quinta-feira, março 10, 2011
Chove lá fora
Estou aqui sentado na frente do meu computador, todo o apartamento com as luzes apagadas. Lembrei agora que no plural a gente não pode usar "todos" sem "os" ou "as" na frente. O que me faz pensar nos quadrinhos que li recentemente sobre o gênero de coisas que não têm gênero, como a lua, que em polonês é masculino. O lua. Na melhor das hipóteses, esses objetos são trans ou inter. Transexuais, interidiomáticos. Não faz sentido chamarmos a lua de feminina ou masculina. Cadê o diacho do gênero neutro pra nos salvar? Será que começo a usar i como artigo definido neutro? I mi casa foi explodidi por im pedreiri. É, não funcionaria. No curso que ministrei em janeiro, uma aluna usou o dicionário para definir o que é mulher, sem perceber que a linguagem é cheia dessas armadilhas inconscientes. Ou melhor, que passam por nós sem que tenhamos consciência delas. Imaginar que a linguagem tenha consciência ou inconsciência é uma projeção de humanidade sobre elas, antropomorfização ou algo assim. É como pensar que uma raposa possa escrever um blog. Como esse.
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