes sociais. Quem quiser informações sobre o que estou falando pode se dirigir ao Cem homens. O que eu quero falar a respeito aqui hoje não é nada sobre a dor causada pelas inúmeras mortes, nem o absurdo do descuido. Quero aproveitar essa situação para pensar que, em muitos lugares, pessoas não ficaram sabendo dessa tragédia. O jornalismo, a publicidade e a internet ampliam o alcance dos fatos, dos produtos e ideias. Ainda assim, é altamente provável que pessoas em Santa Maria não tenham ouvido falar no incêndio.

Isso é ruim, sinal de desinformação? Depende. Isso é vida, sinal de excesso. Somos sete bilhões no planeta e a probabilidade é que nenhuma pessoa consiga estar conectada a todas. O mundo de cada um é construído pelas suas relações, pela dedicação a elas e, principalmente, pelo que motiva ou não a agir. Nada nessa triste ocorrência me motiva a agir, a acompanhar de perto, a saber exatamente qual foi ou não o motivo para tantas mortes. São mortes distantes de mim, e isso sinceramente me preocupa.

sábado, janeiro 26, 2013

Prayers for Bobby

Ontem assisti pela quarta vez ao filme Prayers for Bobby, ou Orações para Bobby (escrevi uma vez já sobre ele). Ele segue sendo uma das primeiras referências que indico para alguém interessado em pensar sobre homossexualidade e religião ou sobre homofobia e tolerância. O filme conta uma história em dois momentos, com a religião cristã como eixo: primeiro vemos o drama do filho, Bobby, em lidar com o fato de que se sente atraído por homens.


Não é nada fácil para Bobby lidar com esse tesão que o acompanha desde a infância. Ele sabe, pela leitura de sua Bíblia, que irá para o inferno. Mais que tudo, ele sabe que o seu pecado o levará a se afastar da família, pois todos que ele ama odeiam gays. Ele não quer ser homossexual. O segundo momento do filme está centrado na mãe, que em certo ponto do filme afirma categoricamente que se o filho é gay, então ela não tem um filho.


Das lições que eu tiro do filme, a noção de que "fé cega é tão perigosa quanto fé nenhuma" é uma das principais. Prayers for Bobby é maravilhoso justamente por se centrar naquilo que as pessoas acreditam ser verdade. Em ponto algum sabemos o que é, de fato. Há sempre a interpretação, sempre a dúvida, sempre a questão por trás de quem está olhando.

Em ambas as histórias, na de Bobby e na de sua mãe, temos respostas diferentes para a mesma pergunta: o que fazemos quando duas verdades conflitantes aparecem em nossa vida?

terça-feira, janeiro 22, 2013

Raposa Freelancer

Um dos meus principais objetivos para 2013 é tornar-me capaz de viver apenas com os frutos do meu trabalho como freelancer. Para alcançá-lo, decidi que é necessário expandir minha atuação no mundo virtual. Isso implica mais do que apenas dedilhar palavras sobre como foi o meu dia, o que eu penso sobre relacionamentos e como estão sendo minhas experiências profissionais.

Para começar, desejo explorar que serviços ofereço enquanto freelancer. Eu trabalho atualmente com revisão ortográfica, ou seja, ocupo-me em garantir que o texto do cliente esteja escrito adequadamente e conforme as normas da ABNT ou outro conjunto de regras de formatação e edição indicado. Também trabalho com revisão editorial, que vai um passo além da correção ortográfica e normatização: trata da fluidez do texto, da organização de suas partes e ideias, enfim, do processo de escrita como um todo. Envolvo-me também com diagramação, ainda que atualmente seja algo raro, mas mantenho contato com designers, ilustradores, fotógrafos etc; posso, portanto, assessorar projetos editoriais.


Minhas experiências profissionais já incluem uma editora e uma gráfica, ambas da UFRGS, uma equipe de produção de material didático na UFG e um grupo privado responsável pelo lançamento de um sistema educacional para o Ensino Fundamental. Nessa trajetória, já fui bolsista, empregado, chefe de departamento e responsável pelo treinamento de novos profissionais, ora ensinando diagramação, ora orientando revisores. No fim de 2012, tornei-me microempreendedor individual, uma modalidade de empresa que me permite trabalhar oficialmente e emitir notas fiscais. Embora eu não tenha direito a um nome fantasia, possuo um CNPJ e agora organizo meus serviços de forma mais profissional.


Esse caminho que venho trilhando não se faz sem amigos, parceiros ou inspirações. Tenho discutido e trabalhado muito com minha amiga publicitária/designer/ilustradora Vivian Dall'Alba; me inspirado em postagens sobre revisão do Revisão para quê e nas aventuras empreendedoras da Elo Editorial; e agora também me felicitado pela iniciativa de outra amiga na criação da Raposa Livreira.

O que espero para os próximos meses? Muito trabalho, bons frutos e cada vez mais amigos, parceiros e inspirações para colocar aqui na Raposa Antropomórfica!

terça-feira, janeiro 15, 2013

2013

Voltei a escrever. Ainda timidamente, confesso, mas o prazer de rabiscar uma ficção deixou-me já mais aliviado. Quero fazer mais disso, entre outras coisas que decidi para mim em 2013. Não farei grandes anúncios sobre as coisas que virei a fazer. Contá-las-ei aos poucos, para não estragar surpresas.
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