domingo, julho 18, 2010

Não entendo

Tenho vivido diariamente, pensado muito, interagido com pessoas, experimentado novidades. Qual a razão de, no meio disso tudo, eu não estar querendo escrever uma linha sequer, seja no blog, seja como "arte"? Sempre prezei muito a minha habilidade de compor literaturas, mas já há algum tempo que não consigo parar na frente de um espaço em branco no computador e digitar. Terei que voltar a escrever manualmente, como se a arte dependesse de uma interação artesanal? Ou será que, da mesma forma que não consigo mais ler, creio que escrever é um ato solitário? Estar sozinho não é algo que eu busco, pelo contrário.

Conversando com um amigo por esses dias, me dei conta de que a única coisa que me faria ir embora de Goiânia prematuramente seria a solidão. Posso lidar com quase qualquer coisa nessa brincadeira de me tornar mestre em Cultura Visual, mas não sei se conseguiria bater de frente com uma viagem solitária, sem amigos. Durante meus quatro primeiros meses tive o auxílio virtual dos amigos que sempre me acompanharam aqui em Porto Alegre, e com o tempo fui obrigado a aprender a me tornar uma pessoa social. "Ser anti-social socialmente", como li num twitter por aí.

Ontem fui cobrado por não puxar assunto no MSN, me configurando como alguém desinteressado. Ok, a pessoa que me disse isso redescobriu a América, já que eu realmente não tinha interesse em manter contato com ele, mas precisava mesmo passar uma hora e meia me chateando no MSN por conta disso? Quero dizer, eu me diverti, foi mais uma evidência da eterna imbecilidade humana. Não que isso me divirta, pensando bem. Seria mais feliz se, ao invés de um julgamento e ataque, houvesse uma interação mais humana, mais harmoniosa. O caos e a desarmonia são importantes, sim, mas somente quando eles podem produzir algo novo, alguma mudança. Caos por caos, sem produção, é inútil. Talvez esteja aí a diferença entre destruir e desconstruir.

Continuo meditando sobre a diferença política entre defender uma marcação de identidade sexual (ser gay) ou trabalhar com a noção de não se definir. Por um lado, firma-se a distinção e, com isso, a necessidade de encarar essa existência. Por outro, instaura-se a dúvida, o questionamento acerca do que existe e do que poderia existir no lugar. Qual é mais eficaz num processo educativo, mais adequado em que espaço de batalha?
A pulseira de arco-íris que uso no pulso, por exemplo, não é para mim uma defesa de orientação sexual (que, aliás, sigo dizendo que atualmente é leste), mas sim um símbolo de amizade, já que foi um dos meus melhores amigos quem me presenteou com ela. O significado dela vem da nossa experiência juntos. Coincidentemente, ela diz gay e é uma identidade com a qual eu posso me conectar, embora eu não me veja semelhante a nenhum estereótipo de homossexualidade que eu consiga lembrar.


Por enquanto é isso. Preciso vir aqui "desabafar" mais vezes, talvez assim eu consiga voltar a pegar a prática da escrita.

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