terça-feira, julho 27, 2010

O que é o amor?

Todas as manhãs desde que cheguei de viagem sou acordado com minha mãe abrindo a porta e me trazendo um prato com algo para morder, uma fruta, um pote de iogurte e uma xícara de chá. Um café da manhã gostoso e prontinho, sem nenhuma desculpa para que eu não me alimente adequadamente. Ela faz isso absolutamente todos os dias, sem exceção.

Alguns anos atrás, quando me levava para o colégio e já morava com a gente, meu padrasto sempre se adiantava na cozinha, enquanto eu tomava banho, e fazia uma batida e torrada. A fruta que acompanhava o leite algumas vezes variava, e quando isso acontecia eu era questionado se gostava ou não. Caso não fosse da minha preferência, a batida era feita com frutas mais tradicionais. Acontecia também todas as manhãs.

Um certo dia eu estava irritado com meu ex-namorado, ambos deitados na mesma cama de solteiro aqui em casa. Levantei, de manhã, e fui para a cozinha fazer um café da manhã. Para os dois. Trouxe na cama, um pão e algo para beber, acho que suco (hei, não esperem de mim muita elaboração no início do dia). Esse exemplo não acontecia todos os dias, até porque as oportunidades de passar manhãs com ele não eram muito frequentes, mas o contexto serve aos meus propósitos.

O que é o amor?
Que coisa é essa que faz com que minha mãe acorde cedo e faça o café da manhã de um garoto a quem esse substantivo não serve mais? Por que razão sentimos saudade de quem está longe, especialmente quando é alguém que nos tocou de alguma forma? O que explica isso?

Estive a pouco discursando imaginariamente para os favoritos.
Esse não é um termo que eu queira continuar usando, embora tê-lo me aqueça um pouco, considerando que nunca tive grupos muito bem estabelecidos de relações de amizade. Já tive o Grupo do Tales, de RPG, mas o que nos unia não era exatamente os laços de sinceridade e confiança, mas sim os dadinhos em cima da mesa e as fichas de papel. Nos tempos de escola eu vivia arisco demais para aproveitar as pessoas e tudo que elas me ofereciam, então também não tinha nenhum ajuntamento de pessoas.
Chamo os três (e agora muito bem posso considerá-los quatro) desta forma não apenas por serem as pessoas com as quais tenho mais contato físico hoje em dia, quando estou na cidade, mas também por serem as criaturas com as quais falo de absolutamente qualquer assunto sem ter muito pudor. Comentei sobre as especificidades das doenças que eu tinha quando cheguei de Goiânia, falo sobre o que faço ou deixo de fazer no sexo, discuto opiniões que podem machucar outras pessoas. Isso tudo somado ao gostar, gostar muito.

Pois então, como eu escrevia, estive imaginando um discurso aos favoritos. Algo sobre o quanto eles são importantes pra mim e justificam meu retorno a Porto Alegre, o enfrentamento desse climinha chato e os dias afastados da vida nova. É importante marcar que estou muito feliz com minhas experiências no Centro-Oeste, e que voltar a Porto Alegre tem um duplo papel: por um lado, mata a saudade, mas por outro parece um certo retrocesso. São eles, porém, que fazem valer a pena o investimento de tempo que estou operando aqui. São eles que me ensinaram, cada um do seu jeito, o que é gostar (por que não dizer amar?) uma pessoa com a qual não temos nenhuma obrigação. São meus amigos, me ouvem, conversam comigo, se preocupam e eu também me preocupo.

Cada um a seu jeito, somos diferentes. Distintos do todo. Porém, também cada um a seu jeito, somos parecidos uns com os outros. Temos nossas cores, navegamos num mar de cinzas. Talvez seja isso que nos una, talvez seja por isso que juntos demos tão certo. Ou daremos. Enfim, segue sendo minha missão reunir as pessoas, tocar algumas vidas e mudá-las para sempre =)

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