terça-feira, julho 20, 2010

Férias julinas

Não estou correspondendo às expectativas que meus professores têm sobre mim. Entrei no mestrado como uma aposta, uma possibilidade de sucesso, mas não uma garantia de não-fracasso. Mais do que os outros, preciso provar que meu aceite não foi um erro. Ninguém disse "Tales, estamos decepcionados". Ainda. Só que vai acontecer, tenho certeza, já que não estou lendo quase nada. Hoje chegou um livro que encomendei. Detalhe: comprei seis, cinco ainda estão a caminho. Livros enormes, densos, com textos fundamentais para os meus estudos. Como darei conta deles, se nem estou conseguindo lidar com os que trouxe lá de Goiânia? E o tempo para procurar livros que tenham aqui e lá não, onde fica?

Eu sei a razão das minhas falhas, eu estou preenchendo uma lacuna que a viagem abriu. Uma certa saudade de viver o tempo inteiro com pessoas que eu amo. Lá em Goiânia estou começando a estabelecer contatos que, imagino, em breve me farão suspirar também, mas como fico enquanto isso não acontece?

Estudando teoria queer e batendo de frente com paradigmas obsoletos da educação, cada vez mais eu me deparo com a ideia de que certezas não estão aí para me ajudar. Por outro lado, dia após dia eu sinto que preciso menos de questões e mais de linhas retas. Curvas são muito boas, muito úteis, mas elas cansam, machucam, perturbam. Preciso de uma certa calmaria para sentar e ler, ou será que não?


Não estou triste por alguma ausência, sabe? Tenho sexo, tenho amigos, tenho festas, nada disso me falta em Goiânia. Claro, não é a mesma coisa que Porto Alegre, isso é evidente, mas mesmo assim fica aquela vontade de encontrar, no fim do dia, um abraço sincero, gostoso e que faça tudo desaparecer, mesmo que por alguns instantes. O que eu preciso fazer pra me soltar desse jeito? O que está segurando minha energia de forma tão contínua?

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