domingo, outubro 21, 2012

O passado deixa marcas

Se tudo que aprendemos caminha conosco nas decisões futuras, então é mais que justo assumir que nossos saberes (e crenças) nos seguram, nos fazem resistir. Temos medo de repetir erros, pois sabemos que eles machucam. Aprendemos o que dói e nos fechamos em uma concha de proteção. Amar dói? Então não amemos. Funciona simples, mas nos priva de experiências que poderiam ser maravilhosas. Em algum momento, a gente precisa decidir se ama de novo ou se bloqueia mais um pouco.

Gostar de alguém é um risco. Não se trata apenas de a gente poder se machucar, mas também de podermos machucar outra pessoa, outro conjunto de subjetividades com o qual não sabemos como lidar. Eu sei que já machuquei algumas pessoas e que poderia ter feito diferente. Sei exatamente como deveria ter agido para que as coisas saíssem melhores do que saíram. Por que não o fiz? Não sei, eu simplesmente não consegui. Saber como agir e agir de acordo são duas coisas completamente diferentes.

Acho que um exemplo vem a calhar. Certa feita, no colégio, um amigo e um ex-amigo se desentenderam. Logo se agarraram e ficaram um ameaçando socar o outro. Eu vi, me aproximei e fiquei junto às pessoas que estavam olhando aquilo acontecer. Entreguei minha mochila para meu outro amigo, na típica postura de "vou fazer algo a respeito", mas aquilo era uma briga e eu não fazia ideia de como lidar com brigas, então travei. Eu não fiz nada. Meu amigo levou um soco do meu ex-amigo, que saiu correndo, e eu não fiz nada. Poderia ter impedido. Poderia. Não impedi.

Exemplo bobo? Talvez. Ele resume uma característica minha muito clara: nem sempre eu consigo fazer o que sei que deveria fazer. Isso acontece principalmente quando os sentimentos de outras pessoas estão em jogo. Eu não sei lidar com outras pessoas. Sei lidar comigo, sei o que me aflige, de onde vem, para onde vai. Não sei o que fazer quando é a vida de outro sujeito que está dependendo das minhas escolhas. O que machuca mais, ficar ou partir? Partir, então vou ficar mais. E fico, e quando vejo o partir é tão necessário que o ficar transformou-se em mais dor que o partir.

Aí a gente conhece novas pessoas e a sombra das escolhas do passado estão ali. Do meu passado. Do passado das outras pessoas. Ninguém chega numa nova relação limpo de influências. Quando damos "oi" a alguém, estamos carregando tudo aquilo que vivemos antes e esperando que a resposta não seja a mesma que encaixe naquelas experiências negativas que vivemos. Da mesma forma, se forem iguais demais às que deram certo, talvez seja um mal sinal, pois serão comparadas eternamente.

O que fazer, então? Como não se consumir no passado e esquecer que o presente está sempre batendo na nossa porta? Não sei. Queria saber, juro. Posso dar umas dicas de auto-ajuda, posso mesmo, mas eu não gosto de rabiscar aqui na Raposa sobre coisas que eu não consigo colocar em prática. O jeito é, tanto quanto possível, tentar fazer com que o passado não nos consuma, não nos impeça de viver coisas novas, de experimentar sabores diferentes. Vamos tentando...

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