terça-feira, julho 08, 2008

Ímpeto criativo

Ele vem do nada. Num momento não existe, no segundo seguinte ele desperta. É brutal, significativo, simples. Um olhar, uma negação, uma palavra sussurrada. Qualquer coisa pode gerar o ímpeto, qualquer movimento pode explodir a pólvora.
Desisti de identificar o que causa essa fagulha divina. Tenho idéias e palpites, e alguns chutes dirigidos, mas são simplesmente isso. Acredito que nos momentos de maior dor e de grande tristeza minha mágica opera e cria-se a obra. Pode ser simplesmente isso: transformação da dor e da tristeza em magia e beleza.
Gosto do jeito poético de pensar isso, mas será que a felicidade não pode, também, vir a ser arte?

x x x x x

O resto do post será dedicado à música!

sobre o Rio, Beirute ou Madagascar...
toda a Terra reduzida a nada
a nada mais
minha vida é um flash
de controles botões antiatômicos
olha bem meu amor
é o fim da odisséia terrestre
sou Adão e você será
minha pequena Eva

Pedacinho de uma música que eu gosto muito. Ouvi pela primeira vez voltando de um passeio de carro. Estava no banco de trás do carro, sentado no meio – lugar que adorava enquanto ainda pequeno. Passávamos por Cachoeirinha e a música começou a tocar. Fiquei apaixonado por ela no mesmo instante.

É isso aí
como a gente achou que ia ser
a vida tão simples é boa
quase sempre
É isso aí
os passos vão pelas ruas
ninguém reparou na lua
a vida sempre continua
Eu não sei parar de te olhar
eu não sei parar de te olhar
não vou parar de te olhar
eu não me canso de olhar
não sei parar
de te olhar

Outro trecho, outra música. Gosto dela muito muito, acho até que um pouco mais do que a versão em inglês. Quando o Seu Jorge começa a cantar, bah

É isso aí
há que acredita em milagres
há quem cometa maldades
há quem não saiba dizer a verdade
É isso aí
um vendedor de flores
ensinar seus filhos
a escolher seus amores
Eu não sei parar de te olhar
não sei parar de te olhar
não vou parar de te olhar
eu não me canso de olhar

Amo essa música. Como todas que ouço com freqüência, aplico a letra e a melodia à minha vida. Vários sons que me acompanham possuem significados profundos no meu coração. Um exemplo perfeito é Cripple and the Starfish, do fabuloso Antony and the Johnsons. O violino que começa já dá a entender o quão profunda é a música.

Mr. Muscle forcing bursting
stingy thingy into little me me me
but just ripple, said the cripple
as my jaw dropped to the ground
smile smile
It's true I always wanted love to be hurtful
and it's true I always wanted love to be
filled with pain
and bruises
Yes, so cripple-pig was happy
screamed I just compeletely love you!
and there's no rhyme or reason
I'm changing like the seasons
watch I'll even cut off my finger
it will grow back like a starfish
it will grow back like a starfish
it will grow back like a starfish
Mr. Muscle, gazing boredly
and he checking time did punch me
and I sighed and bleeded like a windfall
happy bleedy, happy bruisy
I am very happy
so please hit me
I am very happy
so please hurt me

Ela não termina aí, segue mais um pouco no jogo de tristezas que significa se doar ao outro. Amo demais essa canção, o que ela diz, o que ela significa. Houve um tempo, passadas as paixões platônicas de infância e adolescência, mas não as paixões platônicas, em que eu assumi essa música como tema para minha vida. Engraçado lembrar que "esse tempo" não faz muitos anos. Faz poucos, pra ser bem sincero.
Tem outra música que eu aprecio deveras. Girassol, do Cidade Negra. Como eu amo essa música, especialmente por uma parte muito interessante:

A verdade prova que o tempo é o senhor
dos dois destinos, dos dois destinos
já que pra ser homem tem que ter
a grandeza de um menino, de um menino
E no coração de quem faz a guerra
nascerá uma flor amarela
como um girassol, como um girassol, como um girassol
amarelo, amarelo

Se esse blog fosse um seriado de televisão, este post seria um capítulo de Natal, um musical. A cada três ou quatro cenas, uma canção diferente, nos mais diversos tons e estilos. Tudo muito bonito, como costumam ser os musicais.
O ritmo continuaria com The New Pornographers, The spirit of giving, que canta assim:

You went looking for shelter
in all the wrong spaces
you grew gluttonous and famous with faces
superstitiously you name them
st. Christopher and Johanna
st. Christopher and Johanna
st. Christopher and Johanna
...
I'll give you something to be sad about
hey the picture really captures your mouth
poised to say
it's your turn to go down now, it's your turn to go down now
it's your turn to go down now, it's your turn to go down now
in the spirit of giving

Eu não sei como eu terminaria o musical. Tenho três possibilidades, apresentá-las-ei (está certa essa mesó-cli-se?) Antes de terminar, porém, não poderia deixar de passar algum Coldplay.

Look at the stars
look how they shine for you
and everything you do
yeah, they were all yellow
I came along
I wrote a song for you
and all the things you do
and it was called Yellow

Agora que nos encaminhamos para o fim do nosso capítulo, escolhamos a música de encerramento. Temos três possibilidades, e reproduzirei trechos delas de acordo com a ordem cronológica da minha tomada de conhecimento.
Começo com Touched, que não sei de quem é.

I'll never find someone quite like you
again
I'll never find someone quite like you
like you
...
The razors and the dying roses plead
I don't leave you alone
the demigods and hungry ghosts
so God, God knows I'm not alone
I'll never find someone quite like you
again
...
I I looked into your eyes and saw
a world that does not exist
I looked into your eyes and saw
a world I wish I was in

Algo no ritmo em que ele canta essas palavras é primoroso. Vontade de erguer os braços, balançá-los furiosamente pelos lados, jogar-me de um lado para o outro e sentir o mundo girar ao meu redor, abandonar tudo ao seu destino e encontrar-me com os olhos em cujo mundo quero existir.
A segunda é Heretic, do Sound of Animals Fighting. Pelo que conheci da banda, baixei um disco depois de ver quão fantástica era essa música, nenhuma outra presta. Tudo uns barulhos estranhos, como se animais estivessem em jaulas brigando. Pertinente, ao menos. Essa canção é para ser ouvida a todo volume. Se não tiver como, nem perca tempo.

Inevitably it's starting to bleed
and couldn't be stopped, that's justice
incredible luck, to lift and be struck
what curious things..
A moment to think, before we will sing
the beauties alined, so sweetly
and don't be afraid, don't be afraid
don't be afraid...
Does this look like that?
(my bumpkin boy)
how cruel you get
I've started again
(my bumpkin boy)
to miss your hand
What carnage you've left
(my bumpkin boy)
and you were dead
Remember your flesh
(my bumpkin boy)
to see us break
Our souls are unrest
what kind of pride is this?
Dry your, dry your eyes
they'll salt his wounds
if burning the flesh means finding the one
...
(Flesh is heretic
my body is a witch
I am burning it)

Essa música realmente dói de ouvir. Sempre que posso canto-a com toda a força que meus pulmões conseguem gerar. Ela vale o esforço e a dedicação, sem dúvida.
Por fim, uma música que descobri há pouco mais de dois meses, talvez nem isso. Vem de um filme lindo, que resenharei em algum momento futuro. Por tê-la ouvido no filme, eu a associo às cenas que ela envolve, mas acho-a tão linda que mesmo sem filme ela acobertaria muitas coisas. É da banda chamada Hidden Cameras, chama-se We Oh We:

All I want is
to be in his movie
and not just be old worms of yesterday
All I want is
to be under his covers
and not simple be time from yesterday
...
All I want is warmth from his smother
and not just be frozen for an age
Oh my longing to be bare on your knee
and that not just be home from yesterday

Assim fecharia meu musical. Três músicas, na indecisão de uma só. Assim fecho meu post de hoje, certo de ter cumprido uma função bem mais presente do que a que eu esperava enquanto matutava sobre o que escrever hoje.
^^

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