segunda-feira, junho 16, 2008

Quase um mês

Estou me superando nessa brincadeira de não escrever muito por estas bandas. Isso é meio triste, na realidade, porque muito me agrada digitar aqui e colocar no mundo algumas considerações bobinhas sobre a vida.

Primeira consideração bobinha sobre a vida
Quanta gente existe por aí que eu conheço, converso há anos e ainda assim não sei nem um pedacinho da vida delas? Colegas, vizinhos, pessoas de convivência freqüente, são bem poucos os que eu realmente posso dizer que sei alguma coisa. Na maioria dos casos eu nem sei o básico, se a pessoa está namorando com alguém, onde ela está trabalhando, se está contente com o futuro e se gosta de sorvete de uva.
Minha impressão inicial seria dizer que no colégio esse tipo de conhecimento era mais fácil, tanto por as pessoas serem menos complicadas (ou no mínimo menos vividas), quanto por eu ser menos cheio de espaços diferentes dentro da mesma vida. Defenestro essa idéia já agora, pra não perder muito tempo nesse raciocínio: eu pouco sabia sobre as pessoas naqueles tempos, e nem tanto por desinteresse ou inabilidade social.
Eu gostaria muito de saber muito sobre quem eu gosto. Infelizmente, se eu quisesse conhecer bem a todas as pessoas que julgo pelo menos interessantes, minha vida seria feita de ler umas biografias e acompanhar outras enquanto são escritas. Pena que não posso.

Segunda consideração bobinha sobre a vida
Amor é uma coisa realmente complicada. Nos tempos em que eu acreditava que viveria sozinho pra sempre, óh adolescente em crise de auto-estima, nada parecia servir como um futuro agradável ou, sequer, possível. Não imagino que fosse exclusividade minha, o que até tira um pouco do gosto de reclamar, mas eu realmente era bom em não gostar de mim.
Lembro que no primeiro ano estava eu sentado numa grande escadaria que existe lá no colégio. Um lugar quieto, afastado do movimento principal de alunos correndo de um lado para o outro. Enquanto eu descia, determinado a passar mais um recreio isolado no meu casulo, passei por uma menina que já estava sentada. Tudo bem, escada grande o suficiente para dois, desci alguns lances e fui me sentar lá embaixo. Ela puxou conversa, lembro que falou qualquer coisa sobre não conseguir ver alguém sentando sozinho como eu estava e deixar passar. Ela tinha o mesmo sentido de perdição que eu, pelo menos lá no início do ano. Passei alguns tempos conversando com ela nos recreios, ela estava na oitava série, se não me engano. A impressão que eu tinha era que ela era mais velha. Não importa. Depois de algum tempo passamos a nos falar menos, talvez porque eu não fosse uma boa companhia de acordo com a opinião das amigas. Não importa.
Amar é uma coisa engraçada. Eu sei o que é ser feliz, o que é me sentir querido e desejado, o que é querer e desejar. Trata-se de uma sensação muito gostosa, que me é suficiente para viver meses sem preocupações não-fundamentais (fome, sede, banheiro). Minha vida era incompleta enquanto eu não sabia o que era amar e ser amado (os dois ao mesmo tempo, por favor!). Hoje eu posso dizer que sei o que é isso e que não gosto da idéia de viver sem essa sensação.

Terceira consideração bobinha sobre a vida
Não sei se estou feliz com minha vida nesse exato momento. Enxergo alguns problemas, como o fato de eu não ser rico e de o dia não ter trinta e seis horas, ou de eu não conseguir me teletransportar ou ler o pensamento das outras pessoas, mas isso tudo é o de menos.
Alguns meses atrás eu tinha certeza que estava contente com os rumos da minha vida, apesar de qualquer coisa. Agora não. Estou incomodado de estar no mesmo lugar há tanto tempo, de não ser quem eu gostaria de ser. "Ah, seja" dirão os filósofos. Quisera fosse tão simples. Eu tenho um comportamento padrão nesse sentido, chega a ser engraçado. Fico esperando um determinado acontecimento ocorrer, dizendo para mim mesmo que daquele momento em diante eu serei uma outra pessoa, que tudo será feito diferente. Óbvia ilusão, o instante vem e vai e continuo parado com o sorvete derretendo na mão.
Nesse momento diversas imagens atravessam minha memória. Será que todas as memórias são feitas de momentos não-completados? Possibilidades jogadas ao vento do passado que, certamente, nunca sopra de novo? Odeio saber que eu sou aquela pessoa que fica parada enquanto seu amigo está para levar um soco, simplesmente por não saber o que fazer. Detesto ser a criatura que olha nos olhos, vira e foge.

Quarta consideração bobinha sobre a vida
Sim, eu queria voltar no tempo e ir arrumando erro por erro. Só que simplesmente voltar e ser o mesmo não serviria de nada, então meu desejo provavelmente seria nascer de novo com um pouco mais de inconseqüência e um pouco menos de ponderação.
Sou inteligente demais, para o meu próprio mal.

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