domingo, julho 29, 2012

Alimentando nossos fantasmas

Eu ando com medo de tentar alguns voos mais ousados. Bem, eu tenho considerado ousado, talvez nem o seja. Talvez seja apenas difícil, ou complicado, ou caro, mas nada ousado. Ou quem sabe seja tudo isso e, além de tudo, também ousado. De toda forma, o que tem me impedido me alçar esse voo (ou no mínimo de abrir as asas e me jogar do penhasco) não é a dificuldade, as barreiras previstas no caminho, tampouco algumas que ainda nem imaginei. O grande problema são os fantasmas que eu alimento.

Um deles diz que eu não sou bom o bastante. Preciso dizer o quanto isso é ridículo? Não, não, não é prepotência. Prepotência seria eu acreditar que sou bom o bastante e ponto. Não é o caso, eu posso não ser aos olhos de quem vai me avaliar, conhecer, observar etc. O que eu não posso deixar acontecer é eu não ser bom o bastante aos meus olhos e, por isso, não tentar. Pode acontecer de eu tentar e não for aceito, isso é perfeitamente normal. As expectativas dos outros podem não coincidir com as minhas, ou as impressões e leituras que fizerem de mim talvez seriam diferentes com mais tempo de convívio, mas ei!, isso é vida!

Outro fantasma é o tal da improdutividade. Ou ocupação, como li recentemente em um blog. Basicamente, o fantasminha fica me dizendo para curtir coisas no Facebook, ler tweets, acompanhar os e-mails, procurar imagens no Tumblr etc. E eu faço tudo isso. Aí alguém chega e me chama para algo e eu grito que estou ocupado. Resultado? Vida perdida.

O pior de todos os fantasmas, porém, é aquele que nos mantêm obsessivos com algo. Uma ideia, uma memória, uma situação boa ou ruim. A gente quer de novo, quer repetir, precisa saber como seria hoje, que somos diferentes. Não deveria precisar, mas vou repetir o clichê: o tempo não volta. A decorrência lógica é que as situações e as pessoas também não, uma vez que tenham passado. As coisas e as pessoas mudam, seus interesses, suas relações, suas vidas. O que eu queria hoje, amanhã será outra coisa. O que eu quis ontem, hoje é, que curioso, passado! É como aquela pessoa que surge do passado reclamando por um sentimento passado, "em memória do que fomos". Memória é exatamente isso: memória.

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