Defensor são das paixões contidas, agora experimento uma segunda (ou terceira, ou vigésima) vez a sensação de querer sem saber se há retorno. Eu desejo não apenas fisicamente; aliás, o físico não tem importância num primeiro momento. Não esperaria sexo como a consumação desse gostar. Um abraço faria o serviço. Deitar a cabeça e sentir-me confortável, saber que posso fechar os olhos e ficar protegido entre sonhos e sorrisos.
Aguardo, só, o momento do próximo sorriso. O tempo, o espaço, as pessoas: tudo sempre conspira para dificultar as perfeições. Nada pode ser perfeito enquanto vivo, eis a ironia. Só se pode ser feliz se soubermos o que é sofrer.
Hoje eu sofro desse mal chamado felicidade.
Aperta, dói. Dura pouco, apenas algumas gotas num rio caudaloso.
Não sei mais como traduzir em palavras esse tipo de sentimento. Não lembrava como era, permanente curiosidade e vontade. Desejo, dúvida, dor. Ser feliz dói demais. Ao contrário de outros momentos, disponho-me. Dispo-me de teorias, por enquanto, abrindo os braços a fim de conhecer o que não posso alcançar com o coração fechado.
Se vai doer?
Já dói.
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